Letramento familiar: práticas e eventos de leitura em segmento genealógico familiar com progenitores analfabetos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Goulart, Anderson Jair
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/96432
Resumo: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-Graduação em Linguística
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spelling Letramento familiar: práticas e eventos de leitura em segmento genealógico familiar com progenitores analfabetosLinguisticaLetramentoLeituraAspectos sociaisFamiliaDissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-Graduação em LinguísticaEste estudo tem como tema o letramento familiar, ancorando-se em pressupostos teóricos advindos dos estudos do letramento, em um olhar sensível aos usos da leitura e da escrita na sociedade contemporânea, posição defendida, entre outros teóricos e entre outras obras, nos estudos de Street (1984; 1988; 2003), Heath (2001 [1982]), Barton (1994); Hamilton (2000b), abordagens que, no Brasil, reverberam teorizações de Freire (2006 [1985]) e vêm sendo expandidas por Kleiman (1995) e seus grupo de estudos. O conceito de letramento tem uma dimensão plural, compreendendo a história e a cultura nos diferentes contextos e o modo como as pessoas se relacionam com a escrita e a leitura ao longo da vida. Valores e significados bastante particulares tendem a se eliciar a partir das disposições partilhadas pelos sujeitos em suas configurações familiares e nas interações mais amplas das quais participam na sociedade, o que seguramente implica ressignificação em sua identidade (LAHIRE, 2004). Esta pesquisa, de natureza qualitativa interpretativista (MASON, 1996), tematiza práticas e eventos de leitura protagonizados por sete famílias, das quais seis compõem um segmento genealógico constituído por descendentes diretos de um casal catarinense de analfabetos, a sétima família, objetivando a busca de respostas para as seguintes questões: Como se caracterizam práticas e eventos de leitura em seis famílias que compõem um segmento genealógico constituído de descendentes diretos de um casal catarinense de analfabetos? Há inter-relações depreensíveis entre a historicidade dos pais e as práticas de leitura prevalecentes em tais famílias? Em que medida, na constituição e nas vivências dessas seis famílias, houve ressignificação das práticas de leitura que caracterizavam a família de origem? Quais os fatores indicativos de tais ressignificações e a que elas podem ser atribuídas? O processo de geração de dados implicou convivência regular com tais famílias por um período de três meses, por meio de entrevistas e observações com registro em notas em diário de campo, além de reunião de evidências documentais. A abordagem do objeto de pesquisa implica a proposição dos subconceitos práticas de leitura e eventos de leitura, entendidos os eventos como as situações em que a leitura está presente no cotidiano dos participantes do estudo e efetivamente exerce um papel nas interações humanas situadas; e as práticas, como as vivências historicamente construídas que sustentam tais atividades de leitura no dia a dia, nas quais a família tem participação singular. Os resultados apontam para relevância das relações intersubjetivas no processo de ressignificação de práticas de leitura familiares nos diferentes domínios de que os sujeitos de pesquisa participam, evidenciando que os significados construídos pelos filhos do casal acerca da leitura tendem a se aproximar mais das concepções de seus pais quando tais filhos não encontram oportunidades de socialização e de construção de outras disposições nos demais espaços pelos quais circulam. Quanto mais ampla é a sua circulação social e quanto mais diversificados são os eventos de leitura no cotidiano dos filhos, maiores as distinções em relação às práticas construídas pelo casal de progenitores. Nesse sentido, parece haver uma tendência mais efetiva à naturalização de leituras como um processo cultural (GEE, 2004) nas famílias em que o convívio com agentes de letramento (KLEIMAN, 2006) externos favorece seu engajamento em outras atividades de leitura para finalidades diversas (GERALDI, 1997 [1991]), o que não se processa de modo homogêneo em cada uma delas, observadas as especificidades de seus mundos de letramento (HAMILTON; BARTON; IVANIC, 1993).This study examines family literacy, anchored on the theoretical bases of the literacy studies, with a sensitive eye to the uses of reading and writing in contemporary society, a position advocated, among other theorists and works, by Street (1984, 1988, 2003), Heath (2001 [1982]), Barton (1994), and Hamilton (2000b). Those approaches, in Brazil, reverberate the theories of Freire (2006 [1985]) and have been expanded by Kleiman (1995) and her study group. The concept of literacy has a plural dimension, comprising history and culture in different contexts and the ways in which people relate to writing and reading throughout life. Very particular values and meanings tend to arise from the dispositions shared by the subjects in their family settings and in the broader interactions in which they participate in society, which certainly implies redefinition of their identity (LAHIRE, 2004). This research, of a qualitative, interpretive nature (MASON, 1996), discusses reading practices and reading events experienced by seven families, six of which comprise a genealogic segment consisting of the direct descendants of an illiterate couple of Santa Catarina, Brazil, the seventh family. The research aims to search for answers to the following questions: How can one characterize the reading practices and events in six families that comprise a genealogic segment consisting of the direct descendants of an illiterate couple of Santa Catarina? Are there inferable interrelationships between the historicity of the parents and the reading practices prevalent in such families? To what extent, in the constitution and experiences of those six families, there was a redefinition of the reading practices that characterized the family of origin? What are the predictors of such new meanings and to what can they be assigned? The data generation process involved regular interaction with those families for a period of three months, by means of interviews and observations, with annotations in a field diary, besides the gathering of documentary evidence. The approach to the research object implies the proposition of the subconcepts reading practices and reading events, the events being understood as situations in which reading is present in the routine of the participants in the study and effectively plays a role in situated human interactions; and the practices understood as historically constructed experiences that underpin those reading activities on a daily basis, in which the family has a unique participation. The results point to the importance of interpersonal relations in the process of redefinition of family reading practices in the different areas in which the subjects participating in this research take part, showing that the meanings constructed by the couple's children about reading tend to get closer to the views of their parents when such children do not find opportunities for socialization and the construction of other dispositions in other places where they socialize. The wider their social circulation is and the more diversified the events in the daily reading of the children are, the greater the distinctions from the practices built by the parent couple. In this sense, there seems to be a more effective tendency for the naturalization of reading as a cultural process (GEE, 2004) in families where the contact with external agents of literacy (KLEIMAN, 2006) favors their engagement in other reading activities for different purposes (GERALDI, 1997 [1991]), which does not occur in a homogeneous fashion in each one of them, given the idiosyncrasies of their worlds (HAMILTON; BARTON; IVANIC, 1993).FlorianópolisCerutti-Rizzatti, Mary ElizabethUniversidade Federal de Santa CatarinaGoulart, Anderson Jair2012-10-26T11:59:42Z2012-10-26T11:59:42Z20122012info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis295 p.| il.application/pdf304594http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/96432porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2013-05-04T23:06:48Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/96432Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732013-05-04T23:06:48Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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