Natureza morta, de Susana de Sousa Dias: políticas e ritornelos da imagem

• Autor(a) principal: Guideroli, Ilma Carla Zarotti [UNIFESP]
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
• Texto Completo: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=10401506; https://repositorio.unifesp.br/xmlui/handle/11600/64709
• topic: Susana De Sousa Dias; Cinema Português; Montagem; Arquivo; Ritornelo; Susana De Sousa Dias; Portuguese Cinema; Refrain; Montage; Archive

O presente estudo consiste em uma análise do filme Natureza Morta (2005), da diretora e artista portuguesa Susana de Sousa Dias, que realizou longas pesquisas aos acervos documentais da ditadura salazarista (1926-1974) a fim de produzi-lo. Interessa-nos investigá- lo tendo em vista a proposição de relações segundo os seguintes eixos norteadores: o problema do arquivo, os rostos e retratos de identificação dos presos políticos, os procedimentos de montagem e a questão dos gestos. Para tanto, iremos nos valer das reflexões de um conjunto de autores, entre eles, Didi-Huberman, Foucault, Deleuze e Guattari. Os dois últimos, em particular, nos fornecem a relevante noção de ritornelo, com a qual nosso texto mantém intenso diálogo, uma vez que, dando a ver o movimento das imagens e dos sons em rearranjos contínuos, nos ajuda a iluminar e a pensar certas singularidades da montagem, alvo de relevo do trabalho. Os efeitos mais nítidos destes procedimentos encerram uma visada política evidente: as imagens podem adquirir sentidos outros, apresentando camadas virtualmente mais profundas, levando-as a algo como um ponto de viragem, de tal modo que novas narrativas podem ser apresentadas, para além daquelas lastreadas na história oficial. É de se dizer ainda que, mais que aplicar explicitamente referenciais teóricos enquanto instrumentos para a análise, o propósito foi o de estabelecer diálogos e conexões possíveis entre ambos, valorizando também a compreensão das imagens do filme por si, enquanto acontecimento e pensamento próprios.