Era Vargas no cotidiano do Hospital do Juquery
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNIFESP |
Texto Completo: | https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/68401 |
Resumo: | Objetivo: Analisar a relação entre o governo Vargas e a assistência psiquiátrica no Hospital do Juquery de 1930 a 1945. Método: Estudo quanti-qualitativo, exploratório-descritivo, análise dos dados sobre assistência psiquiátrica coletados nos prontuários dos pacientes internados pelo referencial da análise documental. Os dados tiveram análise também embasada em documentos históricos em acordo com o contexto social, político e ideológico, econômico e cultural em que os documentos foram produzidos e os autores se encontravam. Resultados: analisados 2.166 prontuários; épocas de conflitos sociais e guerras com maior número de prisões e internações; múltiplos diagnósticos para o paciente; diagnósticos inconclusivos; principais diagnósticos: esquizofrenia (23,59%), psicose maníaco depressiva (4,20%), psicoses diversas (4,02%), delírio (3,83%), parafrenia (3,60%), depressão (3,19%) e confusão mental (2,91%) configuravam 45,34% (982) do total; quadros que não eram estritamente psiquiátricos, mas poderiam ter sintomatologia derivada e sem serviços próprios para atendimento eram considerados mazelas sociais e ocorriam em 26,75% (593) dos internados: sífilis (10,80%), deficiência intelectual (8,08%), epilepsia (4,06%) e alcoolismo (3,81%); 2.023 (93,40%) prontuários sem observação médica; 08 (0,37%) pacientes diagnosticados “sem perturbação mental” com média de 1.446 dias internados; 37 (1,71%) “sem diagnóstico conclusivo” com média 2.755 dias internados; 920 (42,47%) prontuários sem dados de tratamentos; 213 (9,83%) sem definição de tratamentos; principais tipos de tratamento: 494 (22,81%) monoterapia sendo 196 (9,05%) piretoterapia, 157 (7,25%) convulsoterapia e 57 (2,63%) para paralisia geral progressiva/neurosífilis; 235 (10,85%) politerapia sendo piretoterapia+antissífilis (111 – 5,12%), piretoterapia + choqueterapia (73 – 3,37%); 2.005 (92,57%) prontuários sem dados dos efeitos dos tratamentos; 366 (16,90%) desfechos sem dados; 868 (40,07%) óbitos dos quais 496 (57,15%) não especificados; 263 (12,14%) saídas sem alta, 365 (16,85%) saídas com alta, evadidos 36 (1,66%) e 252 (11,63%) transferidos para outras instituições psiquiátricas. Principais causas de óbito: disenteria, desnutrição, anemia e caquexia, pneumonia/tuberculose, hemorragia cerebral/ictus. Observamos a desassistência (mau estado nutricional, falta de funcionários, medicamentos, tratamentos e higiene), reificação do paciente, violência institucional (maus tratos, uso da rotunda, choque elétrico e cardiazol como castigo); exploração de mão-de-obra na produção de gêneros alimentícios e demais produtos, limpeza e outras áreas; superlotação devido política de repressão e higienização social; falta de qualificação dos funcionários; cronificação dos pacientes; julgamento moral por parte dos médicos; violação de direitos humanos. Considerações: A era Vargas foi profícua em realizar repressão e exclusão social e associada ao saber psiquiátrico fez intenso uso das internações psiquiátricas onde a assistência violenta e inadequada foi praxe na reificação e exclusão dos indesejáveis sociais. |
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