As contradições do cooperativismo na educação: um estudo de caso na Cooperativa de Ensino de Rio Verde – GO (COOPEN) entre os anos 2011 e 2015

• Autor(a) principal: Borges, Marcelo Augusto de Lacerda
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFU
• Texto Completo: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/22309; http://dx.doi.org/10.14393/ufu.te.2018.306
• topic: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::EDUCACAO; Reestruturação produtiva; Productive restructuring; Cooperativismo; Cooperativism; Educação; Education; Contradição; Contradiction; Cooperativas escolares; Educação - Cooperativas - Goiás (Estado); Cooperativismo - Rio Verde (GO)

A Cooperativa de Ensino da cidade de Rio Verde – GO (COOPEN) foi cotejada, neste trabalho, entre os anos de 2011 a 2015, na intenção de desvelar as contradições existentes entre a propositiva formal/idealística dos princípios cooperativistas da escola e a sua realização prático-educativa notadamente voltada para a lógica do mercado. Este resumo indicativo busca esclarecer que, pelo viés metodológico do materialismo histórico e dialético – dentre os seus variados e reconhecidos usos –, a noção de “contradição” que será aqui utilizada buscará demonstrar a inconsistência lógica entre o que é propalado institucionalmente pela cooperativa de ensino em relação ao que é realizado como sua prática educativa propriamente dita. Nesse intento, será realizado um “estudo de caso” sobre a COOPEN, utilizando a perspectiva analítica qualitativa, amparada na realização da pesquisa documental e de entrevistas semiestruturadas. A pesquisa documental utilizará os referenciais básicos que definem o histórico e o funcionamento da instituição, tais como: os seus estatutos sociais, o seu regimento interno, algumas atas das assembleias, os dados estatísticos referentes à cooperativa de ensino e a legislação que rege o cooperativismo no Brasil. As entrevistas foram realizadas com três segmentos, quais sejam: os cooperantes, os docentes e os discentes da instituição. As análises discursivas das entrevistas permitiram a formação de um conjunto de unidades temáticas que foram utilizadas para o proposto neste trabalho: apontar as contradições do cooperativismo na escola. Para tanto, foi necessário retomar, como pesquisa bibliográfica, a sociogênese do movimento cooperativista como forma histórica de produção/gestão pretensamente distinta do capitalismo. No século XIX, as associações cooperativas de trabalhadores suscitaram embates teóricos em torno de si mesmas, dividindo-se entre aqueles que consideravam críveis suas possibilidades revolucionárias de superação da ordem burguesa, ainda que incipientes, daqueles que depositavam em sua realização um caráter reformista e integrativo em relação à lógica capitalista. No final do século XX e início do século XXI, o debate foi recuperado: as experiências socialistas do modelo soviético sucumbiram, a perversidade da forma mercantil regida pelo capital perseverou, o operariado não conduziu revolucionariamente o modelo produtivo capitalista ao socialismo e a crise da institucionalidade do modelo salarial fordista trouxe, na torrente dos acontecimentos, o enfraquecimento do poder sindical, o desmantelamento dos direitos sociais e trabalhistas, a precarização das formas de trabalho e a elevação das taxas de desemprego. Nesse quadro histórico recente de reconfiguração do mundo do trabalho, emoldurado pela lógica da reestruturação produtiva, a tese buscará contextualizar e problematizar os debates a respeito do modo como o cooperativismo tem sido idealisticamente resgatado. Na sua realização geral, a retomada da gestão cooperativista tem sido conduzida por um marcante caráter de ideologização – no sentido marxiano – e, em particular, tal dimensão se revela também no cooperativismo de ensino, especialmente na COOPEN.