Ingestão alimentar de selênio e síndrome metabólica em adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos: um estudo transversal de base escolar

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Retondario, Anabelle
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/214815
Resumo: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Florianópolis, 2019.
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spelling Universidade Federal de Santa CatarinaRetondario, AnabelleVasconcelos, Francisco de Assis Guedes de2020-10-21T21:09:59Z2020-10-21T21:09:59Z2019368321https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/214815Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Florianópolis, 2019.Introdução: A síndrome metabólica (SM) tem sido definida como um conjunto de alterações relacionadas à obesidade, como circunferência da cintura elevada, hipertensão arterial, glicemia de jejum elevada, baixo colesterol de alta densidade (HDL-c) e triglicerídeos elevados, que aumentam o risco de doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo 2. O selênio (Se) é um mineral essencial com atividade antioxidante, que atua na redução da inflamação celular, com potencial fator protetor para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Não foram encontrados estudos com adolescentes investigando associação entre ingestão de Se e SM. Desta maneira, a presente tese pretendeu preencher esta lacuna do conhecimento. Objetivos: Realizar revisão sistemática sobre a associação entre ingestão alimentar de selênio e síndrome metabólica; estimar a quantidade de selênio consumida pelos adolescentes; identificar os alimentos que mais contribuíram para a ingestão alimentar de selênio na população de adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos; verificar a prevalência de inadequação da ingestão alimentar de selênio em adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos de acordo com sexo, faixa etária, tipo de escola e região geográfica; e analisar a associação entre síndrome metabólica e seus componentes (circunferência da cintura elevada, hipertensão arterial, glicemia de jejum elevada, baixo HDL-c e triglicerídeos elevados) e a ingestão alimentar de selênio. Métodos: Foram realizadas revisão sistemática e investigação transversal descritivo/analítica com dados primários dos adolescentes brasileiros participantes do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA). A revisão sistemática foi realizada com artigos capturados em quatro bases eletrônicas de dados, seguindo procedimentos da declaração PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis statement) por dois revisores, independentemente. Os critérios de inclusão foram: estudos observacionais ou de intervenção; que avaliaram a ingestão de Se ou procederam suplementação do mineral; indivíduos com SM definida por qualquer critério diagnóstico; presença de SM e, se disponível, seus componentes como desfecho. Foi realizada avaliação do risco de viés e da adequação do relato conforme guidelines, utilizando ferramentas específicas para os diferentes desenhos dos estudos. O estudo original foi desenvolvido a partir de uma amostra probabilística nacional, multicêntrica, de base escolar, de adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos de idade. Foram utilizados dois recortes do banco de dados do ERICA, o primeiro contendo informações de 76.957 adolescentes que apresentavam dados completos de recordatório alimentar e o segundo contendo dados de 39.956 adolescentes que frequentavam a escola no turno da manhã e que realizaram exame de sangue (para diagnóstico da SM segundo critérios da International Diabetes Federation). As variáveis sexo, faixa etária e tipo de escola foram obtidas a partir de um questionário autopreenchido pelos alunos. Foram mensuradas as variáveis circunferência da cintura, pressão arterial, peso e altura por pesquisadores treinados, utilizando metodologias padronizadas. O índice de massa corporal (IMC) foi calculado. O exame de sangue possibilitou a análise das seguintes variáveis para a presente tese: glicemia de jejum, triglicerídeos e HDL-c. Foi aplicado por entrevistadores treinados um recordatório alimentar de 24h em todos os adolescentes, utilizando os procedimentos do Multiple Pass Method e o software ERICA-REC24h. Em uma subamostra foi aplicado um segundo recordatório, para estimar a variabilidade intrapessoal da ingestão alimentar. A ingestão alimentar de Se foi obtida a partir das tabelas do ERICA-REC24h, em µg. A prevalência da inadequação da ingestão alimentar de Se foi estimada por meio do método da EAR (Estimated Average Requirement) como ponto de corte, considerando a variância intrapessoal pelo método do National Cancer Institute (NCI). Para identificação dos grupos alimentares que mais contribuíram para o aporte de Se na alimentação dos adolescentes, a ingestão total de Se pelos adolescentes foi somada. Os alimentos foram agrupados de acordo com suas características nutricionais (macronutrientes). Posteriormente, a quantidade de Se fornecida pelo grupo de alimentos foi comparada com a quantidade de Se total, obtendo-se uma porcentagem. Foram apresentados os grupos de alimentos que contribuíram com até 95% do total de Se consumido pela população do estudo. Para verificar a associação entre ingestão de Se e os desfechos (SM, circunferência da cintura elevada, triglicerídeos elevados, HDL-c baixo, glicemia elevada e pressão arterial elevada), utilizou-se a distribuição da ingestão deste mineral na amostra, obtida pelo método do NCI. Foi aplicada regressão logística, com tipo de escola e IMC como variáveis de controle. As análises foram estratificadas por sexo e faixa etária, em virtude das recomendações de ingestão. Resultados: Na revisão sistemática, foram incluídos seis artigos, sendo quatro transversais, um caso controle e um de intervenção, totalizando 17.491 indivíduos adultos e idosos, de ambos os sexos. Dois estudos observacionais não encontraram associação entre ingestão de Se e prevalência de SM, dois encontraram associação inversa entre ingestão de Se e prevalência de SM e um encontrou associação direta entre a ingestão de um padrão de nutrientes que continha Se e a prevalência de SM, somente entre as mulheres. Já o ensaio clínico não encontrou associação entre suplementação de Se, em conjunto com outros antioxidantes, e a incidência de SM. Um estudo encontrou, ainda, associação inversa entre ingestão de Se e prevalência de circunferência da cintura elevada, pressão arterial diastólica elevada e hiperglicemia. Na investigação original, observou-se que a média de ingestão alimentar de Se dos adolescentes brasileiros variou de 84,3 a 105,9µg entre os sexos e faixas etárias, indicando estar de acordo com as recomendações nutricionais. Os grupos alimentares que mais contribuíram com a ingestão de Se foram carnes vermelhas, massas, frango e peixes, alcançando 57,9% do Se ingerido pelos adolescentes. Foi encontrada maior prevalência de hipertensão e hiperglicemia entre os meninos, enquanto circunferência da cintura elevada foi mais prevalente entre as meninas. Ainda, 2,6% dos adolescentes apresentavam SM e 46,1% apresentavam um ou mais componentes. Não foi encontrada associação estatisticamente significante entre ingestão de Se e SM. Conclusões: Os artigos analisados sobre associação entre ingestão alimentar de Se e SM e/ou seus componentes em adultos e idosos apresentaram evidências controversas para indicar associação. Os adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos apresentaram ingestão adequada de Se, em especial pelo alto consumo de carne vermelha, massas e frango. No entanto, essa ingestão de Se não foi associada com SM e/ou seus componentes.Abstract: Introduction: Metabolic Syndrome (MetS) has been defined as a group of alterations related to obesity, such as high waist circumference, arterial hypertension, high fasting blood glucose, low high-density cholesterol (HDL-c), and high triglycerides, which may increase the risk of cardiovascular diseases and type 2 diabetes mellitus. Selenium (Se) is an essential mineral with antioxidant activity, which acts in the reduction of cellular inflammation, with potential protective factor for the development of chronic non-transmissible diseases. No studies were found with adolescents investigating the association between Se and MetS ingestion. In this way, this thesis sought to fill this knowledge gap. Objectives: Conduct a systematic review of the association between selenium intake and metabolic syndrome; to estimate the amount of selenium consumed by adolescents; to identify the foods which contribute the most to the dietary intake of selenium in the population of Brazilian adolescents from 12 to 17 years of age; to verify the prevalence of inadequate dietary intake of selenium in Brazilian adolescents aged 12 to 17 years old according to sex, age group, school type, and geographic region; and to analyze the association between metabolic syndrome and its components (high waist circumference, arterial hypertension, high fasting glucose, low high density cholesterol, and high triglycerides), as well as dietary intake of selenium. Methods: There were conduct systematic review and cross-sectional descriptive/analytical investigation with primary data of Brazilian adolescents participating in the Cardiovascular Risk Study in Adolescents (know in Brazil as ERICA). The systematic review was carried out from articles captured in four electronic databases, following procedures established in the PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis statement), by two reviewers, separately. Inclusion criteria were: observational or interventional studies; individuals with MetS defined by any diagnostic criteria; studies which evaluated Se intake or proceeded with mineral supplementation; presence of MetS and, if available, its components as outcome. Bias risk assessment and reporting adequacy were performed according to guidelines, using specific tools for the different designs of the studies. The original study was developed from a national, multicenter, probabilistic, school-based sample of Brazilian adolescents from 12 to 17 years of age. Two ERICA database clippings were used, the first containing information from 76,957 adolescents who presented complete food recall data, which allowed the elaboration of an original manuscript from the thesis which analyzed the food sources and the inadequacy of dietary intake of Se; the second clipping containing data from 39,956 adolescents who attended school on the morning shift and who underwent blood examination allowed the elaboration of an original manuscript from the thesis which investigated the association between Se and MetS ingestion. The variables gender, age group, and school type were obtained from a questionnaire filled out by the students themselves. Both waist circumference and blood pressure were measured for all adolescents. Weight and height were measured by trained researchers using standardized methodologies. The blood test allowed the analysis of the following variables for the present thesis: fasting glycemia, triglycerides and HDL-c. A 24-hour food recall was applied by trained interviewers using the Multiple Pass Method procedures and the ERICA-REC24h software developed specifically for the study. In a sub-sample of approximately 7%, a second reminder was applied, which was used to estimate the intrapersonal variability of food intake. Dietary intake of Se was obtained from the ERICA-REC24h tables, in µg. The prevalence of inadequate dietary intake of Se was estimated using the Estimated Average Requirement (EAR) method as cutoff point, considering the intrapersonal variance by the National Cancer Institute (NCI) method. In order to identify the food groups, which contributed the most to the Se intake in adolescents, the total intake of Se for adolescents was added. The foods were grouped according to their nutritional characteristics (especially macronutrients). To determine how much each group contributed to the total Se intake, a comparison of the amount of Se provided by the group with the total Se amount was performed, which led to a percentage. Only the food groups, which contributed up to 95% of the total Se consumed by the study population, were presented. In order to verify the association between Se ingestion and outcomes (MetS, high waist circumference, high triglycerides, low HDL-c, high blood glucose, and high blood pressure), the intake distribution of such mineral was taken into account and was obtained by the NCI method. Logistic regression was applied, with type of school and body mass index as control variables. The analyzes were stratified by sex and age groups, due to ingestion recommendations. Results: In the systematic review, six articles were taken into consideration, including four cross-sectional studies, one control study and one intervention study, totaling 17,491 adult and elderly individuals of both sexes. Two observational studies found no association between Se ingestion and MetS prevalence, two found an inverse association between Se ingestion and MetS prevalence and one found a direct association between intake of a nutrient pattern containing Se and the prevalence of MetS, only among women. The clinical trial, however, found no association between Se supplementation together with other antioxidants, and the incidence of MetS. One study also found an inverse association between Se ingestion and prevalence of high waist circumference, high diastolic blood pressure, and hyperglycemia. In the original research, the average food intake of Brazilian adolescents ranged from 84.3 to 105.9µg between genders and age groups, indicating that they were in agreement with the nutritional recommendations. The food groups, which contributed the most, were red meat, pasta, chicken, and fish, reaching 57.9% of all meat intake. There was a higher prevalence of hypertension and hyperglycemia among boys, whereas high waist circumference was more prevalent among girls. Still, 2.6% of adolescents had MetS and 46.1% had one or more components. There was no statistically significant association between Se and MetS ingestion. Conclusions: Analyzed articles about the association between dietary intake of Se and MetS and/or its components in adults and the elderly did not present clear evidence to indicate any type of association. Brazilian adolescents between 12 and 17 years of age have an adequate intake of Se, especially due to the high consumption of red meat, pasta, and chicken. However, this intake is not associated with MetS and/or its components.168 p.| il., gráfs., tabs.porNutriçãoAdolescentesSíndrome metabólicaIngestão de AlimentosRevisão sistemáticaIngestão alimentar de selênio e síndrome metabólica em adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos: um estudo transversal de base escolarinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINALPNTR0256-T.pdfPNTR0256-T.pdfapplication/pdf10527507https://repositorio.ufsc.br/bitstream/123456789/214815/-1/PNTR0256-T.pdff6ae60ef425a9cb63b16913c809eac78MD5-1123456789/2148152020-10-21 18:09:59.514oai:repositorio.ufsc.br:123456789/214815Repositório de PublicaçõesPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732020-10-21T21:09:59Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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