As formas de tratamento em cartas pessoais escritas na grande Florianópolis entre 1880 e 1940

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gouveia, Helena Alves
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/214845
Resumo: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Lingüística, Florianópolis, 2019.
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spelling Universidade Federal de Santa CatarinaGouveia, Helena AlvesCoelho, Izete Lehmkuhl2020-10-21T21:10:23Z2020-10-21T21:10:23Z2019368227https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/214845Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Lingüística, Florianópolis, 2019.O objeto de estudo desta dissertação envolve a descrição das formas de tratamento nominais e pronominais em cartas pessoais escritas por florianopolitanos entre 1880 e 1940. No período em questão, a forma você estava sendo implementada em muitas regiões do Brasil, como no Rio de Janeiro (cf. RUMEU, 2008; LOPES, MARCOTULIO, 2008; LOPES, 2011). Contudo, enquanto em alguns estados já ocorria um uso variável entre as formas tu e você no final do século XIX, dados provenientes de cartas de florianopolitanos mostram um uso categórico da forma conservadora tu nesse período, conforme atestam resultados de pesquisas anteriores, como as de Nunes de Souza (2015) e Nunes de Souza e Coelho (2015). Diante desse quadro, o objetivo principal da pesquisa é o de identificar, em cartas pessoais de missivistas com distintos perfis, quais eram as estratégias de tratamento (nominais e pronominais) utilizadas tanto nas relações de intimidade e proximidade quanto nas relações mais formais e distantes. A questão que norteia esta pesquisa é: no período investigado, quais eram as formas de tratamento ligadas às estratégias de intimidade, de respeito e de distanciamento preferidas por missivistas florianopolitanos? Nossa hipótese principal é a de que, enquanto o você na escrita de florianopolitanos se restringe a determinadas situações e o tu se reserva a contextos de maior intimidade, as formas nominais e o sujeito zero ocorrem como estratégia de tratamento em relações mais distantes e formais. Para responder à questão de pesquisa e verificar essa hipótese, 130 cartas produzidas por diversos missivistas florianopolitanos ou nascidos no litoral catarinense são analisadas, a partir dos pressupostos teóricos da Teoria de Variação e Mudança (cf. WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968), das orientações gerais da Teoria do poder e solidariedade (BROWN; GILMAN, 1960) e das reflexões de Conde Silvestre (2007) sobre o uso de material histórico em pesquisa sociolinguística. Para essa investigação, controlamos os contextos que favorecem as formas relacionadas a tu e as formas relacionadas a você, com base em 10 variáveis, sendo cinco linguísticas e cinco extralinguísticas. Os dados analisados mostram predomínio geral de formas associadas a tu em relação a formas associadas a você; tu é o pronome sujeito mais frequente, utilizado preferencialmente pelos missivistas que escrevem a amigos ou familiares. Entre as formas de sujeito você, zero e nominais, a estratégia de tratamento mais frequente é a forma zero, por meio da qual o missivista não se compromete com nenhum pronome ou forma de tratamento, sendo utilizada principalmente entre missivistas que se conhecem, porém não possuem intimidade. As formas nominais foram a segunda estratégia de tratamento associada a você mais utilizada, ocorrendo em todos os períodos investigados e, principalmente, em cartas de missivistas menos íntimos. Já o pronome você foi a estratégia menos produtiva na posição de sujeito, aparecendo apenas dez vezes, seis em cartas escritas por escribas entre 1887 e 1895 e quatro em uma carta de 1931 trocada entre conhecidos. Todos esses usos foram realizados em situações muito específicas. De modo geral, podemos dizer que nas cartas catarinenses investigadas encontramos um sistema quaternário de tratamento (tu, você, forma nominal e zero), utilizado na escrita de missivistas de diferentes esferas sociais, que mantinham diferentes tipos de relações com seus interlocutores (de amizade, de familiar e de conhecido).Abstract: The object of study of this dissertation involves the description of nominal and pronominal forms of treatment in personal letters written by Florianopolitans between 1880 and 1940. In the period studied, the form você was being implemented in many regions of Brazil, as in Rio de Janeiro (RUMEU, 2008; LOPES, MARCOTULIO, 2008; LOPES, 2011). However, while in some states there was already a variable use between the forms tu and você in the end of nineteenth century, data from letters written by Florianopolitans show a categorical use of the conservative form tu in this period, according to the results of previous research, such as Nunes de Souza (2015) and Nunes de Souza and Coelho (2015). In this context, the main objective of the research is to identify, in personal letters of correspondents with different profiles, which were the strategies of treatment (nominal and pronominal) used both in the relations of intimacy and proximity and in the more formal and distant relations. The question that guides this research is: during the period investigated, which were the forms of treatment connected to the strategies of intimacy, respect and detachment preferred by Florianopolitan letter writers? Our main hypothesis is that, while você in the writing from Florianopolitans is restricted to certain situations and tu is reserved to contexts of greater intimacy, the nominal forms and the zero subject occur as treatment strategy in more distant and formal relationships. In order to answer the research question and verify this hypothesis, 130 letters produced by several Florianopolitan (or born in the Santa Catarina coast) letter writers are analyzed, based on the theoretical assumptions of Theory of Variation and Change (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968), on the general guidelines of the Theory of power and solidarity (BROWN; GILMAN, 1960), and on the reflections of Conde Silvestre (2007) about the use of historical material in sociolinguistic research. For this investigation, we controled the contexts that favor the forms related to tu and the forms related to the você, based on 10 variables, being five linguistic and five extralinguistic. The analyzed data show a general predominance of forms of the tu paradigm in relation to the forms of the você paradigm; tu is the most frequent subject pronoun, preferably used by the letter writers who write to friends or family. Among the forms of subject of the você paradigm, the most frequent treatment strategy is the zero form, whereby the letter writer does not commit himself to any pronoun or form of treatment. Such strategy is used mainly among letter writers who are known, although they have no intimacy. The nominal forms were the second treatment strategy most used of the você paradigm, occurring in all periods investigated and, mainly, in letters of less intimate correspondents. On the other hand, the pronoun você was the least productive strategy in the subject position, appearing only ten times, six in letters written by scribes between 1887 and 1895 and four in a letter from 1931 exchanged between acquaintances. All of these uses have been made in very specific situations. In general, we can say that in the letters of Santa Catarina investigated we found a quaternary system of treatment (tu, você, nominal form and zero), used in the writing of letter writers from different social spheres, that maintained different types of relations with their interlocutors (of friendship, familiar and as acquaintances).242 p.| il., gráfs., tabs.porLinguísticaFormas de tratamentoCartasSociolinguísticaAs formas de tratamento em cartas pessoais escritas na grande Florianópolis entre 1880 e 1940info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINALPLLG0780-D.pdfPLLG0780-D.pdfapplication/pdf4656091https://repositorio.ufsc.br/bitstream/123456789/214845/1/PLLG0780-D.pdf12e87b6311203cebc4066080d32379cfMD51123456789/2148452020-10-21 18:10:23.948oai:repositorio.ufsc.br:123456789/214845Repositório de PublicaçõesPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732020-10-21T21:10:23Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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