Avaliação da frequência de comorbidades psiquiátricas em pacientes com epilepsia do lobo temporal e diferentes tipos de esclerose hipocampal
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNIFESP |
Texto Completo: | https://hdl.handle.net/11600/63081 |
Resumo: | A epilepsia do lobo temporal (ELT) é uma das síndromes epilépticas mais comuns, e muitos dos pacientes afetados não apresentam um bom controle das crises. Nestes casos, a zona de início das crises é frequentemente o hipocampo, que apresenta diversos graus de perda neuronal, caracterizando os padrões de esclerose hipocampal (EH). Estes pacientes também apresentam maior frequência de comorbidades psiquiátricas como depressão e psicose. Apesar de estudos indicando diferenças em expressão de várias proteínas entre pacientes com ELT com e sem comorbidades psiquiátricas, não há dados sobre a possível ligação entre presença de comorbidades e os padrões descritos de EH. Neste estudo avaliamos a frequência de depressão e psicoses em pacientes com ELT e diferentes tipos de EH. Pacientes com ELT farmacoresistente cujo hipocampo era a região de início ictal e que foram operados entre 2003 e 2021 foram classificados de acordo com o tipo de EH em EH 1 (n=23), EH 2 (n=21), e EH 3 (n=9) através de análise de secções coradas por Hematoxilina e Eosina e de secções imunomarcadas para proteína nuclear neuronal NeuN. Foram consultados prontuários médicos para a coleta de dados clínicos sobre a epilepsia e comorbidades psiquiátricas. Os grupos EH 1, EH 2 e EH 3 não apresentaram diferenças quanto ao sexo, grau de instrução e quociente de inteligência. A idade de início das crises, duração da epilepsia, idade dos pacientes na cirurgia, tipo e frequência mensal das crises, e a presença de injúria precipitante inicial foram similares entre os três grupos. Também não foi possível observar diferenças estatísticas entre os grupos quanto à porcentagem de pacientes livres de crises e lateralidade da ressecção cirúrgica. Dentre os pacientes com EH 1, 56,5% dos apresentaram alguma comorbidade psiquiátrica, sendo a depressão a comorbidade observada em 52% dos casos, seguida por psicose interictal em 13% e psicose pós-ictal em 4.35%. Quanto ao grupo EH 2, em 42,8% havia presença de comorbidades, sendo a depressão diagnosticada em 29%, e as psicoses dos tipos pós-ictal e interictal em 19% e 4,8%, respectivamente. Já no grupo de pacientes com EH 3, foi diagnosticada alguma comorbidade psiquiátrica em apenas 33,3%, sendo 11% dos casos com depressão, 11% com psicose interictal e 11% com psicose induzida por medicamentos. Apenas a frequência de depressão apresentou uma tendência à diferença entre os grupos, com EH 1 apresentando 5 vezes mais casos de depressão do que o grupo EH 3. Porém, após a correção para múltiplas comparações, não houve diferença entre os grupos na frequência de depressão. Quanto às comorbidades de novo, 11% dos pacientes do grupo EH 3 desenvolveram depressão, e 4,8% dos pacientes com EH 2, enquanto 22% dos pacientes com EH 3 apresentaram algum tipo de psicose no período pós-operatório. Em suma, não foi possível observar uma relação direta entre os padrões de perda neuronal e a presença de comorbidades psiquiátricas. |
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Neste estudo avaliamos a frequência de depressão e psicoses em pacientes com ELT e diferentes tipos de EH. Pacientes com ELT farmacoresistente cujo hipocampo era a região de início ictal e que foram operados entre 2003 e 2021 foram classificados de acordo com o tipo de EH em EH 1 (n=23), EH 2 (n=21), e EH 3 (n=9) através de análise de secções coradas por Hematoxilina e Eosina e de secções imunomarcadas para proteína nuclear neuronal NeuN. Foram consultados prontuários médicos para a coleta de dados clínicos sobre a epilepsia e comorbidades psiquiátricas. Os grupos EH 1, EH 2 e EH 3 não apresentaram diferenças quanto ao sexo, grau de instrução e quociente de inteligência. A idade de início das crises, duração da epilepsia, idade dos pacientes na cirurgia, tipo e frequência mensal das crises, e a presença de injúria precipitante inicial foram similares entre os três grupos. Também não foi possível observar diferenças estatísticas entre os grupos quanto à porcentagem de pacientes livres de crises e lateralidade da ressecção cirúrgica. Dentre os pacientes com EH 1, 56,5% dos apresentaram alguma comorbidade psiquiátrica, sendo a depressão a comorbidade observada em 52% dos casos, seguida por psicose interictal em 13% e psicose pós-ictal em 4.35%. Quanto ao grupo EH 2, em 42,8% havia presença de comorbidades, sendo a depressão diagnosticada em 29%, e as psicoses dos tipos pós-ictal e interictal em 19% e 4,8%, respectivamente. Já no grupo de pacientes com EH 3, foi diagnosticada alguma comorbidade psiquiátrica em apenas 33,3%, sendo 11% dos casos com depressão, 11% com psicose interictal e 11% com psicose induzida por medicamentos. Apenas a frequência de depressão apresentou uma tendência à diferença entre os grupos, com EH 1 apresentando 5 vezes mais casos de depressão do que o grupo EH 3. Porém, após a correção para múltiplas comparações, não houve diferença entre os grupos na frequência de depressão. Quanto às comorbidades de novo, 11% dos pacientes do grupo EH 3 desenvolveram depressão, e 4,8% dos pacientes com EH 2, enquanto 22% dos pacientes com EH 3 apresentaram algum tipo de psicose no período pós-operatório. Em suma, não foi possível observar uma relação direta entre os padrões de perda neuronal e a presença de comorbidades psiquiátricas.Temporal lobe epilepsy (TLE) is the most common drug-resistant epileptic syndrome. In these drug-resistant cases, the hippocampus is the most frequent region of seizure start, and often presents several degrees of neuron loss, characterizing hippocampal sclerosis (HS) classes. TLE patients also have a high frequency of psychiatric comorbidities, such as depression and interictal psychosis. Despite several studies pointing out differential protein levels between TLE cases with and without comorbidities, there is no data regarding differences in HS types. We aim to evaluate, in TLE patients with HS, the frequency of depression and interictal psychosis. TLE cases treated surgically between 2003 and 2021 that fulfilled our inclusion criteria were classified according to the 2013 ILAE HS classification into HS1(n=23), HS2 (n=21), and HS3 (n=9) after the inspection of hematoxylin-eosin stained and NeuN immunostained sections. Data from epilepsy and psychiatric histories were collected from medical records. All groups had a similar sex distribution, education, and intelligence quotient. Epilepsy onset, duration, age at surgery, side of the epileptogenic zone, seizure type and frequency, presence of initial precipitant injury, and postsurgical Engel score were similar in HS1, HS2, and HS3 groups. Among HS1 patients, 56.5% had some psychiatric comorbidity, with 52% presenting depression, followed by interictal psychosis in 13% and postictal psychosis in 4.35%. Psychiatric comorbidity was also frequent in HS2 cases, with 42.8% of the patients presenting some comorbidity. These also had depression as the most frequent comorbidity (29%), with 19% presenting postictal psychosis and 4.8% interictal psychosis. Finally, only 33% of HS3 cases had some comorbidity, with equal proportion of depression, interictal psychosis, and medication-induced psychosis (11% each). Only depression showed a trend towards different proportions among the groups, with HS1 presenting high frequency of depression when compared to HS3. However, after correcting p-values for multiple comparisons, the difference was not significant. De novo depression was seen in 11% HS3 cases and 4.8% of HS2, while 22% of HS3 had de novo psychosis, without difference between groups. Thus, no significant difference in the frequency of depression and psychosis was seen between cases with TLE and different HS types.Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)2020/14642-8Universidade Federal de São PauloSantos, José Eduardo Peixoto [UNIFESP]http://lattes.cnpq.br/2193388577862805http://lattes.cnpq.br/8793569936647110Batelli, Thais Forner [UNIFESP]2022-02-22T19:01:26Z2022-02-22T19:01:26Z2022info:eu-repo/semantics/bachelorThesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion88 f.application/pdfhttps://hdl.handle.net/11600/63081porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNIFESPinstname:Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)instacron:UNIFESP2024-07-26T16:39:09Zoai:repositorio.unifesp.br/:11600/63081Repositório InstitucionalPUBhttp://www.repositorio.unifesp.br/oai/requestbiblioteca.csp@unifesp.bropendoar:34652024-07-26T16:39:09Repositório Institucional da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)false |
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A epilepsia do lobo temporal (ELT) é uma das síndromes epilépticas mais comuns, e muitos dos pacientes afetados não apresentam um bom controle das crises. Nestes casos, a zona de início das crises é frequentemente o hipocampo, que apresenta diversos graus de perda neuronal, caracterizando os padrões de esclerose hipocampal (EH). Estes pacientes também apresentam maior frequência de comorbidades psiquiátricas como depressão e psicose. Apesar de estudos indicando diferenças em expressão de várias proteínas entre pacientes com ELT com e sem comorbidades psiquiátricas, não há dados sobre a possível ligação entre presença de comorbidades e os padrões descritos de EH. Neste estudo avaliamos a frequência de depressão e psicoses em pacientes com ELT e diferentes tipos de EH. Pacientes com ELT farmacoresistente cujo hipocampo era a região de início ictal e que foram operados entre 2003 e 2021 foram classificados de acordo com o tipo de EH em EH 1 (n=23), EH 2 (n=21), e EH 3 (n=9) através de análise de secções coradas por Hematoxilina e Eosina e de secções imunomarcadas para proteína nuclear neuronal NeuN. Foram consultados prontuários médicos para a coleta de dados clínicos sobre a epilepsia e comorbidades psiquiátricas. Os grupos EH 1, EH 2 e EH 3 não apresentaram diferenças quanto ao sexo, grau de instrução e quociente de inteligência. A idade de início das crises, duração da epilepsia, idade dos pacientes na cirurgia, tipo e frequência mensal das crises, e a presença de injúria precipitante inicial foram similares entre os três grupos. Também não foi possível observar diferenças estatísticas entre os grupos quanto à porcentagem de pacientes livres de crises e lateralidade da ressecção cirúrgica. Dentre os pacientes com EH 1, 56,5% dos apresentaram alguma comorbidade psiquiátrica, sendo a depressão a comorbidade observada em 52% dos casos, seguida por psicose interictal em 13% e psicose pós-ictal em 4.35%. Quanto ao grupo EH 2, em 42,8% havia presença de comorbidades, sendo a depressão diagnosticada em 29%, e as psicoses dos tipos pós-ictal e interictal em 19% e 4,8%, respectivamente. Já no grupo de pacientes com EH 3, foi diagnosticada alguma comorbidade psiquiátrica em apenas 33,3%, sendo 11% dos casos com depressão, 11% com psicose interictal e 11% com psicose induzida por medicamentos. Apenas a frequência de depressão apresentou uma tendência à diferença entre os grupos, com EH 1 apresentando 5 vezes mais casos de depressão do que o grupo EH 3. Porém, após a correção para múltiplas comparações, não houve diferença entre os grupos na frequência de depressão. Quanto às comorbidades de novo, 11% dos pacientes do grupo EH 3 desenvolveram depressão, e 4,8% dos pacientes com EH 2, enquanto 22% dos pacientes com EH 3 apresentaram algum tipo de psicose no período pós-operatório. Em suma, não foi possível observar uma relação direta entre os padrões de perda neuronal e a presença de comorbidades psiquiátricas. |
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