Avaliação da compatibilidade eritrocitária para reduzir a aloimunização em mulheres portadoras de Anemia Falciforme
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNIFESP |
Texto Completo: | https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/65395 |
Resumo: | Introdução: A anemia falciforme (AF) é a hemoglobinopatia mais frequente no Brasil e afeta principalmente indivíduos de origem africana. Na anemia falciforme, a gestação possui um risco materno fetal elevado e a transfusão sanguínea é parte integrante do tratamento de gestantes com anemia falciforme, entretanto, múltiplas transfusões estão associadas ao desenvolvimento de aloanticorpos contra antígenos eritrocitários. A aloimunização eritrocitária é uma complicação comum em pacientes com AF que recebem transfusões terapêuticas e tem um impacto maior na gravidez, levando a um risco aumentado de doença hemolítica do feto e do recém-nascido (HDFN) e reduzindo a disponibilidade de sangue para mulheres grávidas com AF. Portanto, inicialmente pretendemos definir o perfil genotípico e fenotípico dos pacientes falciformes do sexo feminino, incluindo a identificação das variantes Rh e dos antígenos de alta e baixa frequência e comparar com o perfil dos doadores de sangue, determinar quais possuem um perfil fenotípico compatível com as pacientes falciformes e ainda determinar os principais antígenos que devem ser compatibilizados para evitar a aloimunização e reações transfusionais. Métodos: Cento e cinquenta e três pacientes do sexo feminino com AF e trezentos e sete doadores negros autodeclarados foram selecionados para este estudo. As amostras foram genotipadas para antígenos de células vermelhas clinicamente significativos por SNaPshot e as variantes de RH foram investigadas usando PCR multiplex, PCR-RFLP e sequenciamento. A presença de anticorpos irregulares no soro dos pacientes foi investigada por teste de aglutinação em cartão gel. As necessidades de transfusão dos pacientes durante o período de um ano e o número de doadores compatíveis foram avaliados usando três protocolos de transfusão de compatibilidade de antígeno: hemácias compatíveis com antígeno CEK profilático, hemácias compatíveis com antígeno estendido profilático e concentrados de hemácias compatíveis com antígeno estendido apenas para pacientes aloimunizados. Além disso, a correspondência molecular de RH foi proposta para pacientes portadores de variantes RHCE. Resultados: Foram encontradas variantes de RhCE em 15% dos pacientes e em 13% dos doadores de sangue. Nenhum paciente com variantes RhCE desenvolveu aloanticorpos contra o sistema RH. Foi observada a necessidade do aumento de doadores RhD negativos devido à presença de D parcial em 10 pacientes. O fornecimento de doadores compatíveis com o antígeno CEK foi possível em 92,4% dos eventos de transfusão, enquanto o fornecimento de hemácias compatíveis com o antígeno estendido profilático cobriu 88,7% dos eventos de transfusão. Acompatibilidade estendida para pacientes aloimunizados foi eficiente em 99% dos casos. Considerando 5 pacientes com genótipos RHCE alterados em ambos os alelos, apenas um paciente não conseguiu receber unidades de hemácias compatíveis. Conclusão: Em brasileiros, devido a alta miscigenação da população, a triagem de doadores afrodescendentes permite a implementação de protocolos profiláticos transfusionais para CEK e compatibilização de fenotipagem estendida para pacientes do sexo feminino com AF para reduzir a aloimunização de eritrócitos e reações transfusionais, no entanto, ainda temos uma deficiência no suporte transfusional de sangue compatível em pacientes com variantes Rh. |
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Avaliação da compatibilidade eritrocitária para reduzir a aloimunização em mulheres portadoras de Anemia FalciformeEvaluation of erythrocyte compatibility to reduce alloimmunization in women with sickle cell diseaseAnemia falciformeAloimunização de grupos sanguíneosPacientes politransfundidosGenotipagem de grupos sanguíneosVariantes RHD e RHCEblood group genotypingSickle cell diseaseRBC alloimunizationPolytransfused patientsRHD and RHCE variantsIntrodução: A anemia falciforme (AF) é a hemoglobinopatia mais frequente no Brasil e afeta principalmente indivíduos de origem africana. Na anemia falciforme, a gestação possui um risco materno fetal elevado e a transfusão sanguínea é parte integrante do tratamento de gestantes com anemia falciforme, entretanto, múltiplas transfusões estão associadas ao desenvolvimento de aloanticorpos contra antígenos eritrocitários. A aloimunização eritrocitária é uma complicação comum em pacientes com AF que recebem transfusões terapêuticas e tem um impacto maior na gravidez, levando a um risco aumentado de doença hemolítica do feto e do recém-nascido (HDFN) e reduzindo a disponibilidade de sangue para mulheres grávidas com AF. Portanto, inicialmente pretendemos definir o perfil genotípico e fenotípico dos pacientes falciformes do sexo feminino, incluindo a identificação das variantes Rh e dos antígenos de alta e baixa frequência e comparar com o perfil dos doadores de sangue, determinar quais possuem um perfil fenotípico compatível com as pacientes falciformes e ainda determinar os principais antígenos que devem ser compatibilizados para evitar a aloimunização e reações transfusionais. Métodos: Cento e cinquenta e três pacientes do sexo feminino com AF e trezentos e sete doadores negros autodeclarados foram selecionados para este estudo. As amostras foram genotipadas para antígenos de células vermelhas clinicamente significativos por SNaPshot e as variantes de RH foram investigadas usando PCR multiplex, PCR-RFLP e sequenciamento. A presença de anticorpos irregulares no soro dos pacientes foi investigada por teste de aglutinação em cartão gel. As necessidades de transfusão dos pacientes durante o período de um ano e o número de doadores compatíveis foram avaliados usando três protocolos de transfusão de compatibilidade de antígeno: hemácias compatíveis com antígeno CEK profilático, hemácias compatíveis com antígeno estendido profilático e concentrados de hemácias compatíveis com antígeno estendido apenas para pacientes aloimunizados. Além disso, a correspondência molecular de RH foi proposta para pacientes portadores de variantes RHCE. Resultados: Foram encontradas variantes de RhCE em 15% dos pacientes e em 13% dos doadores de sangue. Nenhum paciente com variantes RhCE desenvolveu aloanticorpos contra o sistema RH. Foi observada a necessidade do aumento de doadores RhD negativos devido à presença de D parcial em 10 pacientes. O fornecimento de doadores compatíveis com o antígeno CEK foi possível em 92,4% dos eventos de transfusão, enquanto o fornecimento de hemácias compatíveis com o antígeno estendido profilático cobriu 88,7% dos eventos de transfusão. Acompatibilidade estendida para pacientes aloimunizados foi eficiente em 99% dos casos. Considerando 5 pacientes com genótipos RHCE alterados em ambos os alelos, apenas um paciente não conseguiu receber unidades de hemácias compatíveis. Conclusão: Em brasileiros, devido a alta miscigenação da população, a triagem de doadores afrodescendentes permite a implementação de protocolos profiláticos transfusionais para CEK e compatibilização de fenotipagem estendida para pacientes do sexo feminino com AF para reduzir a aloimunização de eritrócitos e reações transfusionais, no entanto, ainda temos uma deficiência no suporte transfusional de sangue compatível em pacientes com variantes Rh.Background: Sickle cell disease (SCD) is the most common hemoglobinopathy in Brazil and affects mainly individuals of African origin. In SCD, pregnancy has a high maternal fetal risk and blood transfusion is an integral part of the treatment of pregnant women with SCD, however, multiple transfusions are associated with the development of alloantibodies against erythrocyte antigens. RBCs alloimmunization is a common complication in patients with SCD who receive therapeutic transfusions and has a greater impact on pregnancy, leading to an increased risk of fetal and newborn hemolytic disease (HDFN) and reducing the availability of blood for pregnant women with SCD. Therefore, we initially intend to define the genotypic and phenotypic profile of female patients with SCD, including the identification of Rh and high and low frequency antigens and to compare with the profile of blood donors, to determine which ones have a phenotypic profile compatible with sickle cell patients and also determine the main antigens that must be made compatible to avoid alloimmunization and transfusion reactions. Methods: One hundred and fifty-three female patients with SCD and three hundred and seven self-reported black donors were selected for this study. The samples were genotyped for clinically significant RBC antigens by SNaPshot and the HR variants were investigated using multiplex PCR, PCR-RFLP and sequencing. The presence of irregular antibodies in the patients' serum was investigated by gel test. The transfusion needs of patients over the period of one year and the number of compatible donors were assessed using three antigen-compatible transfusion protocols: erythrocytes compatible with prophylactic CEK antigen, erythrocytes compatible with prophylactic extended antigen and RBCs compatible with extended antigen only for alloimmunized patients. In addition, molecular HR matching has been proposed for patients with RHCE variants. Results: RhCE variants were found in 15% of patients and in 13% of blood donors. No patient with RhCE variants developed alloantibodies against the RH system. The need for an increase in negative donors was observed due to the presence of partial D in 10 patients. The supply of donors compatible with the CEK antigen was possible in 92.4% of transfusion events,while the supply of red blood cells compatible with the prophylactic extended antigen covered 88.7% of transfusion events. Extended compatibility for alloimmunized patients was effective in 99% of cases. Considering 5 patients with altered RHCE genotypes in both alleles, only one patient was unable to receive compatible red blood cell units. Conclusion: In Brazilians, due to the high population admixture, the screening of Afro descendant donors allows the implementation of prophylactic transfusion protocols for CEK and extended phenotyping compatibility for female patients with SCD to reduce erythrocyte alloimmunization and transfusion reactions, however, we still have a deficiency in compatible blood transfusion support in patients with Rh variants.Universidade Federal de São PauloCastro, Rodrigo de Aquino [UNIFESP]Afonso, José SebastiãoArmoni, Carine Prisco [UNIFESP]http://lattes.cnpq.br/7648657607184737http://lattes.cnpq.br/2871873991164532http://lattes.cnpq.br/6590913930590292http://lattes.cnpq.br/3557517617714755Muniz, Janaina Guilhem [UNIFESP]2022-08-24T18:37:16Z2022-08-24T18:37:16Z2022-08-09info:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion95 f.application/pdfMUNIZ, J.G. Avaliação da compatibilidade eritrocitária para reduzir a aloimunização em mulheres portadoras de Anemia Falciforme. São Paulo, 2022. 95 f. Tese (Doutorado em Ginecologia) - Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). São Paulo, 2022.https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/65395porSão Pauloinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNIFESPinstname:Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)instacron:UNIFESP2024-08-11T20:37:59Zoai:repositorio.unifesp.br/:11600/65395Repositório InstitucionalPUBhttp://www.repositorio.unifesp.br/oai/requestbiblioteca.csp@unifesp.bropendoar:34652024-08-11T20:37:59Repositório Institucional da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)false |
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Introdução: A anemia falciforme (AF) é a hemoglobinopatia mais frequente no Brasil e afeta principalmente indivíduos de origem africana. Na anemia falciforme, a gestação possui um risco materno fetal elevado e a transfusão sanguínea é parte integrante do tratamento de gestantes com anemia falciforme, entretanto, múltiplas transfusões estão associadas ao desenvolvimento de aloanticorpos contra antígenos eritrocitários. A aloimunização eritrocitária é uma complicação comum em pacientes com AF que recebem transfusões terapêuticas e tem um impacto maior na gravidez, levando a um risco aumentado de doença hemolítica do feto e do recém-nascido (HDFN) e reduzindo a disponibilidade de sangue para mulheres grávidas com AF. Portanto, inicialmente pretendemos definir o perfil genotípico e fenotípico dos pacientes falciformes do sexo feminino, incluindo a identificação das variantes Rh e dos antígenos de alta e baixa frequência e comparar com o perfil dos doadores de sangue, determinar quais possuem um perfil fenotípico compatível com as pacientes falciformes e ainda determinar os principais antígenos que devem ser compatibilizados para evitar a aloimunização e reações transfusionais. Métodos: Cento e cinquenta e três pacientes do sexo feminino com AF e trezentos e sete doadores negros autodeclarados foram selecionados para este estudo. As amostras foram genotipadas para antígenos de células vermelhas clinicamente significativos por SNaPshot e as variantes de RH foram investigadas usando PCR multiplex, PCR-RFLP e sequenciamento. A presença de anticorpos irregulares no soro dos pacientes foi investigada por teste de aglutinação em cartão gel. As necessidades de transfusão dos pacientes durante o período de um ano e o número de doadores compatíveis foram avaliados usando três protocolos de transfusão de compatibilidade de antígeno: hemácias compatíveis com antígeno CEK profilático, hemácias compatíveis com antígeno estendido profilático e concentrados de hemácias compatíveis com antígeno estendido apenas para pacientes aloimunizados. Além disso, a correspondência molecular de RH foi proposta para pacientes portadores de variantes RHCE. Resultados: Foram encontradas variantes de RhCE em 15% dos pacientes e em 13% dos doadores de sangue. Nenhum paciente com variantes RhCE desenvolveu aloanticorpos contra o sistema RH. Foi observada a necessidade do aumento de doadores RhD negativos devido à presença de D parcial em 10 pacientes. O fornecimento de doadores compatíveis com o antígeno CEK foi possível em 92,4% dos eventos de transfusão, enquanto o fornecimento de hemácias compatíveis com o antígeno estendido profilático cobriu 88,7% dos eventos de transfusão. Acompatibilidade estendida para pacientes aloimunizados foi eficiente em 99% dos casos. Considerando 5 pacientes com genótipos RHCE alterados em ambos os alelos, apenas um paciente não conseguiu receber unidades de hemácias compatíveis. Conclusão: Em brasileiros, devido a alta miscigenação da população, a triagem de doadores afrodescendentes permite a implementação de protocolos profiláticos transfusionais para CEK e compatibilização de fenotipagem estendida para pacientes do sexo feminino com AF para reduzir a aloimunização de eritrócitos e reações transfusionais, no entanto, ainda temos uma deficiência no suporte transfusional de sangue compatível em pacientes com variantes Rh. |
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