Ave-Maria cheia de filmes: Transtemporalidade do Sagrado (e do) Feminino através da presença de Maria no filme ?Io sono con te? (2010)
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFSC |
Texto Completo: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/216726 |
Resumo: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2020. |
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Ave-Maria cheia de filmes: Transtemporalidade do Sagrado (e do) Feminino através da presença de Maria no filme ?Io sono con te? (2010)Cinema italianoFeminismo e arteCinema italianoFeminismoTese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2020.Esta tese objetiva, através da produção italiana ?Io sono con te? (2010), identificar a presença de experiências temporais sobre o sagrado e o feminino, por intermédio da personagem de Maria. Esse filme, dirigido por Guido Chiesa, foi idealizado, escrito e roteirizado por sua esposa Nicoletta Micheli. Ele narra sobre a história de vida de Maria, seu relacionamento com José e a forma como criou e educou Jesus, ao mostrar as fases da infância e adolescência dele. Em um primeiro momento, ?Io sono con te? evoca, por meio das imagens de Maria, uma Ancestralidade do Sagrado Feminino, no qual presentifica antigas divindades femininas (Ártemis, Hécate, Ísis, entre outras) e seus atributos, ligadas às cenas de parto, da amamentação e do leite materno. Para isso, desenvolvemos o conceito de Ancestralidade, para pensar como a presença deste antigo Sagrado Feminino sobrevive, mesmo com as ressignificações próprios da época em que emerge, em produção sociais e objetos culturais, como nossa fonte. Em um segundo momento, é possível observar que as imagens fílmicas de Maria provocam uma ruptura em relação à tradição dos evangelhos e dos discursos clericais medievais que, ao longo dos séculos, se tornará hegemônico. Tais discursos atribuíam as mulheres, através de Maria, os atributos de silêncio, recato, submissão ao marido, boa esposa e responsável pelos cuidados do lar e dos filhos. Porém, no filme, Maria é apresentada como desobediente, pois não se submete as imposições masculinas, gozando, por vezes, de liberdade e autonomia diante do ethos patriarcal referente à tradição judaica. Essas imagens fílmicas de Maria estão na esteira dos movimentos de contestações do século XX, sobretudo, dos projetos de feminilidades dos movimentos feministas. Dessa forma, esse filme atua, ao mesmo tempo, como um vórtice transtemporal, ao articular o momento de sua produção (século XXI), referente ao tempo presente (microcosmo), sua historicidade de longuíssima duração com suas conexões e transformações (macrocosmo) e os vínculos entre uma História Global e Singular. Históricas e transtemporais, as imagens de Maria evocadas no filme não pertencem a uma época determinada, mas tornam-se legíveis em determinados contextos históricos. Tais imagens entram em sincronia com o presente, apresentando um tempo repleto de irrupções, experiências, expectativas, anacronismos e não linearidades. Apresenta uma multiplicidade de linhas temporais, por meio das experiências temporais do sagrado e do feminino, incluídas em um mesmo tempo (presente), e sua condição do agir histórico, ou melhor, de sua historicidade. É diante das relações do imaginário social como tradutor histórico e cultural da Ancestralidade, ressignificando-a conforme os contornos espaciais e temporais em que está inserida; suas interfaces com os conceitos de produção de presença e materialidade das comunicações de Gumbrecht, em sintonia com a experiência temporal de Koselleck sobre espaço de experiência e horizonte de expectativas; das contribuições sobre imagem e tempo de Warburg, Benjamin e Didi-Huberman articulados com nossa fonte fílmica e objeto de estudo, que está pesquisa está assentada, teórica e metodologicamenteAbstract: This thesis aims, through the Italian production ?Io sono con te? (2010), to identify the presence of temporal experiences about the sacred and the feminine, through the character of Maria. This film, directed by Guido Chiesa, was conceived, written and scripted by his wife Nicoletta Micheli. He tells about Mary's life story, her relationship with Joseph and the way she raised and educated Jesus, showing the phases of his childhood and adolescence. At first, ?Io sono con te? evokes, through the images of Mary, an Ancestrality of the Sacred Feminine, in which it presents ancient female deities (Artemis, Hecate, Isis, among others) and their attributes, linked to the scenes of childbirth, breastfeeding and breast milk. For this, we developed the concept of Ancestrality, to think about how the presence of this ancient Sacred Feminine survives, even with the resignifications proper to the time in which it emerges, in social production and cultural objects, as our source. In a second step, it is possible to observe that the filmic images of Mary cause a rupture in relation to the tradition of the gospels and medieval clerical discourses that, over the centuries, will become hegemonic. Such speeches attributed to women, through Mary, the attributes of silence, modesty, submission to the husband, good wife and responsible for the care of the home and children. However, in the film, Maria is presented as disobedient, as she does not submit to male impositions, sometimes enjoying freedom and autonomy in the face of the patriarchal ethos regarding the Jewish tradition. These filmic images of Maria are in the wake of the twentieth century's protest movements, above all, of the feminist movements' femininity projects. Thus, this film acts, at the same time, as a transtemporal vortex, by articulating the moment of its production (21st century), referring to the present time (microcosm), its long-standing historicity with its connections and transformations (macrocosm) and the links between a Global and Singular History. Historical and transtemporal, the filmic images of Maria do not belong to a specific time, but become legible in certain historical contexts. Such images are in sync with the present, presenting a time full of outbursts, experiences, expectations, anachronisms and non-linearities. It presents a multiplicity of time lines, through the temporal experiences of the sacred and the feminine, included in the same time (present), and its condition of historical action, or rather, of its historicity. It is in the face of the relations of the social imaginary as historical and cultural translator of Ancestrality, giving it a new meaning according to the spatial and temporal contours in which it is inserted; its interfaces with the concepts of production of presence and materiality of Gumbrecht's communications, in line with Koselleck's temporal experience on space of experience and horizon of expectations; of the contributions on Warburg's image and time, Benjamin and Didi-Huberman articulated with our film source and object of study, which this research is based on, theoretically and methodologically.Silveira, Aline Dias daCampos, Daniela QueirozUniversidade Federal de Santa CatarinaBastos, Rodolpho Alexandre Santos Melo2020-10-21T21:33:25Z2020-10-21T21:33:25Z2020info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis324 p.| il.application/pdf369690https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/216726porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2020-10-21T21:33:25Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/216726Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732020-10-21T21:33:25Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false |
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