Recuperação populacional e fecundidade dos Kamaiurá, povo Tupi do Alto Xingu, Brasil Central, 1970-2003

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pagliaro, Heloisa [UNIFESP]
Data de Publicação: 2007
Outros Autores: Junqueira, Carmen
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
Texto Completo: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/3850
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902007000200005
Resumo: Este trabalho analisa a fecundidade dos Kamaiurá, povo Tupi habitante do Parque Indígena do Xingu (PIX), entre 1970 e 2003. As fontes de dados foram os registros do Programa de Saúde da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) no Parque Indígena do Xingu e levantamentos de campo realizados em 2003. O estudo mostrou que até 1966 a população Kamaiurá manteve-se estável devido à alta mortalidade por epidemias de doenças infecciosas e disputas com os povos da região, assim como à fecundidade moderada. Entre 1967 e 2002, essa população cresceu 3,5% ao ano. O nível da fecundidade das Kamaiurá passou de 5,7 para 6,2 filhos por mulher, entre 1970 e 2003, tendo atingido seu valor máximo em 1980 (6,6). A partir da década de 1990, houve um envelhecimento do padrão reprodutivo, evidenciado pela redução dos níveis de fecundidade das mulheres com até 24 anos e aumento entre as mulheres dos demais grupos etários. A média de idade ao nascimento do primeiro filho aumentou de 16,2 para 18,8 anos, no período 1970-2003, e a proporção de mulheres solteiras maiores de 15 anos de idade também cresceu: de 6,3%, em 1971, para 26%, em 2003. Nesse período, o intervalo entre os nascimentos variou entre 30,3 e 36 meses. O aumento da fecundidade dos Kamaiurá foi favorecido pela melhoria das condições de saúde decorrente da queda da mortalidade, mas ocorreu sem o abandono de suas práticas tradicionais de controle da natalidade, o que lhes permitiu crescer de forma racional e equilibrada.
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O estudo mostrou que até 1966 a população Kamaiurá manteve-se estável devido à alta mortalidade por epidemias de doenças infecciosas e disputas com os povos da região, assim como à fecundidade moderada. Entre 1967 e 2002, essa população cresceu 3,5% ao ano. O nível da fecundidade das Kamaiurá passou de 5,7 para 6,2 filhos por mulher, entre 1970 e 2003, tendo atingido seu valor máximo em 1980 (6,6). A partir da década de 1990, houve um envelhecimento do padrão reprodutivo, evidenciado pela redução dos níveis de fecundidade das mulheres com até 24 anos e aumento entre as mulheres dos demais grupos etários. A média de idade ao nascimento do primeiro filho aumentou de 16,2 para 18,8 anos, no período 1970-2003, e a proporção de mulheres solteiras maiores de 15 anos de idade também cresceu: de 6,3%, em 1971, para 26%, em 2003. Nesse período, o intervalo entre os nascimentos variou entre 30,3 e 36 meses. O aumento da fecundidade dos Kamaiurá foi favorecido pela melhoria das condições de saúde decorrente da queda da mortalidade, mas ocorreu sem o abandono de suas práticas tradicionais de controle da natalidade, o que lhes permitiu crescer de forma racional e equilibrada.This paper analyses the fertility of the Kamaiurá, a Tupi people that inhabits the Xingu Indigenous Park (XIP), between 1970 and 2003. Data has been gathered from medical records of the Health Program of the São Paulo Federal University (UNIFESP) at XIP, and from a survey conducted at the Kamaiurá village in 2003. Results have shown that before 1966, high mortality rates due to disputes among the indigenous nations of the region and contagious diseases, as well as moderate fertility levels were responsible for the stability trend of the population. The average population growth between 1967 and 2003 was 3.5%. Total fertility rates increased from 5.7 to 6.2 births per woman, between 1970 and 2003, reaching their highest level in 1980 (6.6). Since the 1990s there has been an ageing of the reproductive patterns, with the decrease of fertility levels among women up to 24 years of age, and an increase among women in the other age groups. The average age at first birth increased from 16.2 to 18.8 years between 1970-2003; the proportion of single women older than 15 years also increased: from 6.3% in 1971 to 26% in 2003; the inter-birth intervals varied between 30.3 and 36 months. The increase in the Kamaiurá's fertility rate was favored by the decrease in general and infant mortality rates, but the Kamaiurá did not abandon their traditional fertility controls, which has allowed a rational and balanced population growth.Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Escola Paulista de Medicina Departamento de Medicina PreventivaPontifícia Universidade Católica de São PauloUNIFESP, EPM, Depto. de Medicina PreventivaSciELO37-47porFaculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo.Associação Paulista de Saúde Pública.Saúde e SociedadeFecundidade dos KamaiuráRecuperação populacional dos povos indígenasÍndios das Terras Baixas da América LatinaDemografia dos povos indígenasPovos indígenas do Brasil CentralKamaiurá's FertilityIndigenous Population GrowthIndigenous Population in the Lowlands of Latin AmericaDemography of Indigenous PeopleIndigenous People of Central BrazilRecuperação populacional e fecundidade dos Kamaiurá, povo Tupi do Alto Xingu, Brasil Central, 1970-2003Population recovery and fertility Among the Kamaiurá, Tupi people of the Alto Xingu, Central Brazil, 1970-2003info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNIFESPinstname:Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)instacron:UNIFESPORIGINALS0104-12902007000200005.pdfapplication/pdf199343${dspace.ui.url}/bitstream/11600/3850/1/S0104-12902007000200005.pdfa1e022a87146717af656212f1d7a9005MD51open accessTEXTS0104-12902007000200005.pdf.txtS0104-12902007000200005.pdf.txtExtracted texttext/plain45081${dspace.ui.url}/bitstream/11600/3850/2/S0104-12902007000200005.pdf.txtcde5afb19f3d76d0a92a7e02c8d30d8eMD52open access11600/38502022-02-08 12:57:18.588open accessoai:repositorio.unifesp.br:11600/3850Repositório InstitucionalPUBhttp://www.repositorio.unifesp.br/oai/requestopendoar:34652022-02-08T15:57:18Repositório Institucional da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)false
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