Efeitos do racismo no processo de identificação em crianças negras

• Autor(a) principal: Santos, Ana Claudia Santana dos [UNIFESP]
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
• Texto Completo: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/51902
• topic: Identificação; Racismo; Criança negra; Infância; Identification; Racisme; Enfant noir; Enfance

O racismo está presente nas relações sociais e se manifesta de maneira complexa, alcançando as crianças em seu cotidiano, e interferindo na sua formação identitária durante a infância. Vivências de situações de racismo fazem com que as crianças negras percebam os traços negros como inferiores e indesejáveis, se sentindo desvalorizadas, o que as levam a buscar identificação com o indivíduo branco. A partir da compreensão de que a formação da identidade do sujeito é resultante de sua trajetória pessoal e da relação com o outro para a constituição do Eu, e, portanto, da sua história psicossocial, esta pesquisa tem como objetivo investigar efeitos do racismo no processo de identificação de crianças negras em período escolar. Os sujeitos da pesquisa foram meninas de seis a doze anos, moradoras da região de São Vicente. A abordagem utilizada foi a qualitativa, do tipo Pesquisa-intervenção. Foram realizadas dez oficinas tematizando o racismo no cotidiano e formas de enfrentamento e fortalecimento para crianças negras. A análise dos dados da pesquisa foi realizada utilizando-se do aporte teórico da psicanálise e das ciências sociais. Os resultados encontrados durante a pesquisa indicaram que as crianças negras desde cedo são afetadas pelo fenômeno do racismo e que este interfere diretamente no processo de identificação das mesmas. Alguns efeitos percebidos: negação dos traços afros e desejo de modificá-los; busca por se identificar com o indivíduo branco; vergonha e sentimento de impotência ao sofrer racismo. Foram observadas algumas formas de enfrentamento e fortalecimento utilizadas pelas meninas, as quais englobavam: questionamento do modelo de beleza pré-estabelecido socialmente; fortalecimento em grupo por meio do compartilhamento das histórias de racismo vivenciadas e acolhimento das vítimas; criação coletiva de estratégias para enfrentar o racismo.