Contribuições etnoecológicas para a compreensão sobre territórios tradicionais de três comunidades quilombolas de Santa Catarina (Brasil)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ávila, Julia Vieira da Cunha
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/156519
Resumo: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Florianópolis, 2015.
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spelling Contribuições etnoecológicas para a compreensão sobre territórios tradicionais de três comunidades quilombolas de Santa Catarina (Brasil)EcologiaQuilombolasEtnobotânicaSanta CatarinaDissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Florianópolis, 2015.O conhecimento ecológico tradicional é percebido como uma área de conhecimentos cumulativos que abrange práticas e crenças, está envolvido em processos adaptativos e é transmitido entre gerações, tendo importantes implicações para o manejo e conservação biológica. Investigar fatores que contribuem na manutenção, perpetuação, adaptação e ampliação desses saberes se torna fundamental. Estudos etnobotânicos e etnoecológicos em comunidades quilombolas podem contribuir com informações para compreender a relação entre esses grupos humanos e os recursos que eles conhecem e com os quais interagem, contribuindo também para as discussões relacionadas ao seu território e para as relações entre diversidade biológica e cultural. Esse trabalho visa investigar, em três comunidades Quilombolas de Santa Catarina (Brasil), possíveis influências do conhecimento e uso de recursos vegetais na área de vida das comunidades quilombolas, em relação a seus territórios e a relação entre os conhecimentos e usos locais de recursos vegetais com fatores socioeconômicos e ecológicos, como, a riqueza desses recursos nos quintais. Os métodos aplicados no estudo consistiram em entrevistas semiestruturadas com todos moradores locais, maiores de 18 anos, que aceitaram participar da pesquisa; turnês-guiadas para coleta de espécies vegetais citadas nas entrevistas e sua identificação botânica; levantamento da riqueza de todas as plantas arbóreas e arbustivas presentes em uma amostra dos quintais dos entrevistados, bem como amostragem de espécies herbáceas com exceção das gramíneas; identificação taxonômica das espécies presentes nos quintais e mapeamentos participativos. Ao total foram realizadas 184 entrevistas, sendo 65 na Aldeia, 63 no Morro do Fortunato e 56 na Santa Cruz. As principais atividades econômicas nas comunidades estão relacionadas a empregos urbanos, formais ou informais, sendo pequeno o número de pessoas cujo trabalho possui relação com a agricultura. Os entrevistados na comunidade Aldeia citaram 236 espécies vegetais usadas e conhecidas, 144 na Santa Cruz e 164 espécies no Morro do Fortunato. Para as três comunidades 56% das plantas são cultivadas, principalmente nos quintais. Para cada comunidade, ao comparar mapas elaborados a partir de imagens desatélite referentes ao local de obtenção e cultivo das plantas, percebe-se que a maioria das plantas citadas é obtida dentro do que os moradores consideram seu território atualmente. A Aldeia, comunidade onde uma maior riqueza de plantas foi citada, possui uma maior diversificação de fontes para a obtenção desses recursos, refletida também em uma área de vida mais contrastante em relação a seu território. Na Aldeia foram observadas 348 espécies botânicas nos quintais (n=26), 161 na Santa Cruz (n=17) e 265 no Fortunato (n=28), onde as médias do tamanho dos quintais foram de 978 m2 na Aldeia, 419 m2 na Santa Cruz e 350 m2 no Fortunato. Para verificar se há relação entre as plantas disponíveis nos quintais de cada família e as plantas citadas como usadas e conhecidas, obtidas em a) todos os ambientes, b) apenas nos quintais próprios e c) nos quintais próprios e de vizinhos, foram realizadas regressões lineares, cujo resultado foi significativo (p<0,05) apenas para Aldeia, exceto para plantas conhecidas obtidas em qualquer ambiente. Posteriormente, foi realizado um Modelo Misto que apontou que dentre os fatores analisados, a idade e a riqueza de plantas disponíveis nos quintais são os principais fatores que influenciam no conhecimento e uso sobre as plantas nas três comunidades do estudo (p>0,001), indicando a relevância das variáveis estudadas na manutenção dos saberes locais. Desta maneira, percebemos a importância da valorização e troca de saberes com os idosos, bem como a importância dos quintais na manutenção de práticas locais envolvendo recursos vegetais. Destaca-se também a importância das comunidades refletirem sobre o acesso e manejo em áreas que estão fora do que a comunidade reconhece como seu território atualmente, considerando ainda o crescimento populacional que essas vêm sofrendo.<br>Abstract : The traditional ecological knowledge is perceived as an area of cumulative knowledge that covers practices and beliefs, that is involved in adaptive processes and is transmitted between generations, with important implications for the management and biological conservation. Investigate factors that contribute to the maintenance, perpetuation, adaptation and expansion of this knowledge is fundamental. Ethnobotanical studies in maroon communities can contribute with information to understand the relations between these human groups and resources they know and with whom they interact. Also can contribute with the discussions related to their territory and for the relation between biological and cultural diversity. This work aims to investigate in three Quilombolas communities of Santa Catarina (Brazil), possible influences of knowledge and use of plant resources in the area of life of maroon communities in their territory and the relations between their knowledge and the uses of plant resources, as well as the socioeconomic and ecological factors in this case as, the richness of species on homegardens. The methods applied in this study were: semi-structured interviews with all local residents, 18 years old, who agreed to participate; guided tours, to collect plant species mentioned in the interviews and their botanical identification; survey of the all tree and shrub plants present in a sample of the backyards of respondents, as well as sampling of herbaceous species except the grass; taxonomic identification of the species present in the yards; and participatory mapping. In total 184 interviews were conducted: 65 in the Aldeia, 63 in Morro Fortunato and 56 in Santa Cruz. The main economic activities in the communities are related to urban, formal or informal jobs, with a small number of people whose work has links with agriculture. Respondents in the Aldeia cited 236 plant species used and known; in the Morro do Fortunato were cited 164 species and 144 in Santa Cruz. 56.35% of the three communities said that the plants are obtained by cultivation, especially in the backyards. For each community, comparing maps produced from satellite images of the places to get and cultivate plants, it can be seen that most plants are obtained within what locals consider their territory today. In the Aldeia, where the abundance ofplants was mentioned, there is a greater diversification of sources to obtain these resources, reflected in a larger area in relation to its territory. In the Aldeia were observed 348 botanical species in backyards (n = 26), 265 in Fortunato (n = 28) and 161 in Santa Cruz (n = 17). The average in yards size was: 978 m2 in the Aldeia, 350 m2 in Fortunato and 419 m2 in Santa Cruz. Linear regressions were performed to analyse if there is a relation between plants available in the backyards of each family and the plants cited, used and known the plants obtained in all environments; the plants obtained only in their own backyards; and the plants obtained in the neighboring homegardens. The result was significative only in Aldeia, except for plants known and obtained in any environment. Later, there was a mixed model which showed that the age, the health and the plants available in the backyards are the main factors that influence the knowledge and the use of plants in the three study communities (p> 0.001), indicating the relevance of the variables studied for the maintenance of knowledge communities. In this way, we realized the importance of valuing the knowledge exchange with the elderly, and the importance in maintaining local practices involving plant resources in gardens. From this study also stands out the population growth of communities and the importance of them reflect on the access , management and maintenance of areas that are outside the community , but which are recognized as their territory.Hanazaki, NatáliaUniversidade Federal de Santa CatarinaÁvila, Julia Vieira da Cunha2015-11-24T03:07:59Z2015-11-24T03:07:59Z2015info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis201 p.| il., grafs., mapas, tabs.application/pdf336357https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/156519porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2015-11-24T03:07:59Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/156519Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732015-11-24T03:07:59Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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