Escola, espaço e educação: a arquitetura como fator de modernização pedagógica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNIFESP |
Texto Completo: | https://repositorio.unifesp.br/11600/67927 |
Resumo: | Este estudo teve por finalidade analisar como a comunidade do antigo Ginásio de Utinga, hoje, renomeado Escola Estadual Adamastor de Carvalho, situado em Santo André, tem, ao longo dos anos, explorado e configurado o espaço escolar para atender suas finalidades pedagógicas e comparar com os usos dados pela comunidade do antigo Ginásio de Guarulhos, hoje, Escola Estadual Conselheiro Crispiniano, localizado em Guarulhos. Ambas as escolas foram projetadas nos anos 1960, pelos arquitetos modernistas Carlos Cascaldi (1918- ) e João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), o qual acreditava na arquitetura como um importante instrumento de mudança social e, com essa perspectiva, via nas construções escolares um meio que poderia contribuir para essa transformação. Tal visão o levou a projetar escolas sem muros, ajardinadas, com espaços amplos, paredes de vidro, banheiros voltados para a rua, a fim de permitir a convivência contínua entre alunos, escola e sociedade. O prédio do Conselheiro Crispiniano foi, recentemente, restaurado e recuperou a maioria das características do projeto original, e o do Adamastor de Carvalho ainda não foi recuperado, o que justificou o estudo comparativo proposto. A pesquisa se desenvolveu em duas etapas distintas, mas que se complementaram. Na primeira delas, realizamos um estudo histórico para verificar se o ideário modernizador, proposto por Artigas e incorporado na arquitetura do antigo Ginásio de Utinga, foi percebido por aqueles que freqüentaram o espaço institucional, no período próximo à inauguração do edifício e se esse ideário interferiu nas práticas e nas normas da escola. Nessa etapa, além da leitura de textos para a delimitação do contexto histórico-social do período e para o balizamento dos marcos teóricos, analisamos documentos relacionados à história da escola; realizamos um registro fotográfico para comparação com o projeto original e entrevistamos ex-integrantes da comunidade escolar. O mesmo estudo histórico em relação ao Ginásio de Guarulhos não foi realizado, nessa etapa, porque já havia sido feito por outra pesquisadora. Apenas comparamos os dados. Na segunda etapa da pesquisa, analisamos o projeto pedagógico de cada escola e fizemos entrevistas com atuais gestores, professores, alunos e funcionários. Com o material coletado na primeira etapa, constatamos que houve uma “rejeição” dos educadores à proposta dos arquitetos modernistas, nos primeiros anos de funcionamento das escolas (décadas de 1960 e 1970), porque dificultava o controle e a disciplina. Isso significou muitas intervenções e adaptações nos ambientes que descaracterizaram a arquitetura original. Porém, ficou evidenciado, nas entrevistas, que a grandiosidade e a modernidade da arquitetura dessas escolas não passavam despercebidas pelos alunos que as freqüentavam. Na segunda etapa, nosso estudo mostrou que, atualmente, as comunidades escolares lidam com os espaços de maneiras diferentes para torná-los funcionais e adequados às finalidades educativas pretendidas. Enquanto em uma – a não restaurada – a readaptação do ambiente mantém-se como uma forma importante de condicionar comportamentos, na outra, em função do restauro e, portanto, da impossibilidade de intervenções, há um maior investimento nas ações pedagógicas e na definição de regras para o uso do espaço de acordo com a proposta educativa. |
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Ambas as escolas foram projetadas nos anos 1960, pelos arquitetos modernistas Carlos Cascaldi (1918- ) e João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), o qual acreditava na arquitetura como um importante instrumento de mudança social e, com essa perspectiva, via nas construções escolares um meio que poderia contribuir para essa transformação. Tal visão o levou a projetar escolas sem muros, ajardinadas, com espaços amplos, paredes de vidro, banheiros voltados para a rua, a fim de permitir a convivência contínua entre alunos, escola e sociedade. O prédio do Conselheiro Crispiniano foi, recentemente, restaurado e recuperou a maioria das características do projeto original, e o do Adamastor de Carvalho ainda não foi recuperado, o que justificou o estudo comparativo proposto. A pesquisa se desenvolveu em duas etapas distintas, mas que se complementaram. Na primeira delas, realizamos um estudo histórico para verificar se o ideário modernizador, proposto por Artigas e incorporado na arquitetura do antigo Ginásio de Utinga, foi percebido por aqueles que freqüentaram o espaço institucional, no período próximo à inauguração do edifício e se esse ideário interferiu nas práticas e nas normas da escola. Nessa etapa, além da leitura de textos para a delimitação do contexto histórico-social do período e para o balizamento dos marcos teóricos, analisamos documentos relacionados à história da escola; realizamos um registro fotográfico para comparação com o projeto original e entrevistamos ex-integrantes da comunidade escolar. O mesmo estudo histórico em relação ao Ginásio de Guarulhos não foi realizado, nessa etapa, porque já havia sido feito por outra pesquisadora. Apenas comparamos os dados. Na segunda etapa da pesquisa, analisamos o projeto pedagógico de cada escola e fizemos entrevistas com atuais gestores, professores, alunos e funcionários. Com o material coletado na primeira etapa, constatamos que houve uma “rejeição” dos educadores à proposta dos arquitetos modernistas, nos primeiros anos de funcionamento das escolas (décadas de 1960 e 1970), porque dificultava o controle e a disciplina. Isso significou muitas intervenções e adaptações nos ambientes que descaracterizaram a arquitetura original. Porém, ficou evidenciado, nas entrevistas, que a grandiosidade e a modernidade da arquitetura dessas escolas não passavam despercebidas pelos alunos que as freqüentavam. Na segunda etapa, nosso estudo mostrou que, atualmente, as comunidades escolares lidam com os espaços de maneiras diferentes para torná-los funcionais e adequados às finalidades educativas pretendidas. Enquanto em uma – a não restaurada – a readaptação do ambiente mantém-se como uma forma importante de condicionar comportamentos, na outra, em função do restauro e, portanto, da impossibilidade de intervenções, há um maior investimento nas ações pedagógicas e na definição de regras para o uso do espaço de acordo com a proposta educativa.The aim of this study is examining how the community of the old Utinga High School, now, renamed as School State Adamastor de Carvalho, located in Santo André, has over the years explored and configured the school space to attend its pedagogical purposes; furthermore, to compare the uses of this space with the community of the old Guarulhos High School, today, as Counselor Crispiniano State School, located in Guarulhos. Both schools were designed in the 1960s by modernists architects Carlos Cascaldi (1918 - ) and João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), who believed in architecture as an important social instrument of transformation. Using this perspective, the architect saw in a school building means that could contribute to this transformation. This vision led him to design schools without walls, landscaped with large spaces, glass walls, bathrooms facing the street to allow the continued coexistence between students, school and society. The Counselor Crispiniano building was recently restored and recovered most of the original design‟s features. The Adamastor de Carvalho has not been recovered yet, which justified the proposed comparative study. The research was developed in two distinct stages, however complementary. In the first, we conducted a historical study to see if the ideas of modernization proposed by Artigas, and incorporated into the architecture of the old Utinga High School, was perceived by those who attended the institutional space, in the period of the building‟s inauguration; moreover if this set of ideas interfered with the school‟s practices and norms. In this stage, besides the reading of texts for the delimitation of the socio-historical context of the period and for delineating the theoretical framework, we analyzed documents related to the history of the school, and interviewed former members of the school community. The same study about Guarulhos High School has not been done at this stage, because it has already been done by another researcher. We just compare the data between them. In the second survey, we analyzed the pedagogical project of each school. We interviewed current school managers, teachers, students and staff. With the material collected in the first step, we observed a “rejection” of educators to the proposal of modernists architects, in the first years of the school‟s operation (the 1960 and 1970), because of difficulties to control and to discipline. This meant many interventions and adaptations in environments that attended. Although, it was evident, in the interviews, the grandiosity and modernity of the architecture of these schools was not unnoticed by the students. The second stage, our study showed that, nowadays, the school communities deal with the spaces in different ways to make them functional and appropriate to their educational purposes intended. While in the non-restored one the environment rehabilitation keeps an important way of constraining behavior, on the other, due to the restoration, and also the impossibility of interventions, there is a greater investment in the pedagogical actions, and in the definitions of the rules for the use of space according to the educational proposal.92 p.porUniversidade Federal de São Paulo (UNIFESP)Arquitetura escolarArquitetos modernistasPráticas pedagógicasArchitecture schoolModernists architectsPedagogical practicesEscola, espaço e educação: a arquitetura como fator de modernização pedagógicaSchool, space and education: the architecture as a factor of pedagogical modernizationinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNIFESPinstname:Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)instacron:UNIFESPGuarulhos, Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH)Pedagogia11600/679272023-06-07 11:12:27.886metadata only accessoai:repositorio.unifesp.br:11600/67927Repositório InstitucionalPUBhttp://www.repositorio.unifesp.br/oai/requestopendoar:34652023-06-07T14:12:27Repositório Institucional da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)false |
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Este estudo teve por finalidade analisar como a comunidade do antigo Ginásio de Utinga, hoje, renomeado Escola Estadual Adamastor de Carvalho, situado em Santo André, tem, ao longo dos anos, explorado e configurado o espaço escolar para atender suas finalidades pedagógicas e comparar com os usos dados pela comunidade do antigo Ginásio de Guarulhos, hoje, Escola Estadual Conselheiro Crispiniano, localizado em Guarulhos. Ambas as escolas foram projetadas nos anos 1960, pelos arquitetos modernistas Carlos Cascaldi (1918- ) e João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), o qual acreditava na arquitetura como um importante instrumento de mudança social e, com essa perspectiva, via nas construções escolares um meio que poderia contribuir para essa transformação. Tal visão o levou a projetar escolas sem muros, ajardinadas, com espaços amplos, paredes de vidro, banheiros voltados para a rua, a fim de permitir a convivência contínua entre alunos, escola e sociedade. O prédio do Conselheiro Crispiniano foi, recentemente, restaurado e recuperou a maioria das características do projeto original, e o do Adamastor de Carvalho ainda não foi recuperado, o que justificou o estudo comparativo proposto. A pesquisa se desenvolveu em duas etapas distintas, mas que se complementaram. Na primeira delas, realizamos um estudo histórico para verificar se o ideário modernizador, proposto por Artigas e incorporado na arquitetura do antigo Ginásio de Utinga, foi percebido por aqueles que freqüentaram o espaço institucional, no período próximo à inauguração do edifício e se esse ideário interferiu nas práticas e nas normas da escola. Nessa etapa, além da leitura de textos para a delimitação do contexto histórico-social do período e para o balizamento dos marcos teóricos, analisamos documentos relacionados à história da escola; realizamos um registro fotográfico para comparação com o projeto original e entrevistamos ex-integrantes da comunidade escolar. O mesmo estudo histórico em relação ao Ginásio de Guarulhos não foi realizado, nessa etapa, porque já havia sido feito por outra pesquisadora. Apenas comparamos os dados. Na segunda etapa da pesquisa, analisamos o projeto pedagógico de cada escola e fizemos entrevistas com atuais gestores, professores, alunos e funcionários. Com o material coletado na primeira etapa, constatamos que houve uma “rejeição” dos educadores à proposta dos arquitetos modernistas, nos primeiros anos de funcionamento das escolas (décadas de 1960 e 1970), porque dificultava o controle e a disciplina. Isso significou muitas intervenções e adaptações nos ambientes que descaracterizaram a arquitetura original. Porém, ficou evidenciado, nas entrevistas, que a grandiosidade e a modernidade da arquitetura dessas escolas não passavam despercebidas pelos alunos que as freqüentavam. Na segunda etapa, nosso estudo mostrou que, atualmente, as comunidades escolares lidam com os espaços de maneiras diferentes para torná-los funcionais e adequados às finalidades educativas pretendidas. Enquanto em uma – a não restaurada – a readaptação do ambiente mantém-se como uma forma importante de condicionar comportamentos, na outra, em função do restauro e, portanto, da impossibilidade de intervenções, há um maior investimento nas ações pedagógicas e na definição de regras para o uso do espaço de acordo com a proposta educativa. |
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