Reforma dos costumes no século XVI: comportamento, controle e civilidade em Utopia de Thomas More

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nascimento, Ana Carolina
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/222066
Resumo: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2021.
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spelling Reforma dos costumes no século XVI: comportamento, controle e civilidade em Utopia de Thomas MoreHistóriaUtopiasDissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2021.Ao analisar a organização da República de Utopia, criada por Thomas More (1516), constatei que a dinâmica do projeto de ?sociedade ideal?, coletiva e igualitária está diretamente amparada no protagonismo da agência humana. Os únicos responsáveis por preservar e viabilizar as instituições e regimentos da república são as pessoas. Contudo, ainda que Thomas More confie aos sujeitos o poder de ação e a capacidade de aprimorar a razão, reputa como indispensável que todos sejam educados a reprimir qualquer sinal de irracionalidade. Para tanto, idealiza em sua Utopia uma doutrina racionalista e disciplinante. Pude identificar que esta doutrina se assemelha substancialmente às regras de civilidade, assim, ao longo desta dissertação, investiguei de que maneira a civilidade é desenhada e movimentada na Utopia, avaliei como e quais elementos ela oferece para a idealização de sociedades onde o bem-estar social aparece como principal objetivo, também apontei os fundamentos e mecanismos dos sistemas reguladores utopienses e as formas como atuam para assegurar milimétricamente uma sociedade altamente amparada por redes de interdependências entre sociedade, indivíduo e Estado. Neste processo de análise, explorei o contexto intelectual e social, no qual More estava inserido ao produzir sua obra e confirmei que o autor é influenciado pelo Humanismo Cívico, que tem como principais bandeiras a crença no desenvolvimento e agência humana e o dever de educar e orientar os indivíduos aos adequados meios de atingir a excelência. Identifiquei, portanto, que a centralidade e responsabilidade deferida à atuação dos sujeitos na estruturação da sociedade ideal incorre em delinear e prescrever os corretos regimentos do comportamento e da educação humana. Nesta dissertação, utilizei como base a teoria dos processos de civilização desenvolvida por Norbert Elias. Essa teoria fornece as ferramentas necessárias para a investigação dos padrões comportamentais alcançados dentro da sociedade utopiense. Emprego também as perspectivas de Michel Foucault acerca dos sistemas disciplinares, a fim de compreender como os sistemas de vigilância e controle e os jogos de poder entre indivíduo e sociedade podem garantir a manutenção do sistema social utopiense, bem como da civilidade como código de conduta. Por fim, para explorar a civilidade em uma obra anterior a conceitualização do termo, operacionalizo as categorias de espaço de experiência e horizonte de expectativa, estas fornecem meios para entender a Utopia como produto de um tempo histórico diverso, onde as experiências e as expectativas constituem o presente e interferem diretamente no entendimento e na visão de mundo do autor da obra. Em vista disso, minha tese é a de que podemos observar nas estruturas e disposições utopienses um sistema consoante aos princípios da civilidade que começava a ser caracterizada no início do século XVI, amparadas em uma longa tradição de regramento comportamental, ressignificados e projetados por meio do exercício da civilidade que permeia toda a lógica da Utopia.Abstract: When analyzing the organization of the Republic of Utopia, created by Thomas More (1516), it is observed that the dynamics of the ?ideal society?, collective and egalitarian, is directly based on the protagonism of human agency. The only responsibles for preserving and making viable the republic's institutions and regiments are the people. However, although Thomas More entrusts to the subjects the power of action and the ability to improve reason, he considers it essential that everyone be educated to suppress any sign of irrationality. To this end, he idealizes in his Utopia a rationalist and disciplining doctrine. I was able to identify that this doctrine substantially resembles the rules of civility, so throughout this dissertation, I investigated how civility is designed and moved in Utopia, I evaluated how and which elements it offers for the idealization of societies where social well-being appears as the main objective, I also pointed out the fundamentals and mechanisms of utopian regulatory systems and the ways in which they work to ensure a society that is highly supported by networks of interdependencies between the society, the individual and the state. In this process of analysis, I explored the intellectual and social context, in which More was inserted when producing his work and confirmed that the author is influenced by Civic Humanism, whose main flags are the belief in human development and in the agency and the duty to educate and guide individuals to the appropriate means of achieving excellence. I identified, therefore, that the centrality and responsibility deferred to the performance of the subjects in the structuring of the ideal society incurs in outlining and prescribing the correct regiments of behavior and human education. In this dissertation, I used as a basis the theory of civilization processes developed by Norbert Elias. This theory provides the necessary tools for the investigation of behavioral patterns reached within Utopian society. I also employ Michel Foucault's perspectives on disciplinary systems, in order to understand how surveillance and control systems and power games between individuals and society can guarantee the maintenance of the Utopian social system, as well as civility as a code of conduct. Finally, to explore civility in a work prior to the conceptualization of the term, I operationalize the categories of space of experience and horizon of expectation, these provide a means to understand Utopia as a product of a different historical time, where experiences and expectations constitute the present and directly interfere in the author's understanding and worldview. In view of this, my thesis is that we can observe in the Utopian structures and dispositions a system according to the principles of civility that started to be characterized in the beginning of the 16th century, supported by a long tradition of behavioral regulation, reframed and projected through exercise of the civility that permeates the whole logic of Utopia.Silveira, Aline Dias daUniversidade Federal de Santa CatarinaNascimento, Ana Carolina2021-04-12T18:35:41Z2021-04-12T18:35:41Z2021info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis127 p.| il.application/pdf371420https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/222066porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2021-04-12T18:35:41Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/222066Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732021-04-12T18:35:41Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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