Procedimentalismo puro na teoria da justiça de John Rawls: algumas considerações críticas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Pablo Camarço de
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Journal of Lean Systems
Texto Completo: https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/peri/article/view/999
Resumo: Rawls declarou, em sua teoria da “justiça como equidade”, o objetivo de apresentar uma proposta de justiça declarada como procedimentalmente pura, assim entendida a proposta de justiça que não apresenta um critério prévio que defina o conteúdo da justiça. Nesta proposta, o resultado justo decorre apenas de o próprio procedimento – uma deliberação entre sujeitos hipotéticos preocupados em eleger princípios de justiça – ser seguido tal como delimitado. Há regras e restrições presentes na própria situação hipotética de discussão, que objetivam apenas assegurar as condições equitativas do próprio procedimento, mas sem impor um resultado prévio. Deste modo, no procedimentalismo puro, há a intenção de não impor, previamente, critérios e elementos substantivos que sejam decisivos, senão determinantes, do resultado final da deliberação sobre a justiça. Com isso, ele quis se afastar da postura veiculada em teorias de justiça procedimentalmente perfeitas, que impõem, previamente, uma noção prévia de justiça, que já interfere, decisivamente, no próprio resultado final do procedimento, vinculando, de antemão, o próprio conteúdo dos princípios de justiça, seja impondo alguns princípios específicos, seja eliminando previamente, de maneira arbitrária, outros princípios. Tanto em Uma teoria da justiça (1971) quanto em O liberalismo político (1993), Rawls admitiu a pretensão de veicular uma proposta de procedimentalismo puro em vez de uma proposta de procedimentalismo perfeito. Tal opção se justifica pela preocupação rawlsiana com a autonomia dos indivíduos envolvidos e com a imparcialidade na consideração das diversas concepções de bens admissíveis aos indivíduos, dado o fato do pluralismo. As duas obras são distintas entre si, de maneira que o procedimentalismo presente em cada uma delas pode ser considerado também distinto. Muitas críticas foram dirigidas às duas obras, havendo controvérsias sobre o sucesso (ou insucesso) da proposta rawlsiana, com repercussão na questão do procedimentalismo em cada uma delas. Há, de um lado, críticas que não aceitam a viabilidade de uma proposta de justiça procedimental pura, sustentando a total impossibilidade do cumprimento das pretensões subjacentes ao procedimentalismo puro rawlsiano. De outro lado, há críticas que, examinando a metodologia e os elementos internos de construção dos princípios de justiça rawlsianos, apontam uma controvérsia quanto ao êxito (ou fracasso) da viabilidade de realização do pretenso objetivo de se aproximar do procedimentalismo puro e de se afastar do procedimentalismo perfeito. Assim, com o exame dos argumentos rawlsianos e dos argumentos dos comentadores e críticos pode-se chegar a uma conclusão sobre a (in)viabilidade ou (im)possibilidade, tanto em Uma teoria da justiça quanto em O liberalismo político, de se cumprirem as pretensões de um procedimentalismo pretensamente puro. 
id UFSC-21_d51949aa333a7bd7833967ccbc8db518
oai_identifier_str oai:ojs.sites.ufsc.br:article/999
network_acronym_str UFSC-21
network_name_str Journal of Lean Systems
repository_id_str
spelling Procedimentalismo puro na teoria da justiça de John Rawls: algumas considerações críticasJustiçaCríticasProcedimentalismo puroViabilidadeJohn Rawls.Rawls declarou, em sua teoria da “justiça como equidade”, o objetivo de apresentar uma proposta de justiça declarada como procedimentalmente pura, assim entendida a proposta de justiça que não apresenta um critério prévio que defina o conteúdo da justiça. Nesta proposta, o resultado justo decorre apenas de o próprio procedimento – uma deliberação entre sujeitos hipotéticos preocupados em eleger princípios de justiça – ser seguido tal como delimitado. Há regras e restrições presentes na própria situação hipotética de discussão, que objetivam apenas assegurar as condições equitativas do próprio procedimento, mas sem impor um resultado prévio. Deste modo, no procedimentalismo puro, há a intenção de não impor, previamente, critérios e elementos substantivos que sejam decisivos, senão determinantes, do resultado final da deliberação sobre a justiça. Com isso, ele quis se afastar da postura veiculada em teorias de justiça procedimentalmente perfeitas, que impõem, previamente, uma noção prévia de justiça, que já interfere, decisivamente, no próprio resultado final do procedimento, vinculando, de antemão, o próprio conteúdo dos princípios de justiça, seja impondo alguns princípios específicos, seja eliminando previamente, de maneira arbitrária, outros princípios. Tanto em Uma teoria da justiça (1971) quanto em O liberalismo político (1993), Rawls admitiu a pretensão de veicular uma proposta de procedimentalismo puro em vez de uma proposta de procedimentalismo perfeito. Tal opção se justifica pela preocupação rawlsiana com a autonomia dos indivíduos envolvidos e com a imparcialidade na consideração das diversas concepções de bens admissíveis aos indivíduos, dado o fato do pluralismo. As duas obras são distintas entre si, de maneira que o procedimentalismo presente em cada uma delas pode ser considerado também distinto. Muitas críticas foram dirigidas às duas obras, havendo controvérsias sobre o sucesso (ou insucesso) da proposta rawlsiana, com repercussão na questão do procedimentalismo em cada uma delas. Há, de um lado, críticas que não aceitam a viabilidade de uma proposta de justiça procedimental pura, sustentando a total impossibilidade do cumprimento das pretensões subjacentes ao procedimentalismo puro rawlsiano. De outro lado, há críticas que, examinando a metodologia e os elementos internos de construção dos princípios de justiça rawlsianos, apontam uma controvérsia quanto ao êxito (ou fracasso) da viabilidade de realização do pretenso objetivo de se aproximar do procedimentalismo puro e de se afastar do procedimentalismo perfeito. Assim, com o exame dos argumentos rawlsianos e dos argumentos dos comentadores e críticos pode-se chegar a uma conclusão sobre a (in)viabilidade ou (im)possibilidade, tanto em Uma teoria da justiça quanto em O liberalismo político, de se cumprirem as pretensões de um procedimentalismo pretensamente puro. Universidade Federal de Santa Catarina2015-12-14info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionArtigo avaliado pelos Paresapplication/pdfhttps://ojs.sites.ufsc.br/index.php/peri/article/view/999PERI; v. 7 n. 2; p. 166-1872175-1811reponame:Journal of Lean Systemsinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCporhttps://ojs.sites.ufsc.br/index.php/peri/article/view/999/559Copyright (c) 2015 Pablo Camarço de Oliveirainfo:eu-repo/semantics/openAccessOliveira, Pablo Camarço de2016-07-15T12:15:23Zoai:ojs.sites.ufsc.br:article/999Revistahttps://nexos.ufsc.br/index.php/leanPUBhttps://ojs.sites.ufsc.br/index.php/peri/oai||g.tortorella@ufsc.br2448-02662448-0266opendoar:2016-07-15T12:15:23Journal of Lean Systems - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
dc.title.none.fl_str_mv Procedimentalismo puro na teoria da justiça de John Rawls: algumas considerações críticas
title Procedimentalismo puro na teoria da justiça de John Rawls: algumas considerações críticas
spellingShingle Procedimentalismo puro na teoria da justiça de John Rawls: algumas considerações críticas
Oliveira, Pablo Camarço de
Justiça
Críticas
Procedimentalismo puro
Viabilidade
John Rawls.
title_short Procedimentalismo puro na teoria da justiça de John Rawls: algumas considerações críticas
title_full Procedimentalismo puro na teoria da justiça de John Rawls: algumas considerações críticas
title_fullStr Procedimentalismo puro na teoria da justiça de John Rawls: algumas considerações críticas
title_full_unstemmed Procedimentalismo puro na teoria da justiça de John Rawls: algumas considerações críticas
title_sort Procedimentalismo puro na teoria da justiça de John Rawls: algumas considerações críticas
author Oliveira, Pablo Camarço de
author_facet Oliveira, Pablo Camarço de
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Oliveira, Pablo Camarço de
dc.subject.por.fl_str_mv Justiça
Críticas
Procedimentalismo puro
Viabilidade
John Rawls.
topic Justiça
Críticas
Procedimentalismo puro
Viabilidade
John Rawls.
description Rawls declarou, em sua teoria da “justiça como equidade”, o objetivo de apresentar uma proposta de justiça declarada como procedimentalmente pura, assim entendida a proposta de justiça que não apresenta um critério prévio que defina o conteúdo da justiça. Nesta proposta, o resultado justo decorre apenas de o próprio procedimento – uma deliberação entre sujeitos hipotéticos preocupados em eleger princípios de justiça – ser seguido tal como delimitado. Há regras e restrições presentes na própria situação hipotética de discussão, que objetivam apenas assegurar as condições equitativas do próprio procedimento, mas sem impor um resultado prévio. Deste modo, no procedimentalismo puro, há a intenção de não impor, previamente, critérios e elementos substantivos que sejam decisivos, senão determinantes, do resultado final da deliberação sobre a justiça. Com isso, ele quis se afastar da postura veiculada em teorias de justiça procedimentalmente perfeitas, que impõem, previamente, uma noção prévia de justiça, que já interfere, decisivamente, no próprio resultado final do procedimento, vinculando, de antemão, o próprio conteúdo dos princípios de justiça, seja impondo alguns princípios específicos, seja eliminando previamente, de maneira arbitrária, outros princípios. Tanto em Uma teoria da justiça (1971) quanto em O liberalismo político (1993), Rawls admitiu a pretensão de veicular uma proposta de procedimentalismo puro em vez de uma proposta de procedimentalismo perfeito. Tal opção se justifica pela preocupação rawlsiana com a autonomia dos indivíduos envolvidos e com a imparcialidade na consideração das diversas concepções de bens admissíveis aos indivíduos, dado o fato do pluralismo. As duas obras são distintas entre si, de maneira que o procedimentalismo presente em cada uma delas pode ser considerado também distinto. Muitas críticas foram dirigidas às duas obras, havendo controvérsias sobre o sucesso (ou insucesso) da proposta rawlsiana, com repercussão na questão do procedimentalismo em cada uma delas. Há, de um lado, críticas que não aceitam a viabilidade de uma proposta de justiça procedimental pura, sustentando a total impossibilidade do cumprimento das pretensões subjacentes ao procedimentalismo puro rawlsiano. De outro lado, há críticas que, examinando a metodologia e os elementos internos de construção dos princípios de justiça rawlsianos, apontam uma controvérsia quanto ao êxito (ou fracasso) da viabilidade de realização do pretenso objetivo de se aproximar do procedimentalismo puro e de se afastar do procedimentalismo perfeito. Assim, com o exame dos argumentos rawlsianos e dos argumentos dos comentadores e críticos pode-se chegar a uma conclusão sobre a (in)viabilidade ou (im)possibilidade, tanto em Uma teoria da justiça quanto em O liberalismo político, de se cumprirem as pretensões de um procedimentalismo pretensamente puro. 
publishDate 2015
dc.date.none.fl_str_mv 2015-12-14
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
Artigo avaliado pelos Pares
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/peri/article/view/999
url https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/peri/article/view/999
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/peri/article/view/999/559
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2015 Pablo Camarço de Oliveira
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2015 Pablo Camarço de Oliveira
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Santa Catarina
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Santa Catarina
dc.source.none.fl_str_mv PERI; v. 7 n. 2; p. 166-187
2175-1811
reponame:Journal of Lean Systems
instname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
instacron:UFSC
instname_str Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
instacron_str UFSC
institution UFSC
reponame_str Journal of Lean Systems
collection Journal of Lean Systems
repository.name.fl_str_mv Journal of Lean Systems - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
repository.mail.fl_str_mv ||g.tortorella@ufsc.br
_version_ 1798329380911448064