O inumano em Lyotard: rotas de fuga dos pressupostos antropomórficos e antropocêntricos
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFSC |
Texto Completo: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/198191 |
Resumo: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Florianópolis, 2018. |
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O inumano em Lyotard: rotas de fuga dos pressupostos antropomórficos e antropocêntricosFilosofiaOntologiaAntropomorfismoTese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Florianópolis, 2018.O projeto de tese de doutorado aqui exposto consiste numa abordagem específica das obras de Jean-François Lyotard em busca de ressaltar aquilo que venho a chamar de rotas de fuga do humanismo, ou ainda: rotas de fuga dos pressupostos filosóficos que se fiam a partir de preceitos antropomórficos e antropocêntricos. Essas rotas de fuga aparecem em obras diferentes e sugerem, por sua vez, vias de acesso também diferentes para um lugar comum: a condição do humano como acaso do inumano, e, mais ainda, a indiferença do inumano em relação ao humano, que se examina aqui como a falta de destinação do Ser (ao significado, ao pensamento, à consciência, etc.). A ideia de passividade, ou ainda, como chama o próprio autor, passibilidade, parece fundamental ao entendimento do inumano na medida em que este pode ser sempre compreendido como um indeterminado que é determinante, e que assume diferentes nomes na literatura de Lyotard. Para o autor, o acontecimento que elenca o humano, o espírito, a consciência, não passa de um acaso das determinações daquilo que ele chama, por exemplo, em Economia libidinal (1974), de desejo, mas que a partir da obra O diferendo (1983) passa a ser chamado hegemonicamente de matéria. Esta seria, sobretudo, imaterial, amoral, informe, indestinada. Inspirada no materialismo epicurista e na literatura de Diderot, a matéria de que fala Lyotard alcança, em O inumano (1987), a compreensão de um constante processo de complexificação e diferenciação, ocasionando a graça do humano como mera ocorrência cosmo local e aleatória de sua empreitada neguentrópica. Esta definição do inumano sugere uma ideia de passividade que atravessa as mais variadas e valiosas decisões humanas, sejam elas de origem ética, política, estética ou científica, interferindo tanto no nível dos sintomas individuais como no nível destas mesmas instituições. A ontologia apresentada, tanto na Economia libidinal como em O diferendo, consiste em uma evasão, ou ao menos em uma revisão, das noções tradicionais do Ser e do sujeito, cujo foco está, antes, no acontecimento. Entre esses dois textos cujo inumano está no nível ontológico, instituindo o acontecimento do humano como um paradoxo entre a indeterminação nativa ou infância do pensamento, de um lado, e o devir razão, de outro, alguns livros como A condição pós-moderna (1979) e O pós-moderno explicado às crianças (1988) ressaltam, ao modo de uma filosofia das ordens ou filosofia das razões a problemática da alteridade e multiplicidade de gêneros discursivos não hierárquicos entre si, irredutíveis uns aos outros, sem recorrer, contudo, a um conceito, mesmo que alusivo, de natureza. O desafio da filosofia estaria, nesse aspecto, na busca interminável da regra que gere seu próprio discurso, mas também no desvencilhar dos desafios particulares a cada jogo, mostrando os problemas que envolvem a dominação hegemônica de um sobre o outro.Abstract : The dissertation project presented here consists of a specific approach to the works of Jean-François Lyotard in order to highlight what I have come to call escape routes from humanism, or: escape routes from the philosophical presuppositions that rely on anthropomorphic and anthropocentric precepts. These escape routes appear in different works and suggest, in turn, different access routes to a common place: the condition of the human as chance of the inhuman, and even more, the \"indifference\" of the inhuman to the human, which is examined here as the non-destination of Being (meaning, thought, consciousness, etc.). The idea of passivity, or, as the author himself calls it, passibility, seems fundamental to the understanding of the inhuman insofar as it can always be understood as an indeterminate that is determinant, and which assumes different names in Lyotard's literature. For the author, the event that ellipses the human, the spirit, the consciousness, is nothing more than a chance of determinations of what he calls, for example, in Libidinal Economy (1974), of desire, but that from the work The Differend (1983) is now called hegemonic matter. This would be, above all, immaterial, amoral, informative, indescribable. Inspired by Epicurean materialism and Diderot's literature, Lyotard's subject reaches, in The Inhuman (1987), the understanding of a constant process of complexification and differentiation, bringing about the grace of the human as a mere local and random cosmic occurrence of his negative entropy enterprise. This definition of the inhuman suggests an idea of passivity that crosses the most varied and valuable human decisions, be they of ethical, political, aesthetic or scientific origin, interfering both in the level of individual symptoms and in the level of these same institutions. The ontology presented, both in the libidinal economy and in the dispute, consists of an avoidance, or at least a revision, of the traditional notions of Being and subject, whose focus is rather on the event. Between these two texts whose inhuman is at the ontological level, instituting the event of the human as a paradox between native indetermination or childhood of thought, on the one hand, and reason becoming, on the other, some books like The Postmodern Condition (1979 ) and Postmodernism explained to the children (1988) emphasize, in the manner of a \"philosophy of orders\" or \"philosophy of reasons\", the problematic of alterity and multiplicity of non-hierarchical discursive genres, irreducible to one another without recourse , however, to a concept, albeit allusive, of a nature. The challenge of philosophy would be, in this regard, in the endless pursuit of the rule that generates its own discourse, but also in unraveling the particular challenges of each game, by showing the problems involved in the hegemonic domination of one over the other.Müller, Marcos JoséUniversidade Federal de Santa CatarinaSchmitt, Mariana Ruiz Bertucci2019-07-25T11:34:56Z2019-07-25T11:34:56Z2018info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis256 p.| il.application/pdf357529https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/198191porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2019-07-25T11:34:56Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/198191Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732019-07-25T11:34:56Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false |
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