Apresentação - Terapia Ocupacional Social: encontros, debates e desafios
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2012 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional |
Texto Completo: | https://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/542 |
Resumo: | Foi com satisfação que recebemos o convite para produzir esta apresentação, sobretudo por se tratar de um material que resulta das atividades em que estivemos direta e intensamente envolvidas: a realização do II Simpósio Internacional de Terapia Ocupacional Social (II SITOS), que integrou a programação do XII Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional e do IX Congresso Latino-americano de Terapia Ocupacional, que se deram na cidade de São Paulo, em outubro de 2011. A realização do II SITOS dependeu do trabalho e do envolvimento de colegas do Projeto METUIA, do Núcleo da Universidade de São Paulo - USP (Profa. Dra. Denise Dias Barros, Profa. Dra. Marta Carvalho de Almeida e das terapeutas ocupacionais Debora Galvani, Carla Regina Soares e Waldir Pierote), do Núcleo da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar (Profa. Dra. Roseli Esquerdo Lopes, Profa. Dra. Ana Paula Serrata Malfitano e Profa. Dra. Carla Regina Silva) e do Núcleo da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP (Profa. Ms. Patrícia Leme de Oliveira Borba), além da colaboração da Profa. Dra. Sandra Maria Galheigo da USP e a da Profa. Dra. Samira Lima Costa da UNFESP. Esse segundo Simpósio deu continuidade aos esforços do Projeto METUIA, iniciados com a primeira edição do evento, ocorrido em Goiânia, em 2007, de se estabelecer um foro de discussão com relação às contribuições técnicas e políticas da Terapia Ocupacional para o desenvolvimento social, focalizando suas discussões no âmbito de sua atuação na assistência social, na educação e no desenvolvimento socioambiental, socioeconômico e cultural. O aprofundamento dessa diretriz guiou a organização da edição de 2011.Assim, em um dia intenso de atividades, a abertura dos trabalhos se deu com a apresentação das professoras Roseli Esquerdo Lopes e Denise Dias Barros, trazendo a proposta do evento e de desenvolvimento das atividades do II SITOS, bem como uma breve contextualização histórica, teórica e política, acerca da Terapia Ocupacional Social e de seus desdobramentos, no que concerne aos desafios atuais de sua institucionalização nas políticas sociais.A mesa-redonda "Diálogos sobre o desenvolvimento da Terapia Ocupacional implicada com as questões sociais no Brasil e no Mundo", que visava aprofundar os diálogos internacionais e favorecer o intercâmbio na produção do conhecimento da terapia ocupacional em contextos sociais, foi coordenada pela Profa. Sandra Maria Galheigo e contou com as contribuições dos professores e pesquisadores Maria Isabel Garcez Ghirardi (USP), Ana Claudia Marques (Association pour le Développement, l’Enseignement et la Recherche en Ergothérapie, ADERE – França) e Simó Salvador i Algado (Departament de Benestar i Participació Ciutadana de la Facultat de Ciències de la Salut i el Benestar, Universidade de Vic – Espanha). A palestra da docente e pesquisadora Maria Isabel Garcez Ghirardi, que compõe este dossiê, se deteve sobre a reflexão de elementos que podem contribuir para delinear tecnologias sociais voltadas ao fortalecimento de relações democráticas em ações de assistência social implicadas com o campo do trabalho e da produção econômica.A presença do colega Salvador Simó i Algado enriqueceu o intercâmbio na produção do conhecimento da terapia ocupacional em contextos sociais. Com base em suas experiências profissionais e de pesquisa, desenvolveu reflexões sobre o que denomina "la construcción de la ocupación significativa", defendendo a responsabilidade social e ressaltando a necessidade de estudos sobre a dignidade da cidadania, a criação de comunidades inclusivas, de universidade a serviço da humanidade, tanto na práxis educativa como na "arte de alianças estratégicas e sinergias". Do mesmo modo, a presença de Ana Claudia Marques, docente da ADERE com atividade de ensino de graduação em terapia ocupacional social, pesquisadora da área de sociologia em Paris e responsável pelo serviço de Estudos e Estatísticas do Departamento de Informação Médica do Hospital Ville Evrard, um serviço psiquiátrico público deNeuilly sur Marne, na França. Sua contribuição se deteve na análise da construção da legitimidade nas ações cotidianas das atuações dos profissionais no campo social. Tais ações são, segundo sua reflexão, constantemente postas em questão, de acordo com o contexto e a situação de intervenção. Ainda, enfatizou a importância da compreensão da micropolítica das relações entre usuários e profissionais, evidenciando a necessidade de se discutir os elementos que entram em jogo nas decisões das equipes, sobretudo, quando atuam em situações de crise e de conflito agudo. Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP e à Pró-Reitoria de Graduação da Universidade de São Paulo, que viabilizaram a presença desses colegas vindos da Espanha e da França, respectivamente.No período da tarde, com base na visita aos pôsteres acadêmicos expostos no evento, retomou-se o debate, agora centrado nas "Experiências de Terapia Ocupacional no Campo Social", coordenado pelas professoras Patrícia Leme de Oliveira Borba e Carla Regina Silva. A segunda mesa-redonda "Terapia Ocupacional Social em Serviços, Projetos e Programas com foco na Política Nacional da Assistência Social", sob coordenação da Profa. Dra. Andrea Fedeger (Universidade Federal do Paraná - UFPR), trouxe as exposições sobre a temática da professora Marta Carvalho de Almeida das terapeutas ocupacionais Tarcymeire da Costa Santana (Ceará) e Alessandra Marques (Goiás), e da professora Samira Lima da Costa (UNIFESP). A sessão de encerramento do II SITOS foi feita pela professora Ana Paula Serrata Malfitano, que apresentou uma síntese dos trabalhos realizados e, igualmente, dos desafios para a ação profissional, para a formação e para a pesquisa no campo.Foram muitas as discussões do evento e uma parte significativa delas compõe este Dossiê.De modo geral, discutimos a presença de terapeutas ocupacionais em serviços e na gestão em diferentes regiões do Brasil, com destaque para o trabalho no Ceará, em Goiás e no Paraná. O debate tornou visível a responsabilidade sociopolítica dos terapeutas ocupacionais diante da inclusão da terapia ocupacional no campo e na política brasileira de assistência social, em 2010-2011. Esse novo desafio aberto exige a articulação com diferentes áreas do conhecimento e a produção de novas ações práticas e reflexões teóricas, que fundamentem nossas linhas de atuação. Há, hoje, a necessidade de formação de profissionais capacitados para a construção/consolidação da Assistência Social como política pública brasileira.No âmbito Latino-americano, destacamos as discussões sobre as experiências comunitárias na Bolívia, além do trabalho em situações de catástrofes e acidentes naturais, trazidos porterapeutas ocupacionais do Chile. A importância de que sejam desenvolvidos estudos, intervenções e formação profissional desde a graduação foi ressaltada, tomando-se como marco a contribuição de terapeutas ocupacionais no episódio da erupção do Chaitén, no Chile, em maio de 2008, seguida da destruição da maior parte da cidade. As complexas manifestações dos diferentes traumas exprimem-se na vida cotidiana a curto, médio e longo prazos, sendo, portanto, situações em que a ação da terapia ocupacional é, também, fundamental.O II Simpósio Internacional de Terapia Ocupacional Social foi, portanto, inspiração e fonte para os Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar nos reunir novamente, criando outra oportunidade para ampliação dos debates em torno do nosso campo e dos nossos horizontes. Aqui, expressamos a vontade e o trabalho com relação a deixar impressa a palavra oral e a desenhar noutra linguagem alguns dos caminhos, dos trânsitos da terapia ocupacional entre as artes, as culturas, as sociedades e as pessoas. Melhor, talvez, fosse ainda dizer entre o social, o cultural e o ecossocial.Cada vez mais ocorre inovar e invocar a perspectiva da longa-duração para alcançar o patamar de um saber maduro, do saber+político e ético ou técnico+ético+político. Sejam quais forem os desenvolvimentos que vierem a se desenhar, alguns pressupostos são fundamentais e precisam ser compartilhados, de outra feita, novas questões se apresentarão, demandando soluções que inquirirão, também, os terapeutas ocupacionais. Somos sujeitos locais face à complexidade que nosso tempo nos coloca.Dessa forma, é essencial a criação e a divulgação num movimentocontinuum da promoção de espaços para o debate acadêmico de âmbito nacional e internacional, viabilizando o aprofundamento de problemas relativos às práticas profissionais, à definição dos temas relevantes para a pesquisa e para o ensino na área e de estratégias para o acompanhamento e monitoramento da atuação dos terapeutas ocupacionais nos serviços e projetos socioculturais, socioassistenciais e educacionais. Diante do exposto, compreendemos a dimensão da tarefa coletiva: são muitas e complexas as ações que precisamos empreender cotidianamente na condição de terapeutas ocupacionais implicados com a constituição desse novo/velho campo: o social. Em nossa apreciação, a viabilização da divulgação do II Simpósio Internacional de Terapia Ocupacional Social, por meio do Dossiê "Terapia Ocupacional Social", é parte do resultado desse conjunto de ações que, de forma coletiva e solidária, temos assumido. É andar na contramão da esteira da produção acadêmica que valoriza o individual e a competição; contudo, ao nos posicionarmos com clareza pela construção de uma sociedade menos injusta, precisamos caminhar nessa direção e, como a luta é grande, faz-se necessário caminhar com pessoas, portanto, marchar! Convidamos você, leitor e leitora, a iniciarem (alguns) ou a continuarem (outros) essa marcha... |
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O aprofundamento dessa diretriz guiou a organização da edição de 2011.Assim, em um dia intenso de atividades, a abertura dos trabalhos se deu com a apresentação das professoras Roseli Esquerdo Lopes e Denise Dias Barros, trazendo a proposta do evento e de desenvolvimento das atividades do II SITOS, bem como uma breve contextualização histórica, teórica e política, acerca da Terapia Ocupacional Social e de seus desdobramentos, no que concerne aos desafios atuais de sua institucionalização nas políticas sociais.A mesa-redonda "Diálogos sobre o desenvolvimento da Terapia Ocupacional implicada com as questões sociais no Brasil e no Mundo", que visava aprofundar os diálogos internacionais e favorecer o intercâmbio na produção do conhecimento da terapia ocupacional em contextos sociais, foi coordenada pela Profa. 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Tais ações são, segundo sua reflexão, constantemente postas em questão, de acordo com o contexto e a situação de intervenção. Ainda, enfatizou a importância da compreensão da micropolítica das relações entre usuários e profissionais, evidenciando a necessidade de se discutir os elementos que entram em jogo nas decisões das equipes, sobretudo, quando atuam em situações de crise e de conflito agudo. Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP e à Pró-Reitoria de Graduação da Universidade de São Paulo, que viabilizaram a presença desses colegas vindos da Espanha e da França, respectivamente.No período da tarde, com base na visita aos pôsteres acadêmicos expostos no evento, retomou-se o debate, agora centrado nas "Experiências de Terapia Ocupacional no Campo Social", coordenado pelas professoras Patrícia Leme de Oliveira Borba e Carla Regina Silva. A segunda mesa-redonda "Terapia Ocupacional Social em Serviços, Projetos e Programas com foco na Política Nacional da Assistência Social", sob coordenação da Profa. Dra. Andrea Fedeger (Universidade Federal do Paraná - UFPR), trouxe as exposições sobre a temática da professora Marta Carvalho de Almeida das terapeutas ocupacionais Tarcymeire da Costa Santana (Ceará) e Alessandra Marques (Goiás), e da professora Samira Lima da Costa (UNIFESP). A sessão de encerramento do II SITOS foi feita pela professora Ana Paula Serrata Malfitano, que apresentou uma síntese dos trabalhos realizados e, igualmente, dos desafios para a ação profissional, para a formação e para a pesquisa no campo.Foram muitas as discussões do evento e uma parte significativa delas compõe este Dossiê.De modo geral, discutimos a presença de terapeutas ocupacionais em serviços e na gestão em diferentes regiões do Brasil, com destaque para o trabalho no Ceará, em Goiás e no Paraná. O debate tornou visível a responsabilidade sociopolítica dos terapeutas ocupacionais diante da inclusão da terapia ocupacional no campo e na política brasileira de assistência social, em 2010-2011. Esse novo desafio aberto exige a articulação com diferentes áreas do conhecimento e a produção de novas ações práticas e reflexões teóricas, que fundamentem nossas linhas de atuação. Há, hoje, a necessidade de formação de profissionais capacitados para a construção/consolidação da Assistência Social como política pública brasileira.No âmbito Latino-americano, destacamos as discussões sobre as experiências comunitárias na Bolívia, além do trabalho em situações de catástrofes e acidentes naturais, trazidos porterapeutas ocupacionais do Chile. A importância de que sejam desenvolvidos estudos, intervenções e formação profissional desde a graduação foi ressaltada, tomando-se como marco a contribuição de terapeutas ocupacionais no episódio da erupção do Chaitén, no Chile, em maio de 2008, seguida da destruição da maior parte da cidade. As complexas manifestações dos diferentes traumas exprimem-se na vida cotidiana a curto, médio e longo prazos, sendo, portanto, situações em que a ação da terapia ocupacional é, também, fundamental.O II Simpósio Internacional de Terapia Ocupacional Social foi, portanto, inspiração e fonte para os Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar nos reunir novamente, criando outra oportunidade para ampliação dos debates em torno do nosso campo e dos nossos horizontes. Aqui, expressamos a vontade e o trabalho com relação a deixar impressa a palavra oral e a desenhar noutra linguagem alguns dos caminhos, dos trânsitos da terapia ocupacional entre as artes, as culturas, as sociedades e as pessoas. Melhor, talvez, fosse ainda dizer entre o social, o cultural e o ecossocial.Cada vez mais ocorre inovar e invocar a perspectiva da longa-duração para alcançar o patamar de um saber maduro, do saber+político e ético ou técnico+ético+político. Sejam quais forem os desenvolvimentos que vierem a se desenhar, alguns pressupostos são fundamentais e precisam ser compartilhados, de outra feita, novas questões se apresentarão, demandando soluções que inquirirão, também, os terapeutas ocupacionais. Somos sujeitos locais face à complexidade que nosso tempo nos coloca.Dessa forma, é essencial a criação e a divulgação num movimentocontinuum da promoção de espaços para o debate acadêmico de âmbito nacional e internacional, viabilizando o aprofundamento de problemas relativos às práticas profissionais, à definição dos temas relevantes para a pesquisa e para o ensino na área e de estratégias para o acompanhamento e monitoramento da atuação dos terapeutas ocupacionais nos serviços e projetos socioculturais, socioassistenciais e educacionais. Diante do exposto, compreendemos a dimensão da tarefa coletiva: são muitas e complexas as ações que precisamos empreender cotidianamente na condição de terapeutas ocupacionais implicados com a constituição desse novo/velho campo: o social. Em nossa apreciação, a viabilização da divulgação do II Simpósio Internacional de Terapia Ocupacional Social, por meio do Dossiê "Terapia Ocupacional Social", é parte do resultado desse conjunto de ações que, de forma coletiva e solidária, temos assumido. É andar na contramão da esteira da produção acadêmica que valoriza o individual e a competição; contudo, ao nos posicionarmos com clareza pela construção de uma sociedade menos injusta, precisamos caminhar nessa direção e, como a luta é grande, faz-se necessário caminhar com pessoas, portanto, marchar! 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O aprofundamento dessa diretriz guiou a organização da edição de 2011.Assim, em um dia intenso de atividades, a abertura dos trabalhos se deu com a apresentação das professoras Roseli Esquerdo Lopes e Denise Dias Barros, trazendo a proposta do evento e de desenvolvimento das atividades do II SITOS, bem como uma breve contextualização histórica, teórica e política, acerca da Terapia Ocupacional Social e de seus desdobramentos, no que concerne aos desafios atuais de sua institucionalização nas políticas sociais.A mesa-redonda "Diálogos sobre o desenvolvimento da Terapia Ocupacional implicada com as questões sociais no Brasil e no Mundo", que visava aprofundar os diálogos internacionais e favorecer o intercâmbio na produção do conhecimento da terapia ocupacional em contextos sociais, foi coordenada pela Profa. Sandra Maria Galheigo e contou com as contribuições dos professores e pesquisadores Maria Isabel Garcez Ghirardi (USP), Ana Claudia Marques (Association pour le Développement, l’Enseignement et la Recherche en Ergothérapie, ADERE – França) e Simó Salvador i Algado (Departament de Benestar i Participació Ciutadana de la Facultat de Ciències de la Salut i el Benestar, Universidade de Vic – Espanha). A palestra da docente e pesquisadora Maria Isabel Garcez Ghirardi, que compõe este dossiê, se deteve sobre a reflexão de elementos que podem contribuir para delinear tecnologias sociais voltadas ao fortalecimento de relações democráticas em ações de assistência social implicadas com o campo do trabalho e da produção econômica.A presença do colega Salvador Simó i Algado enriqueceu o intercâmbio na produção do conhecimento da terapia ocupacional em contextos sociais. Com base em suas experiências profissionais e de pesquisa, desenvolveu reflexões sobre o que denomina "la construcción de la ocupación significativa", defendendo a responsabilidade social e ressaltando a necessidade de estudos sobre a dignidade da cidadania, a criação de comunidades inclusivas, de universidade a serviço da humanidade, tanto na práxis educativa como na "arte de alianças estratégicas e sinergias". Do mesmo modo, a presença de Ana Claudia Marques, docente da ADERE com atividade de ensino de graduação em terapia ocupacional social, pesquisadora da área de sociologia em Paris e responsável pelo serviço de Estudos e Estatísticas do Departamento de Informação Médica do Hospital Ville Evrard, um serviço psiquiátrico público deNeuilly sur Marne, na França. Sua contribuição se deteve na análise da construção da legitimidade nas ações cotidianas das atuações dos profissionais no campo social. Tais ações são, segundo sua reflexão, constantemente postas em questão, de acordo com o contexto e a situação de intervenção. Ainda, enfatizou a importância da compreensão da micropolítica das relações entre usuários e profissionais, evidenciando a necessidade de se discutir os elementos que entram em jogo nas decisões das equipes, sobretudo, quando atuam em situações de crise e de conflito agudo. Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP e à Pró-Reitoria de Graduação da Universidade de São Paulo, que viabilizaram a presença desses colegas vindos da Espanha e da França, respectivamente.No período da tarde, com base na visita aos pôsteres acadêmicos expostos no evento, retomou-se o debate, agora centrado nas "Experiências de Terapia Ocupacional no Campo Social", coordenado pelas professoras Patrícia Leme de Oliveira Borba e Carla Regina Silva. A segunda mesa-redonda "Terapia Ocupacional Social em Serviços, Projetos e Programas com foco na Política Nacional da Assistência Social", sob coordenação da Profa. Dra. Andrea Fedeger (Universidade Federal do Paraná - UFPR), trouxe as exposições sobre a temática da professora Marta Carvalho de Almeida das terapeutas ocupacionais Tarcymeire da Costa Santana (Ceará) e Alessandra Marques (Goiás), e da professora Samira Lima da Costa (UNIFESP). A sessão de encerramento do II SITOS foi feita pela professora Ana Paula Serrata Malfitano, que apresentou uma síntese dos trabalhos realizados e, igualmente, dos desafios para a ação profissional, para a formação e para a pesquisa no campo.Foram muitas as discussões do evento e uma parte significativa delas compõe este Dossiê.De modo geral, discutimos a presença de terapeutas ocupacionais em serviços e na gestão em diferentes regiões do Brasil, com destaque para o trabalho no Ceará, em Goiás e no Paraná. O debate tornou visível a responsabilidade sociopolítica dos terapeutas ocupacionais diante da inclusão da terapia ocupacional no campo e na política brasileira de assistência social, em 2010-2011. Esse novo desafio aberto exige a articulação com diferentes áreas do conhecimento e a produção de novas ações práticas e reflexões teóricas, que fundamentem nossas linhas de atuação. Há, hoje, a necessidade de formação de profissionais capacitados para a construção/consolidação da Assistência Social como política pública brasileira.No âmbito Latino-americano, destacamos as discussões sobre as experiências comunitárias na Bolívia, além do trabalho em situações de catástrofes e acidentes naturais, trazidos porterapeutas ocupacionais do Chile. A importância de que sejam desenvolvidos estudos, intervenções e formação profissional desde a graduação foi ressaltada, tomando-se como marco a contribuição de terapeutas ocupacionais no episódio da erupção do Chaitén, no Chile, em maio de 2008, seguida da destruição da maior parte da cidade. As complexas manifestações dos diferentes traumas exprimem-se na vida cotidiana a curto, médio e longo prazos, sendo, portanto, situações em que a ação da terapia ocupacional é, também, fundamental.O II Simpósio Internacional de Terapia Ocupacional Social foi, portanto, inspiração e fonte para os Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar nos reunir novamente, criando outra oportunidade para ampliação dos debates em torno do nosso campo e dos nossos horizontes. Aqui, expressamos a vontade e o trabalho com relação a deixar impressa a palavra oral e a desenhar noutra linguagem alguns dos caminhos, dos trânsitos da terapia ocupacional entre as artes, as culturas, as sociedades e as pessoas. Melhor, talvez, fosse ainda dizer entre o social, o cultural e o ecossocial.Cada vez mais ocorre inovar e invocar a perspectiva da longa-duração para alcançar o patamar de um saber maduro, do saber+político e ético ou técnico+ético+político. Sejam quais forem os desenvolvimentos que vierem a se desenhar, alguns pressupostos são fundamentais e precisam ser compartilhados, de outra feita, novas questões se apresentarão, demandando soluções que inquirirão, também, os terapeutas ocupacionais. Somos sujeitos locais face à complexidade que nosso tempo nos coloca.Dessa forma, é essencial a criação e a divulgação num movimentocontinuum da promoção de espaços para o debate acadêmico de âmbito nacional e internacional, viabilizando o aprofundamento de problemas relativos às práticas profissionais, à definição dos temas relevantes para a pesquisa e para o ensino na área e de estratégias para o acompanhamento e monitoramento da atuação dos terapeutas ocupacionais nos serviços e projetos socioculturais, socioassistenciais e educacionais. Diante do exposto, compreendemos a dimensão da tarefa coletiva: são muitas e complexas as ações que precisamos empreender cotidianamente na condição de terapeutas ocupacionais implicados com a constituição desse novo/velho campo: o social. Em nossa apreciação, a viabilização da divulgação do II Simpósio Internacional de Terapia Ocupacional Social, por meio do Dossiê "Terapia Ocupacional Social", é parte do resultado desse conjunto de ações que, de forma coletiva e solidária, temos assumido. É andar na contramão da esteira da produção acadêmica que valoriza o individual e a competição; contudo, ao nos posicionarmos com clareza pela construção de uma sociedade menos injusta, precisamos caminhar nessa direção e, como a luta é grande, faz-se necessário caminhar com pessoas, portanto, marchar! Convidamos você, leitor e leitora, a iniciarem (alguns) ou a continuarem (outros) essa marcha... |
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Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional - Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR-DTO) |
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