Crianças desnutridas, a Saúde mental de suas mães e a perspectiva de intervenção psicossocial
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Data de Publicação: | 1996 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNIFESP |
Texto Completo: | http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/13545 |
Resumo: | Objetivos: 1) Medir a associação entre desnutrição energético protéica (DEP) em crianças de famílias de baixa renda e a saúde mental de suas mães; 2) estudar a confiabilidade de um instrumento para medir a interação mãe-criança, apropriado para ser utilizado em ambientes de baixa renda, e que possa também ser utilizado para avaliar o efeito de intervenções nestes locais; 3) estudar a associação entre interação mãe-criança desnutrida (IMCD) e saúde mental da mãe (SMM); e 4) testar a aplicabilidade de uma intervenção na interação mãe-criança desnutrida em mães com e sem problemas mentais. Material e métodos: Estudo caso controle: Casos foram mães de 60 crianças com DEP moderada e grave (critérios de Gomez) selecionadas de 2 Postos de Saúde. Controles consistiram em 45 mães de crianças eutróficas que freqüentavam os mesmos postos. A mãe era considerada uma portadora provável de um transtorno emocional quando atingia um escore pelo Questionário de Morbidade Psiquiátrica do Adulto (QMPA) >6. Estudo de confiabilidade entre aplicadores: consistiu na avaliação feita por 2 juizes independentes de um video tape de 10 minutos de duração em que a mãe interagia com seu filho desnutrido. Os videos foram gravados nas casas das duplas mãe-criança. Dezoito duplas mãe-criança desnutrida foram selecionadas em 2 Postos de Saúde do Embu. Mães que não permaneciam parte significativa do dia com seus filhos foram excluídas. Foram registradas as concordâncias dos 2 juizes de acordo com 8 itens (total e um por um): sentimentos positivos (SP), seguir a iniciativa da criança (SIC), comunicar-se verbalmente ou não (COM), elogiar (ELO), focalizar (FO), dar significado (DSIG), expandir (EXP), regular (REG). Cada item tinha a possibilidade de escore 0 (ausente), 1 (pouco presente) e 2 (presente de maneira satisfatória); Estudo transversal de pareamento: comparação de escores de interação mãe-criança desnutrida, em mães com e sem transtornos emocionais provenientes de 2 Postos de Saúde do Embu. Vinte e quatro mães de crianças desnutridas (1 a 4 anos de idade) foram consecutivamente escolhidas excluindo-se aquelas mães que não passavam tempo significativo com seu filho. A saúde mental materna foi avaliada pelo "Self Report Questionnaire" (SRQ), um instrumento de rastreamcnto psiquiátrico. Os escores de interação mãe-criança desnutrida foram avaliados por um juiz independente avaliando um video de 10 minutos, através de metodologia descrita no estudo prévio. Estudo de aplicabilidade da intervenção: Dezoito duplas mãe-criança desnutrida foram aleatoriamente distribuídas em 2 grupos [12 no grupo experimental (GE) e 6 no grupo controle (GC)]. Ambos os grupos foram avaliados em termos do estado nutricional das crianças (através da curva de crescimento Ondero-estatural), estado mental das mães (através do SRQ) e do escore atribuído a sua interação mãe-criança. A intervenção consistiu em 6 visitas de uma hora de duração para treinar as mães a interagir melhor com seus filhos. Acompanhamento pediátrico era dispensado às crianças dos 2 grupos. Um ano após a intervenção reavaliou-se o escore atribuído a sua interação mãe-criança e o estado nutricional das crianças, estratificando-se as mães pelo seu estado mental. Resultados: Estudo caso controle: 63% das mães de crianças com DEP e 38% das mães do grupo controle foram positivas no QMPA: OR = 2,8 (IC 95% 1,2, 6,9). 27% das crianças com DEP tinham baixo peso ao nascer (BPN < 2.500 g) e 6% dos controles tinha BPN. Foram identificadas interações entre saúde mental da mãe e número de crianças [3 ou menos: OR = 20,0 (IC 95% 2,1, 274,2), 4 ou mais: OR = 1,6 IC 95% 0,6, 4,5)], assim como saúde mental da mãe e idade materna [mães acima de 30 anos: OR = 12,5 (IC 95% 2,0, 93,4), mães com até 30 anos: OR = 1,5 (IC 95% 0,5, 4,4); Estudo de confiabilidade entre aplicadores: Kappa ponderado SP = 0,265, SIC = 0,437, COM = 88,9% (kappa não foi utilizado porque 1 juiz deu o mesmo escore para todas as duplas), ELO = 0,163, FO = 0,455, DSIG = 0,586, EXP = - 0,189, REG = 0,372). ELO e EXP apresentaram baixa taxa de concordância e foram excluídos do cálculo do kappa ponderado total = 0,546 (EP = 0,131); Estudo transversal de pareamento: Mães com provável transtorno emocional apresentaram escores de interação mais baixos que as outras U (Mann-Whitney) = 13,0 (p<0,001). Outras variáveis selecionadas (idade da mãe, número de filhos, renda mensal per capita, escolaridade da mãe e idade da criança) não apresentaram associação estatística com o escore de interação. O pequeno tamanho da amostra não permitiu a análise de possíveis interações estatísticas; Estudo de aplicabilidade da intervenção: A média da diferença dos escores antes e depois da intervenção entre grupo experimental (GE) e grupo controle (GC) foi 1,67 (IC 95% 0,05, 3,29) (p = 0, 04). Estratificando pela saúde mental materna, as mks SRQ positivas: média da diferença = 1,33 (IC 95% -1,41, 4,07), e mães SRQ negativas = 1,72 (IC 95% -0,55, 3,99) (po = 0,12). A diferença entre o estado nutricional entre GE e GC após um ano da intervenção: p= 0,71. Discussão: Estudo caso controle: Mães de crianças com DEP mostraram uma taxa maior de transtornos emocionais do que mães de crianças eutróficas. Ao contrário do BPN, idade materna e número de filhos interagem com a saúde mental da mãe, aumentando a associação. A abordagem da saúde mental materna pode levar as mães a terem melhores a melhores cuidados com seus filhos, e isto pode ter um impacto na DEP. Estudo de confiabilidade entre aplicadores: O instrumento apresentou uma confiabilidade entre aplicadores razoável quando os itens ELO e EXP foram excluídos, podendo assim ser utilizado para avaliação da interação mãe-criança desnutrida. Estudo transversal de pareamento: Embora o tamanho amostral seja pequeno, os resultados são sugestivos de uma associação positiva entre o comprometimento da saúde mental das mães e os baixos escores de interação entre as mães e seus filhos desnutridos. Estudo de aplicabilidade da intervenção: A intervenção é aplicável, e parece melhorar a interação mãe-criança. Mães com transtornos emocionais tendem a ter um grau menor de melhora, sem atingir um grau de significância estatística. Embora não tenha sido detectado diferença no estado nutricional entre GE e GC, talvez o período de um ano seja insuficiente. |
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Tese (Doutorado em Ciências) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 1996.http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/13545Tese-2783.pdfObjetivos: 1) Medir a associação entre desnutrição energético protéica (DEP) em crianças de famílias de baixa renda e a saúde mental de suas mães; 2) estudar a confiabilidade de um instrumento para medir a interação mãe-criança, apropriado para ser utilizado em ambientes de baixa renda, e que possa também ser utilizado para avaliar o efeito de intervenções nestes locais; 3) estudar a associação entre interação mãe-criança desnutrida (IMCD) e saúde mental da mãe (SMM); e 4) testar a aplicabilidade de uma intervenção na interação mãe-criança desnutrida em mães com e sem problemas mentais. Material e métodos: Estudo caso controle: Casos foram mães de 60 crianças com DEP moderada e grave (critérios de Gomez) selecionadas de 2 Postos de Saúde. 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Ambos os grupos foram avaliados em termos do estado nutricional das crianças (através da curva de crescimento Ondero-estatural), estado mental das mães (através do SRQ) e do escore atribuído a sua interação mãe-criança. A intervenção consistiu em 6 visitas de uma hora de duração para treinar as mães a interagir melhor com seus filhos. Acompanhamento pediátrico era dispensado às crianças dos 2 grupos. Um ano após a intervenção reavaliou-se o escore atribuído a sua interação mãe-criança e o estado nutricional das crianças, estratificando-se as mães pelo seu estado mental. Resultados: Estudo caso controle: 63% das mães de crianças com DEP e 38% das mães do grupo controle foram positivas no QMPA: OR = 2,8 (IC 95% 1,2, 6,9). 27% das crianças com DEP tinham baixo peso ao nascer (BPN < 2.500 g) e 6% dos controles tinha BPN. 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Outras variáveis selecionadas (idade da mãe, número de filhos, renda mensal per capita, escolaridade da mãe e idade da criança) não apresentaram associação estatística com o escore de interação. O pequeno tamanho da amostra não permitiu a análise de possíveis interações estatísticas; Estudo de aplicabilidade da intervenção: A média da diferença dos escores antes e depois da intervenção entre grupo experimental (GE) e grupo controle (GC) foi 1,67 (IC 95% 0,05, 3,29) (p = 0, 04). Estratificando pela saúde mental materna, as mks SRQ positivas: média da diferença = 1,33 (IC 95% -1,41, 4,07), e mães SRQ negativas = 1,72 (IC 95% -0,55, 3,99) (po = 0,12). A diferença entre o estado nutricional entre GE e GC após um ano da intervenção: p= 0,71. Discussão: Estudo caso controle: Mães de crianças com DEP mostraram uma taxa maior de transtornos emocionais do que mães de crianças eutróficas. 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