Entre a prisão do corpo e a liberdade da alma: análise discursiva das correspondências de reeducandos do sistema prisional de Morrinhos- GO
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Publication Date: | 2019 |
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Summary: | A pesquisa em questão tem como objetivo, analisar como os sujeitos reeducandos do Sistema Prisional de Morrinho- GO se percebem na zona de conflito marcada, sobremaneira, entre prisão e liberdade que se manifestam por meio dos enunciados expressos em cartas entregues a extensionistas da Universidade Estadual de Goiás, enquanto desenvolviam um projeto de alfabetização nesse sistema prisional, nos anos de 2007 e 2008. E tem como problemática, responder quais sentidos os dizeres desses reeducandos produzem já que expressam, nas cartas, discursos constituídos pelas instituições disciplinares e subjetivados por esses mesmos reeducandos contrariando o que se espera do esteriótipo de um marginalizado social. Para tal, o objetivo geral é analisar a quebra do estereótipo do sujeito preso nos discursos materializados nas cartas que escrevem de modo espontâneo aos seus interlocutores. Isso significa afirmar que, ao considerar seus discursos e, portanto, permeado por atravessamentos discursivos, é possível observar em primeira instância, que sua voz refrata a ideia construída socialmente pelo senso comum de maneira generalizante que diz que todo preso é um sujeito irrecuperável socialmente, refletindo, assim, um sujeito inscrito no discurso familiar, no discurso religioso; o que justifica a pesquisa em questão. Para tanto, categorizamos enunciados desses reeducandos, identificando-os em formações discursivas de contradições, demonstrando que esse sujeito reeducando oscila, faz um deslocamento frente a seus posicionamentos em relação a si e ao mundo, criando um conflito interno sobre sua condição ora preso, com todo o saber próprio daquele local, ora com o vislumbre da liberdade, trazendo discursos recorrentes da instituição familiar, do Estado, da religião, da educação e de outros aparelhos institucionais identificando essa constituição social do sujeito. Assim, temos o propósito de compreender como esses sujeitos assimilam sua condição de detentos e excluídos sociais e se de fato, os mesmos pregam a ordem de subversão às normas estabelecidas, ou de reprodutores de comportamentos institucionalizados e, ainda mais, se esses discursos se coadunam perfazendo a complexidade do sujeito reeducando que faz emergir discursos frente à situação em que se colocam. Utilizamos para fundamentação teórica desta pesquisa autores que trazem discussões Foucaultianas, bem como próprio Michel Foucault acerca, principalmente das formações discursivas e as contradições nos discursos nas cartas dos reeducandos; também, sobre a escrita de si, como forma de o reeducando fazer-se ouvido e refletir sobre sua própria condição e as relações de saber-poder próprios da condição do cárcere em que o reeducando se insere. Utilizaremos, ainda, autores que tratam sobre os espaços da prisão e as possibilidades do educacional nestes locais. Assim, apresentamos a discussão acerca do sujeito reeducando e as formações discursivas que o colocam sob a ideia construída socialmente de que todo preso é irrecuperável, mas que, se dado a ele oportunidades, garantidas por lei, de se reestruturar e de ressocializar por meio da educação, há a possibilidade desse sujeito se ressignificar para nova inserção social. |
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2019-11-13T16:28:02Z2019-11-13T16:28:02Z2019-06-28SOUZA, Ana Cristina de. Entre a prisão do corpo e a liberdade da alma: análise discursiva das correspondências de reeducandos do sistema prisional de Morrinhos- GO. 2019. 81 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Linguísticos) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2019. Disponível em: http://dx.doi.org/10.14393/ufu.di. 2019.2118https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/27359http://dx.doi.org/10.14393/ufu.di.2019.2118A pesquisa em questão tem como objetivo, analisar como os sujeitos reeducandos do Sistema Prisional de Morrinho- GO se percebem na zona de conflito marcada, sobremaneira, entre prisão e liberdade que se manifestam por meio dos enunciados expressos em cartas entregues a extensionistas da Universidade Estadual de Goiás, enquanto desenvolviam um projeto de alfabetização nesse sistema prisional, nos anos de 2007 e 2008. E tem como problemática, responder quais sentidos os dizeres desses reeducandos produzem já que expressam, nas cartas, discursos constituídos pelas instituições disciplinares e subjetivados por esses mesmos reeducandos contrariando o que se espera do esteriótipo de um marginalizado social. Para tal, o objetivo geral é analisar a quebra do estereótipo do sujeito preso nos discursos materializados nas cartas que escrevem de modo espontâneo aos seus interlocutores. Isso significa afirmar que, ao considerar seus discursos e, portanto, permeado por atravessamentos discursivos, é possível observar em primeira instância, que sua voz refrata a ideia construída socialmente pelo senso comum de maneira generalizante que diz que todo preso é um sujeito irrecuperável socialmente, refletindo, assim, um sujeito inscrito no discurso familiar, no discurso religioso; o que justifica a pesquisa em questão. Para tanto, categorizamos enunciados desses reeducandos, identificando-os em formações discursivas de contradições, demonstrando que esse sujeito reeducando oscila, faz um deslocamento frente a seus posicionamentos em relação a si e ao mundo, criando um conflito interno sobre sua condição ora preso, com todo o saber próprio daquele local, ora com o vislumbre da liberdade, trazendo discursos recorrentes da instituição familiar, do Estado, da religião, da educação e de outros aparelhos institucionais identificando essa constituição social do sujeito. Assim, temos o propósito de compreender como esses sujeitos assimilam sua condição de detentos e excluídos sociais e se de fato, os mesmos pregam a ordem de subversão às normas estabelecidas, ou de reprodutores de comportamentos institucionalizados e, ainda mais, se esses discursos se coadunam perfazendo a complexidade do sujeito reeducando que faz emergir discursos frente à situação em que se colocam. Utilizamos para fundamentação teórica desta pesquisa autores que trazem discussões Foucaultianas, bem como próprio Michel Foucault acerca, principalmente das formações discursivas e as contradições nos discursos nas cartas dos reeducandos; também, sobre a escrita de si, como forma de o reeducando fazer-se ouvido e refletir sobre sua própria condição e as relações de saber-poder próprios da condição do cárcere em que o reeducando se insere. Utilizaremos, ainda, autores que tratam sobre os espaços da prisão e as possibilidades do educacional nestes locais. Assim, apresentamos a discussão acerca do sujeito reeducando e as formações discursivas que o colocam sob a ideia construída socialmente de que todo preso é irrecuperável, mas que, se dado a ele oportunidades, garantidas por lei, de se reestruturar e de ressocializar por meio da educação, há a possibilidade desse sujeito se ressignificar para nova inserção social.This research aims at analyzing how inmates of the prison system in Morrinhos-GO see themselves in the conflict zone between prison and freedom that are manifested by the utterances expressed in letters given to extension participants of the Universidade Estadual de Goiás, while they developed a literacy project in the prison system in Morrinhos-GO in 2007 and 2008. Our main questions rely on the possibilities of meanings that their sayings convey, as they express in the letters discourses built by the correctional institutions and internalized by them, which is the opposite of what is expected from the stereotype of a social outcast. Our general purpose is to analyze the stereotype break related to the inmates considering their voices, their discourse positions through spontaneously written letters. It means that when their sayings are considered, they are full of discourse crossings, it is possible to observe in the first place that their voices spread the idea socially built by common sense in a general way, that is, every inmate is an individual without social remedy, which reflects an individual subscribed to familiar, religious discourse, which justifies this research. We sorted the sayings of the inmates, identifying contradictory discourse formations, demonstrating that those individuals has a moving perspective in terms of their opinions about themselves and the world, creating an internal conflict about their conditions: convicted, having the knowledge of that place and with a glimpse of freedom, having discourse memories such as family background, State, religion and other institutional references that constitute social individual. Thus, we aim at understanding how those individuals grasp their situation as inmates and social outcasts and if, indeed, preach civil disobedience or reproduce institutionalized behaviors and, above all, if the discourses match, making the complexity of the inmate that leads to emerging discourses within such a situation. Our theoretical background relies on authors who discuss foucaultians topics, as well as Michel Foucault himself, especially when it comes to discourse formations and the contradictions present in the utterances in the inmates‟ letters; writing about themselves, as a means to be heard and ponder about their condition and relationship of knowledge and power that are typical in the correction environment they are. Also, we will use authors who tackle prison spaces and educational possibilities. Thus, we show a discussion about the inmate and their discourse formations that set them under the idea socially built that inmates will not be rehabilitated, but, if they are given opportunities, guaranteed in law, to restart and resocialize through education, there is a chance that those individuals will resignify themselves for a new social insertion.FAPEG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de GoiásDissertação (Mestrado)porUniversidade Federal de UberlândiaPrograma de Pós-graduação em Estudos LinguísticosBrasilCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTESSujeitoReeducandosFormações DiscursivasRessocializaçãoSubjectDiscourse FormationsResocializationArquiteturaEntre a prisão do corpo e a liberdade da alma: análise discursiva das correspondências de reeducandos do sistema prisional de Morrinhos- GOBetween body confinement and soul freedom: a discourse analysis of correspondences of inmaites in the prison system of Morrinhos- GOinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisFernandes, Cleudemar Alveshttp://lattes.cnpq.br/8303904972387971Fernandes, Antôniohttp://lattes.cnpq.br/9030434824436730Sá, Israelhttp://lattes.cnpq.br/8992079880490308http://lattes.cnpq.br/1004004534225925Souza, Ana Cristina8364572059info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFUinstname:Universidade Federal de Uberlândia (UFU)instacron:UFUORIGINALEntrePrisaoCorpo.pdfEntrePrisaoCorpo.pdfapplication/pdf1699202https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/27359/3/EntrePrisaoCorpo.pdf6552bc1fa5c06b2da5b56ae3d7c3d57fMD53LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81792https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/27359/4/license.txt48ded82ce41b8d2426af12aed6b3cbf3MD54TEXTEntrePrisaoCorpo.pdf.txtEntrePrisaoCorpo.pdf.txtExtracted texttext/plain209480https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/27359/5/EntrePrisaoCorpo.pdf.txt55278232163a7b471bb942346ef635f1MD55THUMBNAILEntrePrisaoCorpo.pdf.jpgEntrePrisaoCorpo.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1184https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/27359/6/EntrePrisaoCorpo.pdf.jpg7dc160674f3c6d5beb5f5872971728b6MD56123456789/273592020-06-01 15:24:42.66oai:repositorio.ufu.br:123456789/27359w4kgbmVjZXNzw6FyaW8gY29uY29yZGFyIGNvbSBhIGxpY2Vuw6dhIGRlIGRpc3RyaWJ1acOnw6NvIG7Do28tZXhjbHVzaXZhLCBhbnRlcyBxdWUgbyBkb2N1bWVudG8gcG9zc2EgYXBhcmVjZXIgbm8gUmVwb3NpdMOzcmlvLiBQb3IgZmF2b3IsIGxlaWEgYSBsaWNlbsOnYSBhdGVudGFtZW50ZS4gQ2FzbyBuZWNlc3NpdGUgZGUgYWxndW0gZXNjbGFyZWNpbWVudG8gZW50cmUgZW0gY29udGF0byBhdHJhdsOpcyBkbyBlLW1haWwgIHJlcG9zaXRvcmlvQHVmdS5ici4KCkxJQ0VOw4dBIERFIERJU1RSSUJVScOHw4NPIE7Dg08tRVhDTFVTSVZBCgpBbyBhc3NpbmFyIGUgZW50cmVnYXIgZXN0YSBsaWNlbsOnYSwgby9hIFNyLi9TcmEuIChhdXRvciBvdSBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IpOgoKYSkgQ29uY2VkZSDDoCBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBVYmVybMOibmRpYSBvIGRpcmVpdG8gbsOjby1leGNsdXNpdm8gZGUgcmVwcm9kdXppciwgY29udmVydGVyIChjb21vIGRlZmluaWRvIGFiYWl4byksIGNvbXVuaWNhciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgKGluY2x1aW5kbyBvIHJlc3Vtby9hYnN0cmFjdCkgZW0gZm9ybWF0byBkaWdpdGFsIG91IGltcHJlc3NvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpby4KCmIpIERlY2xhcmEgcXVlIG8gZG9jdW1lbnRvIGVudHJlZ3VlIMOpIHNldSB0cmFiYWxobyBvcmlnaW5hbCwgZSBxdWUgZGV0w6ltIG8gZGlyZWl0byBkZSBjb25jZWRlciBvcyBkaXJlaXRvcyBjb250aWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYS4gRGVjbGFyYSB0YW1iw6ltIHF1ZSBhIGVudHJlZ2EgZG8gZG9jdW1lbnRvIG7Do28gaW5mcmluZ2UsIHRhbnRvIHF1YW50byBsaGUgw6kgcG9zc8OtdmVsIHNhYmVyLCBvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBxdWFscXVlciBvdXRyYSBwZXNzb2Egb3UgZW50aWRhZGUuCgpjKSBTZSBvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZSBjb250w6ltIG1hdGVyaWFsIGRvIHF1YWwgbsOjbyBkZXTDqW0gb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IsIGRlY2xhcmEgcXVlIG9idGV2ZSBhdXRvcml6YcOnw6NvIGRvIGRldGVudG9yIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvciBwYXJhIGNvbmNlZGVyIMOgIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIFViZXJsw6JuZGlhIG9zIGRpcmVpdG9zIHJlcXVlcmlkb3MgcG9yIGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgY3Vqb3MgZGlyZWl0b3Mgc8OjbyBkZSB0ZXJjZWlyb3MgZXN0w6EgY2xhcmFtZW50ZSBpZGVudGlmaWNhZG8gZSByZWNvbmhlY2lkbyBubyB0ZXh0byBvdSBjb250ZcO6ZG8gZG8gZG9jdW1lbnRvIGVudHJlZ3VlLgoKU2UgbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgw6kgYmFzZWFkbyBlbSB0cmFiYWxobyBmaW5hbmNpYWRvIG91IGFwb2lhZG8gcG9yIG91dHJhIGluc3RpdHVpw6fDo28gcXVlIG7Do28gYSBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBVYmVybMOibmRpYSwgZGVjbGFyYSBxdWUgY3VtcHJpdSBxdWFpc3F1ZXIgb2JyaWdhw6fDtWVzIGV4aWdpZGFzIHBlbG8gcmVzcGVjdGl2byBjb250cmF0byBvdSBhY29yZG8uCgpBIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIFViZXJsw6JuZGlhIGlkZW50aWZpY2Fyw6EgY2xhcmFtZW50ZSBvKHMpIHNldShzKSBub21lKHMpIGNvbW8gbyhzKSBhdXRvcihlcykgb3UgZGV0ZW50b3IgKGVzKSBkb3MgZGlyZWl0b3MgZG8gZG9jdW1lbnRvIGVudHJlZ3VlLCBlIG7Do28gZmFyw6EgcXVhbHF1ZXIgYWx0ZXJhw6fDo28sIHBhcmEgYWzDqW0gZGFzIHBlcm1pdGlkYXMgcG9yIGVzdGEgbGljZW7Dp2EuCg==Repositório InstitucionalONGhttp://repositorio.ufu.br/oai/requestdiinf@dirbi.ufu.bropendoar:2024-04-26T15:05:06.837980Repositório Institucional da UFU - Universidade Federal de Uberlândia (UFU)false |
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