Interseccionalidade, discriminação e qualidade de vida na população adulta de Florianópolis ? SC

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Fernanda de
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/215174
Resumo: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Florianópolis, 2019.
id UFSC_cb7f3a1c212f3ff310ef9dde1214ae3a
oai_identifier_str oai:repositorio.ufsc.br:123456789/215174
network_acronym_str UFSC
network_name_str Repositório Institucional da UFSC
repository_id_str 2373
spelling Interseccionalidade, discriminação e qualidade de vida na população adulta de Florianópolis ? SCSaúde coletivaDiscriminaçãoQualidade de vidaDissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Florianópolis, 2019.Introdução: as desigualdades em saúde resultam da integração e incorporação cotidiana de experiências estruturadas por diversos aspectos relativos à posição social (KRIEGER, 2011). A discriminação constitui um fenômeno social, e importante determinante de saúde, que afeta as condições de saúde dos indivíduos e grupos (BASTOS et al., 2010). O estudo das desigualdades sociais não se esgota na associação entre um determinado tipo de discriminação e um desfecho em saúde, sendo necessário considerar outras características interseccionais que influenciam a vida e saúde das populações. Dessa forma, a interseccionalidade surge como uma perspectiva que propõem uma análise multiplicativa de diversas categorias de desigualdade e saúde (HANCOCK, 2007). Objetivo: O objetivo principal do estudo foi investigar como a interação entre marcadores de posição social e suas mediações pela discriminação percebida afetam a qualidade de vida em adultos da região sul do Brasil. Métodos: Trata-se de um estudo transversal realizado com dados da segunda onda (2012) do EpiFloripa Adulto. A variável de desfecho do estudo foi a qualidade de vida, mensurada através do instrumento WHOQOL-bref. Foram analisados quatro modelos de regressão linear múltipla para cada domínio do WHOQOL-Bref: os modelos incluíram raça/cor, gênero e escolaridade. O efeito da mediação pela discriminação foi analisado com o método KHB. Resultados: Dos 1.720 indivíduos entrevistados na linha de base do estudo EpiFloripa Adulto, 1.208 foram localizados na segunda onda, realizada em 2012. A maioria dos entrevistados foi do gênero feminino (57,3%), de raça/cor branca (89,5%) e com até 11 anos de estudo (55,4%). Observou-se uma relação inversa entre o escore de discriminação e as médias de qualidade de vida geral e nos domínios. Os status sociais dos entrevistados foram preditores significativos para sua qualidade de vida geral e qualidade de vida nos domínios do WOQHOL-Bref. Gênero e escolaridade operaram em conjunto e de forma significativa, mas não interseccionalmente, para explicar a variabilidade da qualidade de vida geral e qualidade de vida no domínio físico. A intersecção entre gênero e escolaridade esteve associada à redução das médias de qualidade de vida no domínio psicológico. Mulheres com escolaridade de 12 anos ou mais apresentaram uma média 2,89 pontos maior (p = 0,031) em comparação com homens que possuíam até 11 anos de escolaridade. Gênero e raça/cor foram preditores da qualidade de vida no domínio social, com prejuízo para o grupo interseccional de mulheres negras que apresentaram uma média 11,26 pontos menor (p < 0,001) de qualidade de vida, quando comparadas com homens brancos. Escolaridade e raça/cor foram preditores importantes da qualidade de vida relacionada ao meio ambiente. Não houve associação significativa das interações com a qualidade de vida no domínio. A análise de mediação demonstrou que 29,6% do efeito total da interseccção da escolaridade e gênero sobre o domínio psicológico e 88,92% do o efeito total da interação entre raça e gênero sobre o domínio social, foram mediados pela discriminação. Conclusão: Os resultados obtidos confirmam as hipóteses do estudo, apontando a importância e a contribuição da análise interseccional para a investigação das desigualdades nos processos de saúde-doença e qualidade de vida. A mediação por descriminação nos domínios social e psicológico demonstra que a discriminação representa a manifestação das opressões estruturais de gênero, raça/cor e escolaridade em um nível micro, estabelecendo uma conexão das estruturas sociais com a vida cotidiana das pessoas. Na perspectiva ecossocial de Krieger (2001), demonstra como as estruturas sociais são incorporadas a nível individual e produzem iniquidades em saúde.Abstract: Introduction: Health inequalities result from the daily integration and incorporation of experiences structured by various aspects related to social position (KRIEGER, 2011). Discrimination is a social phenomenon and an important health determinant that affects the health conditions of individuals and groups (BASTOS et al., 2010). The study of social inequalities is not limited to the association between a certain type of discrimination and an outcome in health, and it is necessary to consider other intersectional characteristics that influence the lives and health of populations. Thus, intersectionality emerges as a perspective that proposes a multiplicative analysis of several categories of inequality and health (HANCOCK, 2007). Objective: The main objective of the study was to investigate how the interaction between social position status and their mediations by perceived discrimination affect the quality of life of adults in southern Brazil. Methods: This is a cross-sectional study conducted with data from the second wave (2012) of EpiFloripa Adult. The outcome variable of the study was quality of life, measured by the WHOQOL-bref instrument. Four multiple linear regression models were analyzed for each WHOQOL-Bref domain: the models included race / color, gender and education. The effect of discrimination mediation was analyzed using the KHB method. Results: Of the 1.720 individuals interviewed at the baseline of the EpiFloripa Adult study, 1,208 were located in the second wave, conducted in 2012. Most respondents were female (57,3%), white (89,5 %) and with up to 11 years of schooling (55,4%). There was an inverse relationship between the discrimination score and the average quality of life and in the domains. The social status of respondents were significant predictors of their overall quality of life and quality of life in the WOQHOL-Bref domains. Gender and education worked together significantly but not intersectionally to explain the variability of overall quality of life and quality of life in the physical domain. The intersection between gender and education was associated with a reduction in the average quality of life in the psychological domain. Women with an education level of 12 years or older had an average 2,89 points higher (p = 0,031) compared to men with up to 11 years of schooling. Gender and race / color were predictors of quality of life in the social domain, with prejudice to the intersectional group of black women who had an average 11,26 points (p <0,001) lower quality of life when compared to white men. Schooling and race / color were important predictors of environment-related quality of life. There was no significant association of interactions with quality of life in the domain. The mediation analysis showed that 29,6% of the total effect of the intersection of education and gender on the psychological domain and 88,92% of the total effect of the interaction between race and gender on the social domain were mediated by discrimination. Conclusion: The results confirm the hypotheses of the study, pointing out the importance and contribution of intersectional analysis for the investigation of inequalities in health-disease processes and quality of life. Mediation by discrimination in the social and psychological domains demonstrates that discrimination represents the manifestation of structural oppressions of gender, race / color and education at a micro level, establishing a connection of social structures with people's daily lives. From Krieger's (2001) ecosocial perspective, it demonstrates how social structures are incorporated at the individual level and produce health inequities.Bastos, João Luiz DornellesPires, Rodrigo Otávio MorettiUniversidade Federal de Santa CatarinaOliveira, Fernanda de2020-10-21T21:13:49Z2020-10-21T21:13:49Z2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis100 p.| il., gráfs.application/pdf369860https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/215174porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2020-10-21T21:13:49Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/215174Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732020-10-21T21:13:49Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
dc.title.none.fl_str_mv Interseccionalidade, discriminação e qualidade de vida na população adulta de Florianópolis ? SC
title Interseccionalidade, discriminação e qualidade de vida na população adulta de Florianópolis ? SC
spellingShingle Interseccionalidade, discriminação e qualidade de vida na população adulta de Florianópolis ? SC
Oliveira, Fernanda de
Saúde coletiva
Discriminação
Qualidade de vida
title_short Interseccionalidade, discriminação e qualidade de vida na população adulta de Florianópolis ? SC
title_full Interseccionalidade, discriminação e qualidade de vida na população adulta de Florianópolis ? SC
title_fullStr Interseccionalidade, discriminação e qualidade de vida na população adulta de Florianópolis ? SC
title_full_unstemmed Interseccionalidade, discriminação e qualidade de vida na população adulta de Florianópolis ? SC
title_sort Interseccionalidade, discriminação e qualidade de vida na população adulta de Florianópolis ? SC
author Oliveira, Fernanda de
author_facet Oliveira, Fernanda de
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Bastos, João Luiz Dornelles
Pires, Rodrigo Otávio Moretti
Universidade Federal de Santa Catarina
dc.contributor.author.fl_str_mv Oliveira, Fernanda de
dc.subject.por.fl_str_mv Saúde coletiva
Discriminação
Qualidade de vida
topic Saúde coletiva
Discriminação
Qualidade de vida
description Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Florianópolis, 2019.
publishDate 2019
dc.date.none.fl_str_mv 2019
2020-10-21T21:13:49Z
2020-10-21T21:13:49Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv 369860
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/215174
identifier_str_mv 369860
url https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/215174
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv 100 p.| il., gráfs.
application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFSC
instname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
instacron:UFSC
instname_str Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
instacron_str UFSC
institution UFSC
reponame_str Repositório Institucional da UFSC
collection Repositório Institucional da UFSC
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1808651886465646592