Novos tipos de estado e regimes na África negra no pós-colonialismo: uma visão humanista
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1990 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFSC |
Texto Completo: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/106316 |
Resumo: | Tese (Doutorado) Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciencias Juridicas, 1990 |
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Novos tipos de estado e regimes na África negra no pós-colonialismo: uma visão humanistaDescolonizaçãoAfricaMovimentos sociaisAfricaClasses sociaisAfricaTese (Doutorado) Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciencias Juridicas, 1990Ninguém mais põe em dúvida que a descolonização da África Negra veio trazer um outro significado para o mundo de hoje, pela grande quantidade de Estados independentes, pelas vicissitudes porque têm passado e, também, por sua contribuição para a história do mundo. Séculos de passividade, de lutas intestinas, de opressão e de silêncio, com o surgimento desses Estados, sofreram uma mudança radical e o silêncio foi substituído por uma incessante gritaria, que vinha de todos os quadrantes da África. Eles queriam, que boas ações de seus líderes e governantes, fazer-se ouvir. E o continente foi então chamado de muitas maneiras diferentes, de África imatura, de África jovem, de África cruel, a difícil África Negra e nem se sabe de quantas maneiras mais. Só não foi chamada de África, de Nova África, que precisava de quem a conhecesse e a compreendesse, também, da melhor maneira possível . Ela buscava desesperadamente um caminho, um caminho seu, que se ajustasse ao modo de ser de sua gente, de suas muitas nações, de seus povos e muitíssimas línguas. A África Negra e sua compreensão é um trabalho muito árduo, de paciência, tolerância, impactos e desenganos também. É uma matéria complexa como podem ser as mais complexas, requer uma visão sobretudo humanística e, como tal, acreditamos que deva ser feita com os olhos voltados para a idio-sincrasia dos africanos, ou suas idiossincrasias. Torna-se, às vezes, difícil a tolerância quando se nos deparam exemplos chocantes de brutalidade e violência, de antinomias gritantes, de teimosias que levam a destruição de velhas instituições e de experimentos por vezes perigosos, em substituição a modelos que pareciam estáveis e bem adaptados. Mas em nenhuma parte do mundo a polícia tem sido tão vibrantemente dinâmica do que na África. A polícia formal, exterior, para os olhos dos que estão fora. Em contrapartida, sobreexistem velhas instituições que parecem estacionadas no tempo e, contudo, convivem com o presente. E essa convivência nos ensina a tolerância para com a própria África dos jornais, das manchetes, dos noticiários e dessa tolerância, uma compreensão muito mais vasta, muito mais ampla: não é possível olharmos a África Negra apenas com olhos científicos. Resultaria um trabalho profundamente antipático e duro. É preciso olhá-la com humanismo. Foi a nossa proposta básica na tese "Novos Estados em África", que antecedeu a esta outra, tese acadêmica de Doutorado , "Novos tipos de Estados e regimes na África Negra no Pós-colonialismo - Uma visão humanística", apresentada agora. Um tanto "à vol d'oiseau" passamos revista pelo continente, a sua geografia e geologia, a sua etnologia, as línguas ali faladas, os muitos povos que a habitam e os muitos Estados que se criaram, sobre os escombros e cinzas de velhos impérios e reinos, muitos deles encobertos pela lenda, pasto fértil do mito. O mito pervagava a maioria dos Estados do passado africano. Já não havia deles a não ser restos quando os europeus chegaram e retalharam a terra africana, gananciosamente, ambiciosamente, impiedosamente. Depois, estudamos os movimentos de libertação, os grandes movimentos políticos que sacudiram - e encheram de sangue - a África. Vimos seus líderes, homens cultos, de muito mais sólido presente preparo universitário que a maioria dos governantes latino-americanos, força é dizê-lo, mas ao mesmo tempo homens duros, sempre prontos à vingança pessoal, à perseguição, ao autoritarismo mais exagerado. Passamos em revista, da maneira mais imparcial, a significação que eles tiveram no refazimento de uma Nova África, e não esquecemos as suas indecisões que, muita vez, mergulharam em conflitos os novos Estados. Essa parte e a seguinte, sustentaram teoricamente a nossa tese de que existe um Estado Africano emerso da multidão de tipos diferentes de Estados e regimes e que esse Estado pode ser chamado, sem qualquer erro, de Estado Africano, isto é, um tipo de Estado, genérico, forte, diferente, que só vamos encontrar em África, ou, mais precisamente, na África Negra. O estudo de casos, com o capítulo que o antecede, serve, pois, de sustentação teórica da tese. Os exemplos foram escolhidos, segundo a metodologia científica, aleatoriamente dentre uma colcha de retalhos que é o mapa político do continente. Curiosamente, os Estados de expressão portuguesa não foram contemplados e coincidem com aqueles cujos experimentos institucionais e modelos constitucionais são mais inexpressivos, falha quiçá da colonização portuguesa ou de ser a região a menos fértil em modelos institucionais. Não há demérito nisso, apenas mostra, uma vez mais, a diversidade que é a África. Aparentemente volumosa, a tese, porém, é um resumo, um primeiro capítulo de um estudo, que pode ser feito ainda mais pacientemente, das instituições políticas africanas e não serão de estranhar se, dentro de um ou dois anos, novos modelos se juntem a esses estudados e novas conclusões possam ser apresentadas. Não há uma conclusão definitiva - o que é definitivo em Política e na vida das Nações e Estados? - mas propostas acadêmicas, fruto de uma dedicação de muitos anos à África Negra. Mas recorremos às conclusões sentimentais que abundam nos autores nacionais que tratam da matéria, como uma vinculação brasileira à África Negra, até onde vão as nossas influências e até onde chegam as influências deles em nossa terra. As teses do passado, que se ligavam umbilicalmente à hereditariedade e raça, estão, faz longo tempo, ultrapassadas. A visão, hoje, prende-se mais a uma Kulturkampf, apesar de seu nome antipático, a um problema sociológico. Talvez alguns passos da tese possam parecer duros e até muito críticos. Se-lo-ão, mas jamais irônicos ou injustos. É a visão humanística de compreender a África, vendo-a como ela é criticando o que deve ser criticado e sendo duro quando necessário. Nunca intolerante. Sempre tentando explicá-la, que é isso a "Kritik Kantiana". O homem está sempre presente nesta tese. O homo-africanus e, como ele, a sua weltanschauung, o que tentamos explicar na tese.Abreu, AlcidesUniversidade Federal de Santa CatarinaGuimarães, Newton Sabba2013-12-05T20:06:03Z2013-12-05T20:06:03Z1990info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisxxxiv, 494f.| il., mapas., retrsapplication/pdf78923https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/106316porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2016-01-10T02:04:58Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/106316Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732016-01-10T02:04:58Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false |
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