Uma metodologia para identificação do custo da capacidade ociosa no ensino de graduação das Universidades

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: REINERT, José Nilson
Data de Publicação: 2003
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/116333
Resumo: Muito se fala em produtividade nas organizações empresariais. O conceito de produtividade está relacionado com os valores (custos) dos insumos necessários à produção de um determinado volume de bens e/ou serviços, de um lado, e os valores (benefícios) que estes mesmos bens e/ou serviços conseguem agregar. Quanto menores os primeiros e maiores os segundos, ou seja, quanto menor a relação custo/benefício, maior será a produtividade. Quando nos reportamos às organizações públicas, no entanto, esta questão parece se transformar, de uma certa maneira, num tabu. Este fenômeno não deixa de ter sua razão de ser. O serviço público sempre foi tido como um espaço de compensação para a produtividade do setor privado, desde centenas de anos atrás, na medida em que este último expulsa trabalhadores, sempre que a produtividade do trabalho aumenta. Há autores que acreditam “que os grandes monumentos da antiguidade, como as pirâmides e o Templo de Karnak, no Egito, bem como o Templo de Jerusalém, possam ter sido construídos com projetos públicos de ajuda de trabalho”. (1) Em princípios de Economia política, Adam Smith reconhece que durante períodos de declínio na renda nacional “o governo deve sempre assistir a classe trabalhadora com a construção de rodovias e outros trabalhos públicos, que não deveriam competir com produtos já existentes no mercado”. (2) Keynes era um grande defensor da idéia de investimentos maciços em programas de trabalho público focados “em moradia, melhoria de rodovias e desenvolvimento de energia elétrica”. (3) Ainda hoje, o serviço público é tido como espaço compensatório do setor privado. Um bom exemplo vem do Japão. Segundo Broucker (4), nos últimos vinte anos, o governo “tem tido espaço de manobra para aumentar significativamente o dispêndio público quando necessita dar apoio à economia afligida”. Portanto, se a produtividade for levada ao setor público, que seria um último espaço de compensação pela produtividade do setor privado, que outro espaço compensatório poderia ser encontrado? Aparentemente, pelo menos, este outro espaço parece não existir. Daí, certamente, a explicação para que o termo produtividade, quando aplicado ao setor público, seja tratado como tabu. Quando o termo é aplicado a uma instituição de ensino superior do setor público, este tabu parece assumir dimensões ainda maiores, particularmente em se tratando de Universidade. Isso porque, nas organizações complexas, a relação entre custo e benefício é sempre muito mais difícil de ser estabelecida. Além disso, a qualidade do ensino e a da pesquisa sempre demandam volumes relativamente grandes de recursos e quando se fala em redução de custos, pensa-se em perda de qualidade, o que não necessariamente é sempre verdadeiro.
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