A invenção do passado em "Tu, sanguinosa infanzia"
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFSC |
Texto Completo: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/212834 |
Resumo: | Neste breve ensaio gostaria de pontuar algumas questões centrais presentes na obra de contos Tu, sanguinosa infanzia[3] [Você, infância sangrenta] do escritor, professor e filólogo italiano Michele Mari. A propósito de uma primeira questão, poderíamos resumi-la da seguinte maneira: a autobiografia na obra citada não é historicizada. O que entendemos com não historicizada? Ao contrário de um romance de formação, a opção de Mari por compor ou montar – para usar um termo mais recente às artes – Tu, sanguinosa infanzia, atende a uma exigência não cronológica. O autor milanês renuncia historicizar cronologicamente o próprio passado, no sentido de seguir um percurso a partir da infância, passando pela adolescência até chegar à fase adulta, como acontece nos romances de formação. Pelo contrário – e por isso que trago a noção de arquivo –, é como se, de fato, Mari abrisse um arquivo de memórias de sua infância e nele encontrasse pontos de emergência, pontos em que um gesto, uma imagem ou um objeto lhe fornecessem um dado para compreender aquela ferida ainda aberta. Lembremos ainda que a palavra “arquivo”, etimologicamente, deriva de “arké”, que significa, para os gregos, “origem”, mas não uma origem necessariamente determinada, e sim, uma origem sempre ausente, uma vez que escapa quando tentamos apreendê-la, apresentando-se como momentos de irrupção de um certo passado esquecido no presente, muito semelhante à perspectiva da prática arqueológica. |
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