Estudo químico e biológico do fungo basidiomiceto Neonothopanus gardneri (Berk. Ex Gardner) e avaliação de plantas com atividade de luciferina fúngica

• Autor(a) principal: Santos, Patricia Dias [UNIFESP]
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
• Texto Completo: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=5111846; https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/50038
• topic: Neonothopanus gardneri; Luciferina fúngica; Screening de plantas; Carboidratos; Atividade antitumoral; Neonothopanus gardneri; Fungal luciferin; Screening of plants; Carbohydrates; Antitumor activity

Basidiomicetos vêm sendo largamente utilizados em processos biotecnológicos, principalmente devido à produção de polissacarídeos bioativos. Neonothopanus gardneri (Berk. ex Gardner) é um basidiomiceto bioluminescente popularmente conhecido como flor-de-coco com distribuição exclusivamente Sul-Americana. A substância responsável pela bioluminescência nesse grupo de fungos é a 3-hidroxi-hispidina, biossintetizada pela hidroxilação da molécula precursora hispidina, catalisado pela hispidina-3-hidroxilase de- pendente de NAD(P)H resultando na liberação de energia na forma de luz fria e visível. Esta apresenta baixa estabilidade e acumulada em pequenas proporções em fungos, uma vez que é consumida durante a reação bioluminescente. Até o presente momento, não foi relatado na literatura nenhuma substância com atividade de emissão de luz proveniente de plantas. Derivados de estirilpironas com estrutura similar à da hispidina ou da luciferina fúngica, podem ser encontrados em plantas diversas, como Piperaceae, Zingeberaceae e Equisetaceae e são biossintetizadas a partir de reações catalisadas por estirilpirona sin- tase. Neste contexto, surge como hipótese do presente trabalho se plantas são capazes de biossintetizar compostos orgânicos com atividade de emissão de luz quando expostos as enzimas hidroxilase e/ou luciferase na presença ou na ausência de NAD(P)H. Dessa forma, objetivou-se avaliar o perfil químico de N. gardneri e a atividade de luciferina fún- gica em espécies de plantas antigas, intermediárias e recentes conforme a classificação filogenética. Das 41 espécies de plantas avaliadas para detecção de atividade de luciferina fúngica, 10 apresentaram emissão de luz na ausência de NAD(P)H, sendo que as espé- cies de Cattleya sp., Phalaenopsis sp., Casearia sylvestris e Piper tuberculatum mostraram maior intensidade de luz diante das demais espécies avaliadas e comparadas com o con- trole (3-hidroxi-hispidina). Pode-se concluir que algumas plantas possuem luciferina com atividade similar a 3-hidroxi-hispidina fúngica e reagem diretamente com a luciferase sem a necessidade de adição de NAD(P)H e portanto são capazes de emitir luz. Adicionalmente foi obtido o extrato aquoso a partir dos micélios de N. gardneri usando a técnica de extração acelerada por solvente (ASE). A partir do extrato aquoso foi obtida a fração polissacarídica por precipitação com etanol, seguida por processos de purificação por congelamento e de- gelo, precipitação com solução de Fehling e diálise por membranas com limite de exclusão de 1.000 KDa. A partir destas etapas de purificação foram obtidas diferentes frações de po- lissacarídeos e caracterizados por CG-EM e espectroscopia de RMN uni e bidimensional. O principal monossacarídeo observado foi a glucose apresentando-se em porcentagens acima de 90% em dois deles. A ligação glicosídica encontrada para uma das frações foi 1→6 com configuração β. O extrato bruto bem como as frações obtidas durante as várias etapas foram avaliadas quanto à atividade citotóxica frente a quatro linhagens de células tumorais, sendo que não foi observada atividade significativa, sugerindo que estes polissa- carídeos possam apresentar atividade antitumoral através de outros mecanismos.