Participação social e percepção ambiental na governança de unidades de conservação: um estudo de caso no Parque Estadual Cunhambebe, RJ

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Coelho Junior, Marcondes Geraldo
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRRJ
Texto Completo: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/11233
Resumo: As áreas protegidas (AP) são instrumentos legais que permitem desenvolver funções estratégicas para a conservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos, além de contribuírem para que metas ambientais globais sejam alcançadas. O objetivo desse estudo foi explorar a governança do Parque Estadual Cunhambebe (PEC), a partir das percepções dos atores sociais envolvidos com a gestão e os residentes do entorno. A pesquisa foi conduzida a partir de abordagem multidisciplinar, fazendo-se uso de questionários, entrevistas, análise de conteúdo e sensoriamento remoto. Avaliou-se a percepção sobre a efetividade de gestão por meio do método RAPPAM adaptado, aplicando-se 72 indicadores aos stakeholders. As pressões e ameaças identificadas foram relacionadas às mudanças no uso e cobertura da terra entre os anos de 1998 e 2018, pela classificação supervisionada. Investigou-se ainda a relação do PEC com comunidades locais, entrevistando 75 moradores, para entender a relação entre indicadores sociais e a percepção dos moradores sobre o PEC e sua gestão. Também foi avaliada a percepção sobre serviços ecossistêmicos do PEC e de sua zona de amortecimento. A efetividade de gestão do PEC foi classificada como moderadamente satisfatória (63,41%). A classificação supervisionada, viabilizou, em níveis satisfatórios, a espacialização da dinâmica de uso e cobertura da terra de áreas correspondentes ao PEC e a ZA. A análise dos mapas indicou que a pressão e a ameaça de maior criticidade é o avanço de áreas de pastagem e não a ocupação irregular, como considerado na percepção dos stakeholders. Em relação aos moradores, os resultados sugerem uma participação social enfraquecida, em que a maioria dos moradores nunca foi convidada para estar presente em reunião com a gestão do PEC. Somou-se a essa condição, a insatisfação em relação a gestão por parte da maioria dos participantes. Para alguns indicadores sociais, as percepções variaram significativamente, como para a escolaridade, gênero e tipo de profissão. O uso da história oral para relatar sobre o passado da área permitiu melhor entendimento a respeito da origem dos conflitos e, por isso, argumenta-se que a gestão do PEC deve priorizar na sua agenda de ações, a comunicação com os moradores. Os serviços ecossistêmicos culturais foram apontados em mais de 80,0% pelos entrevistados, sendo três inéditos: "Corpo, mente e espírito"; "Valores ecológicos"; "Valores de incentivo econômico". Para superar os trade-offs entre a conservação da biodiversidade e os conflitos socioambientais observados, são necessárias quatro medidas políticas e de gestão: 1) oportunizar assistência técnica para melhoria do manejo da terra; 2) fortalecer iniciativas de educação ambiental em todos os níveis para superar o distanciamento da população; 3) incluir diretrizes em menção ao parque nos Planos Diretores dos municípios que abrangem seus limites, para integração sustentável entre desenvolvimento urbano e o parque e 4) focar na inclusão da abordagem dos serviços ecossistêmicos culturais em projetos e em pautas de soluções de conflitos socioambientais.
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O objetivo desse estudo foi explorar a governança do Parque Estadual Cunhambebe (PEC), a partir das percepções dos atores sociais envolvidos com a gestão e os residentes do entorno. A pesquisa foi conduzida a partir de abordagem multidisciplinar, fazendo-se uso de questionários, entrevistas, análise de conteúdo e sensoriamento remoto. Avaliou-se a percepção sobre a efetividade de gestão por meio do método RAPPAM adaptado, aplicando-se 72 indicadores aos stakeholders. As pressões e ameaças identificadas foram relacionadas às mudanças no uso e cobertura da terra entre os anos de 1998 e 2018, pela classificação supervisionada. Investigou-se ainda a relação do PEC com comunidades locais, entrevistando 75 moradores, para entender a relação entre indicadores sociais e a percepção dos moradores sobre o PEC e sua gestão. Também foi avaliada a percepção sobre serviços ecossistêmicos do PEC e de sua zona de amortecimento. A efetividade de gestão do PEC foi classificada como moderadamente satisfatória (63,41%). A classificação supervisionada, viabilizou, em níveis satisfatórios, a espacialização da dinâmica de uso e cobertura da terra de áreas correspondentes ao PEC e a ZA. A análise dos mapas indicou que a pressão e a ameaça de maior criticidade é o avanço de áreas de pastagem e não a ocupação irregular, como considerado na percepção dos stakeholders. Em relação aos moradores, os resultados sugerem uma participação social enfraquecida, em que a maioria dos moradores nunca foi convidada para estar presente em reunião com a gestão do PEC. Somou-se a essa condição, a insatisfação em relação a gestão por parte da maioria dos participantes. Para alguns indicadores sociais, as percepções variaram significativamente, como para a escolaridade, gênero e tipo de profissão. O uso da história oral para relatar sobre o passado da área permitiu melhor entendimento a respeito da origem dos conflitos e, por isso, argumenta-se que a gestão do PEC deve priorizar na sua agenda de ações, a comunicação com os moradores. Os serviços ecossistêmicos culturais foram apontados em mais de 80,0% pelos entrevistados, sendo três inéditos: "Corpo, mente e espírito"; "Valores ecológicos"; "Valores de incentivo econômico". Para superar os trade-offs entre a conservação da biodiversidade e os conflitos socioambientais observados, são necessárias quatro medidas políticas e de gestão: 1) oportunizar assistência técnica para melhoria do manejo da terra; 2) fortalecer iniciativas de educação ambiental em todos os níveis para superar o distanciamento da população; 3) incluir diretrizes em menção ao parque nos Planos Diretores dos municípios que abrangem seus limites, para integração sustentável entre desenvolvimento urbano e o parque e 4) focar na inclusão da abordagem dos serviços ecossistêmicos culturais em projetos e em pautas de soluções de conflitos socioambientais.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorProtected areas (PA) are legal instruments that allow the development of strategic functions for the biodiversity conservation and ecosystem services, and contribute to achieving global environmental goals. This study aimed to explore the governance of the Cunhambebe State Park (PEC), based on the perceptions of the social actors involved with the management and surrounding area residents. The multidisciplinary research was conducted, making use of questionnaire, interviews, content analysis and remote sensing. The effectiveness perception of management was evaluated through the adapted RAPPAM method, applying 72 indicators to stakeholders. The pressures and risks identified were related to changes in land use and land cover between 1998 and 2018 by supervised classification. We investigated the relationship between the PEC and local communities, interviewing 75 residents, to understand the relationship between social indicators and perception about the PEC and its management. The perception about ecosystem services of the PEC and its buffer zone was also evaluated. The management effectiveness of PEC was classified as moderately satisfactory (63.41%). The supervised classification allowed that the spatialization dynamics of land use and land cover of PEC and ZA areas were satisfactorily achieved. The maps analysis indicated that the pressure and the threat of greater criticality is the advance of grazing areas and not the irregular occupation, as considered by stakeholders’ perception. In relation to residents, the results suggest a weakened social participation, in which the majority of residents were never invited to be present in a meeting with the PEC management. Added to this condition was the dissatisfaction with the management by the majority of participants. For some social indicators, perceptions varied significantly, such as for schooling, gender and type of profession. The use of oral history to report the past area allowed a better understanding about the origin of conflicts and, therefore, it is argued that the management of the PEC must prioritize communication with residents in the plan of actions. The cultural ecosystem services were mentioned in more than 80.0% by the interviewees, three of which were unpublished ("Body, mind and spirit", "Ecological values" and "Economic incentive values"). In order to overcome the trade-offs between biodiversity conservation and the socio-environmental conflicts observed, four policy and management measures are necessary: 1) to provide technical assistance to improve land management; 2) strengthen environmental education initiatives at all levels to overcome population distancing; 3) to include guidelines in the mention of the park in the City Plans of municipalities that cover its limits, for sustainable integration by the park and urban development and, 4) to focus on the inclusion of the ecosystem services approach in projects and socioenvironmental conflict resolution guidelines.application/pdfporUniversidade Federal Rural do Rio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e FlorestaisUFRRJBrasilInstituto de FlorestasGovernança ambientalMudança de uso da terraServiços ecossistêmicosEnvironmental governanceLand-use changeEcosystem servicesRecursos Florestais e Engenharia FlorestalParticipação social e percepção ambiental na governança de unidades de conservação: um estudo de caso no Parque Estadual Cunhambebe, RJSocial participation and environmental perception in the governance of conservation units: a case study in Cunhambebe State Park, RJinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisABHO. 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description As áreas protegidas (AP) são instrumentos legais que permitem desenvolver funções estratégicas para a conservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos, além de contribuírem para que metas ambientais globais sejam alcançadas. O objetivo desse estudo foi explorar a governança do Parque Estadual Cunhambebe (PEC), a partir das percepções dos atores sociais envolvidos com a gestão e os residentes do entorno. A pesquisa foi conduzida a partir de abordagem multidisciplinar, fazendo-se uso de questionários, entrevistas, análise de conteúdo e sensoriamento remoto. Avaliou-se a percepção sobre a efetividade de gestão por meio do método RAPPAM adaptado, aplicando-se 72 indicadores aos stakeholders. As pressões e ameaças identificadas foram relacionadas às mudanças no uso e cobertura da terra entre os anos de 1998 e 2018, pela classificação supervisionada. Investigou-se ainda a relação do PEC com comunidades locais, entrevistando 75 moradores, para entender a relação entre indicadores sociais e a percepção dos moradores sobre o PEC e sua gestão. Também foi avaliada a percepção sobre serviços ecossistêmicos do PEC e de sua zona de amortecimento. A efetividade de gestão do PEC foi classificada como moderadamente satisfatória (63,41%). A classificação supervisionada, viabilizou, em níveis satisfatórios, a espacialização da dinâmica de uso e cobertura da terra de áreas correspondentes ao PEC e a ZA. A análise dos mapas indicou que a pressão e a ameaça de maior criticidade é o avanço de áreas de pastagem e não a ocupação irregular, como considerado na percepção dos stakeholders. Em relação aos moradores, os resultados sugerem uma participação social enfraquecida, em que a maioria dos moradores nunca foi convidada para estar presente em reunião com a gestão do PEC. Somou-se a essa condição, a insatisfação em relação a gestão por parte da maioria dos participantes. Para alguns indicadores sociais, as percepções variaram significativamente, como para a escolaridade, gênero e tipo de profissão. O uso da história oral para relatar sobre o passado da área permitiu melhor entendimento a respeito da origem dos conflitos e, por isso, argumenta-se que a gestão do PEC deve priorizar na sua agenda de ações, a comunicação com os moradores. Os serviços ecossistêmicos culturais foram apontados em mais de 80,0% pelos entrevistados, sendo três inéditos: "Corpo, mente e espírito"; "Valores ecológicos"; "Valores de incentivo econômico". Para superar os trade-offs entre a conservação da biodiversidade e os conflitos socioambientais observados, são necessárias quatro medidas políticas e de gestão: 1) oportunizar assistência técnica para melhoria do manejo da terra; 2) fortalecer iniciativas de educação ambiental em todos os níveis para superar o distanciamento da população; 3) incluir diretrizes em menção ao parque nos Planos Diretores dos municípios que abrangem seus limites, para integração sustentável entre desenvolvimento urbano e o parque e 4) focar na inclusão da abordagem dos serviços ecossistêmicos culturais em projetos e em pautas de soluções de conflitos socioambientais.
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