Prazer e sofrimento no trabalho do enfermeiro na atenção básica à saúde

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gobatto, Mariangela
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Manancial - Repositório Digital da UFSM
dARK ID: ark:/26339/001300000w86v
Texto Completo: http://repositorio.ufsm.br/handle/1/7390
Resumo: Este estudo teve como objeto de estudo o prazer e sofrimento do trabalho do enfermeiro na Atenção Básica à Saúde (ABS) de um município da região sudoeste do Paraná. Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa fundamentado na abordagem da Psicodinâmica do Trabalho da escola Dejouriana e teve como objetivo conhecer as vivências coletivas de prazer e sofrimento dos enfermeiros e as formas de enfrentamento utilizadas, identificar a percepção dos enfermeiros acerca do trabalho na atenção básica e caracterizar o perfil sócio-demográfico e laboral. Os sujeitos do estudo foram os enfermeiros das Unidades Convencionais de Saúde, das unidades de Saúde da Família e do Programa de Agente Comunitário de Saúde. Foi utilizado o critério de saturação dos dados para delimitação do número de participantes, totalizando 08 enfermeiros. O método de análise foi Análise Temática de Conteúdo de Bardin. Como instrumentos de coleta de dados para esta pesquisa foram utilizados a observação não participante e entrevistas semiestruturadas. Os princípios éticos foram respeitados, de forma a proteger os direitos dos participantes, com a formalização da participação por meio de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As categorias oriundas da análise dos dados são descritas e discutidas em dois artigos, que compõem a essência do presente trabalho. Artigo 1: Percepções do trabalho do enfermeiro na atenção básica à saúde; Artigo 2: O trabalho dos enfermeiros na atenção básica à saúde: vivências de prazer e sofrimento. Os resultados apontam que o perfil sócio-demográfico e laboral constitui-se de enfermeiros com média de 36 anos de idade, todos do sexo feminino, com tempo de trabalho na ABS que variou entre um ano e meio a dezenove anos. Quanto à percepção sobre o trabalho, as enfermeiras elencaram a efetividade da assistência e o reconhecimento em relação à utilidade do trabalho, advindo principalmente do usuário, ao modo como enxergam sua realização. Identificou-se que o prazer se associa à relação que estabelece com os usuários e as tarefas, uma vez que possibilitam a percepção de um trabalho importante para o outro. O sofrimento está vinculado à falta de reconhecimento, à ingerência e à falta de comprometimento no trabalho multidisciplinar. Verificou-se, ainda, o predomínio de estratégias defensivas evidenciando a inexistência de um coletivo de trabalho no qual o sofrimento não é ressignificado, visto que é apenas afastado. Concluiu-se que os resultados do estudo tornaram visíveis as forças que perpassam esse contexto com profundas repercussões sobre a organização do processo de trabalho e as relações neste âmbito da assistência, circunscrevendo e conformando um modo operatório descontextualizado das necessidades em saúde da população e desprovido de encantamento aos olhos dos enfermeiros. Ratifica-se a tese da Psicodinâmica do Trabalho ao concluir que a organização do trabalho na ABS deve favorecer a construção da identidade, a realização, a expressão da criatividade, o reconhecimento e a liberdade, que permitem ao trabalhador tornar-se sujeito de seu trabalho e, quem sabe, se reencante com a profissão. Assim, os enfermeiros poderão adequar o que deve ser feito aos seus desejos.
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