Baudelaire e a simbólica do mal

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Horta Nassif Veras, Eduardo
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Journal of Lean Systems
Texto Completo: https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/peri/article/view/921
Resumo: Resumo O conceito agostiniano de pecado original foi uma das principais armas usadas por Charles Baudelaire contra os filósofos do século XVIII. Em seus textos críticos, o poeta francês deixa transparecer que sua adesão ao dogma cristão funciona como um elemento de crítica ao pensamento iluminista, representado, especialmente, pelas teorias do bom selvagem e do progresso contínuo da humanidade. Ocupando um lugar central na cosmovisão de Baudelaire, o conceito de pecado original permanece, contudo, enclausurado no campo da especulação filosófica, isto é, nos limites dos “símbolos racionais”, tornando extremamente problemática sua aplicação direta à leitura de obras literárias como Les Fleurs du mal (1857) e Le Spleen de Paris (1869).  Sob o risco de reduzir o discurso poético àquele da filosofia, é preciso, portanto, retroceder na escala simbólica traçada por Paul Ricœur em “La Symbolique du mal” (1960) a fim de compreender a relação da poesia baudelairiana com o problema do Mal. Para o filósofo francês, é bom lembrar, por detrás da especulação, no nível pré-filosófico, sob a gnose e os construtos antignósticos, encontram-se os mitos. Dessa forma, é possível afirmar que a experiência viva (expérience vive) do Mal se manifesta de maneira muito mais contundente na dimensão simbólica do mito da Queda do que no conceito de pecado original, associado por Ricœur, em “La Symbolique du mal interprétée” (1969), a uma espécie de falso conhecimento (faux savoir). Com base na hermenêutica dos símbolos secundários do mito, desenvolvida e colocada em prática por Paul Ricœur em sua análise do mito de Adão, este artigo pretende refletir acerca da passagem da discussão filosófica para a experiência poética do Mal no âmbito da obra de Baudelaire.   Palavras-chave: Poesia. Mito. Símbolo. Modernidade. Hermenêutica. Abstract The Augustinian concept of original sin was one of the main weapons used by Charles Baudelaire against the philosophers of the eighteenth century. In his critical texts, the French poet suggests that his adherence to the Christian dogma works as a critical element to the Enlightenment thought, represented especially by the theories of the noble savage and the continuous progress of mankind. The concept of original sin occupies a central position in Baudelaire’s worldview; however, it remains confined in the field of philosophical speculation, that is, within the limits of ";rational symbols";, making it extremely problematic to apply directly to the reading of literary works such as Les Fleurs du mal (1857) and Le Spleen de Paris (1869). At the risk of reducing the poetic discourse to that one of philosophy, it is therefore necessary to go back to the symbolic scale created by Paul Ricoeur in ";La Symbolique du mal"; (1960) in order to understand the relationship of the Baudelairean poetry with the problem of Evil. For the French philosopher, it is good to remember, myths are found behind the speculation, at the pre-philosophical level, under the gnosis and the anti-gnostic constructs. In that way, it is possible to state that the living experience (expérience vive) of the Evil manifests itself in a much more forceful manner in the symbolic dimension of the myth of the Fall than in the concept of original sin, associated by Ricoeur in ";La Symbolique du mal interprétée"; (1969) to a sort of false knowledge (faux savoir). Based on the hermeneutics of the secondary symbols of myth, developed and put into practice by Paul Ricoeur in his analysis of the myth of Adam, this paper intends to reflect on the transition from philosophical discussion to poetic experience of Evil in the scope of Baudelaire’s work. Keywords: Poetry. Myth. Symbol. Modernity. Hermeneutic.  
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