Constelações de vagalumes: Bruno Schulz e outros insetos fosforescentes no cosmos da palavra poética

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Martins, Élida Mara Alves Dantas
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFU
Texto Completo: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/30118
http://doi.org/10.14393/ufu.te.2020.406
Resumo: Como se mapeasse sob uma perspectiva astronômica a incidência do espírito da arte sobre a humanidade, em um ensaio intitulado “Assim nascem as lendas”, de 1935, o escritor e pintor polonês Bruno Schulz, figura em torno da qual constelo as reflexões desta tese, pinta apenas com palavras a seguinte paisagem cósmica: “a grandeza está repartida escassamente, em pequenas doses, sobre o mapa do mundo, como os lampejos de um metal precioso sobre os hectares de um jardim de rochas”. Com seus sentidos de poeta, Schulz professa sua crença no fato de que os verdadeiros artistas entraram em extinção assim que o século XIX digeriu seu último grande homem, seu último metal precioso. Segundo ele, depois disso, a humanidade respirou aliviada, jurando não mais dar à luz nenhum. Quatro décadas depois, em 1975, em outro canto do globo terrestre, por meio de um artigo intitulado “O vazio do poder na Itália”, o cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, com tom igualmente pessimista e mesmo senso de responsabilidade de Schulz, anunciou um desaparecimento semelhante: o espírito popular, o próprio espírito humano havia desaparecido do coração da sociedade. E assim como o escritor polonês, o cineasta define esse fenômeno por meio de uma imagem poético-literária: os metais preciosos que o polonês via desaparecer assumem, aos olhos do italiano, outra forma de luz, a dos vaga-lumes. Mais adiante no tempo, em 2009, em um gesto solidário luminoso, o filósofo francês e historiador da arte Georges Didi-Huberman revisita o universo de Pasolini, sai no rastro dos seus lampejos e volta para nós com a esperança da Sobrevivência dos vaga-lumes. Inspirada por Didi-Huberman, sigo o traçado reticular de Schulz, Pasolini e de outros insetos fosforescentes da arte, como o escritor israelense David Grossman, para contemplar, no cosmos da palavra poética, a formação de uma constelação de artistas-vaga-lumes que, contrariando seus próprios sentimentos pessimistas, apropriaram-se de uma força poética com potência inversamente proporcional à das forças destruidoras. Baseando-me em outro ensaio artístico-filosófico de Schulz, intitulado “Mitificação da realidade”, de 1936, mas atrelando às noções postuladas por ele contribuições de outros artistas que compõem sua constelação, proponho-me a refletir sobre a palavra poética como uma força ordenadora do universo, como fundadora da arte, como o próprio espírito da criação artística. Compreendo essa força como o campo magnético que conecta os grandes artistas dispersos pela humanidade e suas obras, mas também como o elemento que ordena nossos próprios universos quando, na condição de leitores e de pesquisadores literários, nos expomos à radiação das constelações da arte. É nesse multiverso da criação, da recepção e da crítica literária que me avizinho de Didi-Huberman para dizer: “os vaga-lumes, depende apenas de nós não vê-los desaparecerem. Ora, para isso, nós mesmos devemos assumir a liberdade do movimento”. O desenvolvimento desta tese foi, portanto, o meu modo de assumir essa liberdade. Ela é fruto de um desejo, de uma esperança que até mesmo nós pesquisadores da arte temos, embora nem sempre possamos assumi-lo, o de que os vaga-lumes resistam e habitem no meio de nós.
id UFU_58f04a91b3858a5a05d81e2502375dbd
oai_identifier_str oai:repositorio.ufu.br:123456789/30118
network_acronym_str UFU
network_name_str Repositório Institucional da UFU
repository_id_str
spelling 2020-10-19T13:56:11Z2020-10-19T13:56:11Z2020-02-27MARTINS, Élida Mara Alves Dantas. Constelações de vagalumes: Bruno Schulz e outros insetos fosforescentes no cosmos da palavra poética. 2020. 198 f. Tese (Doutorado em Estudos Literários) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2020. Disponível em: http://doi.org/10.14393/ufu.te.2020.406https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/30118http://doi.org/10.14393/ufu.te.2020.406Como se mapeasse sob uma perspectiva astronômica a incidência do espírito da arte sobre a humanidade, em um ensaio intitulado “Assim nascem as lendas”, de 1935, o escritor e pintor polonês Bruno Schulz, figura em torno da qual constelo as reflexões desta tese, pinta apenas com palavras a seguinte paisagem cósmica: “a grandeza está repartida escassamente, em pequenas doses, sobre o mapa do mundo, como os lampejos de um metal precioso sobre os hectares de um jardim de rochas”. Com seus sentidos de poeta, Schulz professa sua crença no fato de que os verdadeiros artistas entraram em extinção assim que o século XIX digeriu seu último grande homem, seu último metal precioso. Segundo ele, depois disso, a humanidade respirou aliviada, jurando não mais dar à luz nenhum. Quatro décadas depois, em 1975, em outro canto do globo terrestre, por meio de um artigo intitulado “O vazio do poder na Itália”, o cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, com tom igualmente pessimista e mesmo senso de responsabilidade de Schulz, anunciou um desaparecimento semelhante: o espírito popular, o próprio espírito humano havia desaparecido do coração da sociedade. E assim como o escritor polonês, o cineasta define esse fenômeno por meio de uma imagem poético-literária: os metais preciosos que o polonês via desaparecer assumem, aos olhos do italiano, outra forma de luz, a dos vaga-lumes. Mais adiante no tempo, em 2009, em um gesto solidário luminoso, o filósofo francês e historiador da arte Georges Didi-Huberman revisita o universo de Pasolini, sai no rastro dos seus lampejos e volta para nós com a esperança da Sobrevivência dos vaga-lumes. Inspirada por Didi-Huberman, sigo o traçado reticular de Schulz, Pasolini e de outros insetos fosforescentes da arte, como o escritor israelense David Grossman, para contemplar, no cosmos da palavra poética, a formação de uma constelação de artistas-vaga-lumes que, contrariando seus próprios sentimentos pessimistas, apropriaram-se de uma força poética com potência inversamente proporcional à das forças destruidoras. Baseando-me em outro ensaio artístico-filosófico de Schulz, intitulado “Mitificação da realidade”, de 1936, mas atrelando às noções postuladas por ele contribuições de outros artistas que compõem sua constelação, proponho-me a refletir sobre a palavra poética como uma força ordenadora do universo, como fundadora da arte, como o próprio espírito da criação artística. Compreendo essa força como o campo magnético que conecta os grandes artistas dispersos pela humanidade e suas obras, mas também como o elemento que ordena nossos próprios universos quando, na condição de leitores e de pesquisadores literários, nos expomos à radiação das constelações da arte. É nesse multiverso da criação, da recepção e da crítica literária que me avizinho de Didi-Huberman para dizer: “os vaga-lumes, depende apenas de nós não vê-los desaparecerem. Ora, para isso, nós mesmos devemos assumir a liberdade do movimento”. O desenvolvimento desta tese foi, portanto, o meu modo de assumir essa liberdade. Ela é fruto de um desejo, de uma esperança que até mesmo nós pesquisadores da arte temos, embora nem sempre possamos assumi-lo, o de que os vaga-lumes resistam e habitem no meio de nós.As though mapping from an astronomical perspective the incidence of the spirit of art upon humanity, in an essay from 1935, named “Assim nascem as lendas”, writer and painter Bruno Schulz, the figure around which I constellate the reflections in this thesis, paints only with words the following comisc landscape: “greatness is shared sparsely, in small doses, over the world map, like sparkles of a precious metal over the acres of a rock garden”. With his senses of poet, Schulz professes his creed in the fact that the true artists have gone into extinction as soon as the nineteenth century digested its last great man, its last precious metal. According to him, after that, humanity breathed relieved, swearing not to give birth no any else. Four decades later, in 1975, elsewhere on the globe, in an article named “O vazio do poder na Itália”, Italian film-maker Pier Paolo Pasolini, with an equally pessimist tonality and with the same sense of responsibility featured by Schulz, announced a similar vanishing: the spirit of the people, the human spirit itself has disappeared from the heart of society. Alike the Polish writer, the film-maker defines this phenomenon with a poetic-literary image: the precious metals that the Polish saw disappearing assumed, in the eyes of the Italian, a different form of light, that of the fireflies. Ahead in time, in 2009, in a luminous gesture of solidarity, french philosopher and art historian Georges Didi-Huberman revisits Pasolini’s universe, follows the trail of his sparkles, and comes back to us with hope put upon the Survival of fireflies. Inspired by Didi-Huberman, I track the reticular layout of Schulz, Pasolini and other phosphorescent insects of art, like Israeli writer David Grossman, to contemplate, in the cosmos of poetic word, how a constellation of firefly-artists is formed, writers who, contrary to their own pessimistic feelings, have appropriate of a poetical force with inversely proportional power to that of the destructive forces. Based upon another of Schulz’s artistic-philosophic essays, named “Mitificação da realidade”, from 1936, and also combining his notions to the contributions of other artists composing the same constellation as him, I propose to reflect on the poetic word as an organizing force of the universe, as a founder of art, as the spirit of artistic creation itself. I understand this force as the magnetic field that connects the great artists dispersed around humanity and their works, but also as the element that orders our own universes when, in the condition of readers and researchers of literature, we expose ourselves to the radiation of the constellations of art. It is in this multiverse of creation, reception and literary criticism that I come close to Didi-Huberman saying that “the fireflies, it depends on us not seeing them disappear. Well, for this, we ourselves must assume certain freedom of movement”. Therefore, the development of this thesis was the path I found to assume such freedom. It is an outgrowth of certain desire, of certain hope that even us researchers of art share, even though we are not always allowed to assume it: a hope and desire that the fireflies resist and inhabit among us.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorTese (Doutorado)porUniversidade Federal de UberlândiaPrograma de Pós-graduação em Estudos LiteráriosBrasilCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTESSchulz, Bruno, 1892-1942PoéticaLiteraturaBruno SchulzPalavra poéticaVagalumesCriação artísticaCrítica literária criativaPoetic wordFireflyArtistic creationCreative literary criticismPalabra poéticaLuciérnagasCreación artísticaCrítica literaria creativaConstelações de vagalumes: Bruno Schulz e outros insetos fosforescentes no cosmos da palavra poéticaConstellations of fireflies: Bruno Schulz and other luminescent insects in the cosmos of poetic wordinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisKrausz, Luis SergioSoares, Leonardo FranciscoMoreira, Maria Elisa RodriguesSiewierski, HenrykRibeiro, Elzimar Fernanda NunesSantos, . Marli Cardoso doshttp://lattes.cnpq.br/8473912156562944Martins, Élida Mara Alves Dantas198info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFUinstname:Universidade Federal de Uberlândia (UFU)instacron:UFUORIGINALConstelacoesVagalumesBruno.pdfConstelacoesVagalumesBruno.pdfTeseapplication/pdf3193797https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/30118/1/ConstelacoesVagalumesBruno.pdfd9ac53149dea422de609bdc6bc2c683bMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81792https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/30118/2/license.txt48ded82ce41b8d2426af12aed6b3cbf3MD52TEXTConstelacoesVagalumesBruno.pdf.txtConstelacoesVagalumesBruno.pdf.txtExtracted texttext/plain496588https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/30118/3/ConstelacoesVagalumesBruno.pdf.txt15e66ef053f5724ebd85ac180f747811MD53THUMBNAILConstelacoesVagalumesBruno.pdf.jpgConstelacoesVagalumesBruno.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1239https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/30118/4/ConstelacoesVagalumesBruno.pdf.jpgdb084cdcbefd3b75de038efd95fd1e7eMD54123456789/301182020-10-20 03:19:16.509oai:repositorio.ufu.br:123456789/30118w4kgbmVjZXNzw6FyaW8gY29uY29yZGFyIGNvbSBhIGxpY2Vuw6dhIGRlIGRpc3RyaWJ1acOnw6NvIG7Do28tZXhjbHVzaXZhLCBhbnRlcyBxdWUgbyBkb2N1bWVudG8gcG9zc2EgYXBhcmVjZXIgbm8gUmVwb3NpdMOzcmlvLiBQb3IgZmF2b3IsIGxlaWEgYSBsaWNlbsOnYSBhdGVudGFtZW50ZS4gQ2FzbyBuZWNlc3NpdGUgZGUgYWxndW0gZXNjbGFyZWNpbWVudG8gZW50cmUgZW0gY29udGF0byBhdHJhdsOpcyBkbyBlLW1haWwgIHJlcG9zaXRvcmlvQHVmdS5ici4KCkxJQ0VOw4dBIERFIERJU1RSSUJVScOHw4NPIE7Dg08tRVhDTFVTSVZBCgpBbyBhc3NpbmFyIGUgZW50cmVnYXIgZXN0YSBsaWNlbsOnYSwgby9hIFNyLi9TcmEuIChhdXRvciBvdSBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IpOgoKYSkgQ29uY2VkZSDDoCBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBVYmVybMOibmRpYSBvIGRpcmVpdG8gbsOjby1leGNsdXNpdm8gZGUgcmVwcm9kdXppciwgY29udmVydGVyIChjb21vIGRlZmluaWRvIGFiYWl4byksIGNvbXVuaWNhciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgKGluY2x1aW5kbyBvIHJlc3Vtby9hYnN0cmFjdCkgZW0gZm9ybWF0byBkaWdpdGFsIG91IGltcHJlc3NvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpby4KCmIpIERlY2xhcmEgcXVlIG8gZG9jdW1lbnRvIGVudHJlZ3VlIMOpIHNldSB0cmFiYWxobyBvcmlnaW5hbCwgZSBxdWUgZGV0w6ltIG8gZGlyZWl0byBkZSBjb25jZWRlciBvcyBkaXJlaXRvcyBjb250aWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYS4gRGVjbGFyYSB0YW1iw6ltIHF1ZSBhIGVudHJlZ2EgZG8gZG9jdW1lbnRvIG7Do28gaW5mcmluZ2UsIHRhbnRvIHF1YW50byBsaGUgw6kgcG9zc8OtdmVsIHNhYmVyLCBvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBxdWFscXVlciBvdXRyYSBwZXNzb2Egb3UgZW50aWRhZGUuCgpjKSBTZSBvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZSBjb250w6ltIG1hdGVyaWFsIGRvIHF1YWwgbsOjbyBkZXTDqW0gb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IsIGRlY2xhcmEgcXVlIG9idGV2ZSBhdXRvcml6YcOnw6NvIGRvIGRldGVudG9yIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvciBwYXJhIGNvbmNlZGVyIMOgIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIFViZXJsw6JuZGlhIG9zIGRpcmVpdG9zIHJlcXVlcmlkb3MgcG9yIGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgY3Vqb3MgZGlyZWl0b3Mgc8OjbyBkZSB0ZXJjZWlyb3MgZXN0w6EgY2xhcmFtZW50ZSBpZGVudGlmaWNhZG8gZSByZWNvbmhlY2lkbyBubyB0ZXh0byBvdSBjb250ZcO6ZG8gZG8gZG9jdW1lbnRvIGVudHJlZ3VlLgoKU2UgbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgw6kgYmFzZWFkbyBlbSB0cmFiYWxobyBmaW5hbmNpYWRvIG91IGFwb2lhZG8gcG9yIG91dHJhIGluc3RpdHVpw6fDo28gcXVlIG7Do28gYSBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBVYmVybMOibmRpYSwgZGVjbGFyYSBxdWUgY3VtcHJpdSBxdWFpc3F1ZXIgb2JyaWdhw6fDtWVzIGV4aWdpZGFzIHBlbG8gcmVzcGVjdGl2byBjb250cmF0byBvdSBhY29yZG8uCgpBIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIFViZXJsw6JuZGlhIGlkZW50aWZpY2Fyw6EgY2xhcmFtZW50ZSBvKHMpIHNldShzKSBub21lKHMpIGNvbW8gbyhzKSBhdXRvcihlcykgb3UgZGV0ZW50b3IgKGVzKSBkb3MgZGlyZWl0b3MgZG8gZG9jdW1lbnRvIGVudHJlZ3VlLCBlIG7Do28gZmFyw6EgcXVhbHF1ZXIgYWx0ZXJhw6fDo28sIHBhcmEgYWzDqW0gZGFzIHBlcm1pdGlkYXMgcG9yIGVzdGEgbGljZW7Dp2EuCg==Repositório InstitucionalONGhttp://repositorio.ufu.br/oai/requestdiinf@dirbi.ufu.bropendoar:2020-10-20T06:19:16Repositório Institucional da UFU - Universidade Federal de Uberlândia (UFU)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Constelações de vagalumes: Bruno Schulz e outros insetos fosforescentes no cosmos da palavra poética
dc.title.alternative.pt_BR.fl_str_mv Constellations of fireflies: Bruno Schulz and other luminescent insects in the cosmos of poetic word
title Constelações de vagalumes: Bruno Schulz e outros insetos fosforescentes no cosmos da palavra poética
spellingShingle Constelações de vagalumes: Bruno Schulz e outros insetos fosforescentes no cosmos da palavra poética
Martins, Élida Mara Alves Dantas
CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES
Bruno Schulz
Palavra poética
Vagalumes
Criação artística
Crítica literária criativa
Poetic word
Firefly
Artistic creation
Creative literary criticism
Palabra poética
Luciérnagas
Creación artística
Crítica literaria creativa
Schulz, Bruno, 1892-1942
Poética
Literatura
title_short Constelações de vagalumes: Bruno Schulz e outros insetos fosforescentes no cosmos da palavra poética
title_full Constelações de vagalumes: Bruno Schulz e outros insetos fosforescentes no cosmos da palavra poética
title_fullStr Constelações de vagalumes: Bruno Schulz e outros insetos fosforescentes no cosmos da palavra poética
title_full_unstemmed Constelações de vagalumes: Bruno Schulz e outros insetos fosforescentes no cosmos da palavra poética
title_sort Constelações de vagalumes: Bruno Schulz e outros insetos fosforescentes no cosmos da palavra poética
author Martins, Élida Mara Alves Dantas
author_facet Martins, Élida Mara Alves Dantas
author_role author
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv Krausz, Luis Sergio
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Soares, Leonardo Francisco
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Moreira, Maria Elisa Rodrigues
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Siewierski, Henryk
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Ribeiro, Elzimar Fernanda Nunes
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Santos, . Marli Cardoso dos
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/8473912156562944
dc.contributor.author.fl_str_mv Martins, Élida Mara Alves Dantas
contributor_str_mv Krausz, Luis Sergio
Soares, Leonardo Francisco
Moreira, Maria Elisa Rodrigues
Siewierski, Henryk
Ribeiro, Elzimar Fernanda Nunes
Santos, . Marli Cardoso dos
dc.subject.cnpq.fl_str_mv CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES
topic CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES
Bruno Schulz
Palavra poética
Vagalumes
Criação artística
Crítica literária criativa
Poetic word
Firefly
Artistic creation
Creative literary criticism
Palabra poética
Luciérnagas
Creación artística
Crítica literaria creativa
Schulz, Bruno, 1892-1942
Poética
Literatura
dc.subject.por.fl_str_mv Bruno Schulz
Palavra poética
Vagalumes
Criação artística
Crítica literária criativa
Poetic word
Firefly
Artistic creation
Creative literary criticism
Palabra poética
Luciérnagas
Creación artística
Crítica literaria creativa
dc.subject.autorizado.pt_BR.fl_str_mv Schulz, Bruno, 1892-1942
Poética
Literatura
description Como se mapeasse sob uma perspectiva astronômica a incidência do espírito da arte sobre a humanidade, em um ensaio intitulado “Assim nascem as lendas”, de 1935, o escritor e pintor polonês Bruno Schulz, figura em torno da qual constelo as reflexões desta tese, pinta apenas com palavras a seguinte paisagem cósmica: “a grandeza está repartida escassamente, em pequenas doses, sobre o mapa do mundo, como os lampejos de um metal precioso sobre os hectares de um jardim de rochas”. Com seus sentidos de poeta, Schulz professa sua crença no fato de que os verdadeiros artistas entraram em extinção assim que o século XIX digeriu seu último grande homem, seu último metal precioso. Segundo ele, depois disso, a humanidade respirou aliviada, jurando não mais dar à luz nenhum. Quatro décadas depois, em 1975, em outro canto do globo terrestre, por meio de um artigo intitulado “O vazio do poder na Itália”, o cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, com tom igualmente pessimista e mesmo senso de responsabilidade de Schulz, anunciou um desaparecimento semelhante: o espírito popular, o próprio espírito humano havia desaparecido do coração da sociedade. E assim como o escritor polonês, o cineasta define esse fenômeno por meio de uma imagem poético-literária: os metais preciosos que o polonês via desaparecer assumem, aos olhos do italiano, outra forma de luz, a dos vaga-lumes. Mais adiante no tempo, em 2009, em um gesto solidário luminoso, o filósofo francês e historiador da arte Georges Didi-Huberman revisita o universo de Pasolini, sai no rastro dos seus lampejos e volta para nós com a esperança da Sobrevivência dos vaga-lumes. Inspirada por Didi-Huberman, sigo o traçado reticular de Schulz, Pasolini e de outros insetos fosforescentes da arte, como o escritor israelense David Grossman, para contemplar, no cosmos da palavra poética, a formação de uma constelação de artistas-vaga-lumes que, contrariando seus próprios sentimentos pessimistas, apropriaram-se de uma força poética com potência inversamente proporcional à das forças destruidoras. Baseando-me em outro ensaio artístico-filosófico de Schulz, intitulado “Mitificação da realidade”, de 1936, mas atrelando às noções postuladas por ele contribuições de outros artistas que compõem sua constelação, proponho-me a refletir sobre a palavra poética como uma força ordenadora do universo, como fundadora da arte, como o próprio espírito da criação artística. Compreendo essa força como o campo magnético que conecta os grandes artistas dispersos pela humanidade e suas obras, mas também como o elemento que ordena nossos próprios universos quando, na condição de leitores e de pesquisadores literários, nos expomos à radiação das constelações da arte. É nesse multiverso da criação, da recepção e da crítica literária que me avizinho de Didi-Huberman para dizer: “os vaga-lumes, depende apenas de nós não vê-los desaparecerem. Ora, para isso, nós mesmos devemos assumir a liberdade do movimento”. O desenvolvimento desta tese foi, portanto, o meu modo de assumir essa liberdade. Ela é fruto de um desejo, de uma esperança que até mesmo nós pesquisadores da arte temos, embora nem sempre possamos assumi-lo, o de que os vaga-lumes resistam e habitem no meio de nós.
publishDate 2020
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2020-10-19T13:56:11Z
dc.date.available.fl_str_mv 2020-10-19T13:56:11Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2020-02-27
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv MARTINS, Élida Mara Alves Dantas. Constelações de vagalumes: Bruno Schulz e outros insetos fosforescentes no cosmos da palavra poética. 2020. 198 f. Tese (Doutorado em Estudos Literários) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2020. Disponível em: http://doi.org/10.14393/ufu.te.2020.406
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/30118
dc.identifier.doi.pt_BR.fl_str_mv http://doi.org/10.14393/ufu.te.2020.406
identifier_str_mv MARTINS, Élida Mara Alves Dantas. Constelações de vagalumes: Bruno Schulz e outros insetos fosforescentes no cosmos da palavra poética. 2020. 198 f. Tese (Doutorado em Estudos Literários) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2020. Disponível em: http://doi.org/10.14393/ufu.te.2020.406
url https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/30118
http://doi.org/10.14393/ufu.te.2020.406
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Uberlândia
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-graduação em Estudos Literários
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Uberlândia
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFU
instname:Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
instacron:UFU
instname_str Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
instacron_str UFU
institution UFU
reponame_str Repositório Institucional da UFU
collection Repositório Institucional da UFU
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/30118/1/ConstelacoesVagalumesBruno.pdf
https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/30118/2/license.txt
https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/30118/3/ConstelacoesVagalumesBruno.pdf.txt
https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/30118/4/ConstelacoesVagalumesBruno.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv d9ac53149dea422de609bdc6bc2c683b
48ded82ce41b8d2426af12aed6b3cbf3
15e66ef053f5724ebd85ac180f747811
db084cdcbefd3b75de038efd95fd1e7e
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFU - Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
repository.mail.fl_str_mv diinf@dirbi.ufu.br
_version_ 1802110450854264832