Aspectos psicossomáticos do lúpus eritematoso sistêmico: um estudo winnicottiano

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Marina Gonçalves Gonzaga dos [UNIFESP]
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
Texto Completo: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/51777
Resumo: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença crônica de natureza autoimune na qual ocorre a deposição de complexos imunes (autoantígenos e autoanticorpos) nos pequenos vasos de diversos tecidos do organismo, acarretando numa série de lesões. Estudos apontam para o caráter psicossomático do LES ao descreverem a correlação entre o surgimento dos primeiros sintomas da doença e condicionantes psicossociais, tais quais situações de perda, problemas conjugais, entre outros. Numa perspectiva winnicottiana, entende-se que, na totalidade da relação psique-soma de um indivíduo, surge a mente, que seria um funcionamento diferenciado da psique. Na saúde, a mente atua de forma a simbolizar determinadas falhas do ambiente, podendo atribuir um caráter positivo adaptativo às falhas. No entanto, se considerarmos um ambiente com falhas excessivas, isso convocará reações exacerbadas do funcionamento mental que, nessa situação não-saudável, assume o cuidado do psique-soma e acaba por substituir o ambiente não suficientemente bom. Este funcionamento mental hipertrofiado, chamado por Winnicott de pensamento catalogador, operaria como um corpo estranho, o que seria compatível com uma resposta auto-imune do organismo. Sendo assim, consideramos que, em sujeitos diagnosticados com LES, poderiam ter ocorrido falhas ambientais que teriam desencadeado esta função mental de catalogação. A pesquisa teve como objetivo investigar indícios de um tipo de funcionamento mental que atue como um corpo estranho em sujeitos diagnosticados com lúpus eritematoso sistêmico. Foi adotada a abordagem qualitativa e o referencial teórico psicanalítico. Como procedimento metodológico, realizamos uma entrevista semiestruturada com dez sujeitos que foram diagnosticados com lúpus eritematoso sistêmico. Com a análise das entrevistas, percebemos, por parte dos pacientes, características operatórias que foram aproximadas da noção de pensamento catalogador, pelo aspecto comum do discurso pouco associativo e afetado. Percebemos também, por fim, uma dificuldade de reconhecimento e aceitação do estranho, o que foi aproximado da dissociação psique-soma, e indicou que o “estranho” do paciente com lúpus corresponderia, primariamente, não ao funcionamento mental, mas a seu próprio corpo.
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