Em “pról dos destinos patrios”: a Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa e as marcas do higienismo no campo (1920-1935)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Milagres, Pedro de Oliveira
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: LOCUS Repositório Institucional da UFV
Texto Completo: https://locus.ufv.br//handle/123456789/29235
https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2022.171
Resumo: Na década de 1910, os espaços rurais brasileiros ganharam notabilidade nos debates higienistas, tornando-se alvo de políticas sanitárias. Era sustentada uma imagem de atraso do campo que imobilizava o progresso nacional, levando ao apelo de higienistas em favor da difusão da higiene no interior para aprimorar os sujeitos rurais, levando-os a um trabalho produtivo. Na década seguinte, a ESAV veio a ser fundada no interior de Minas Gerais, na cidade de Viçosa, no intuito de promover o crescimento econômico do estado. Tendo em vista esse cenário, objetivou-se analisar a presença de saberes e práticas higienistas na concepção, na construção e no estabelecimento do projeto formador esaviano entre os anos de 1920 e 1935. Para isso, foram mobilizadas fontes referentes a relatórios institucionais, atas de reuniões, correspondências, questionários aos alunos, livro de visitas, inquéritos e outros documentos, que permitiram investigar o projeto formador da Instituição. O trato metodológico das fontes foi orientado pela História Cultural, especialmente pelo ofício do historiador em Certeau (2015), e da construção narrativa em Benjamin (2012) e Ginzburg (1989). Neste estudo, identificou-se que a ESAV foi concebida em meio a um bojo de ações sanitárias direcionadas aos espaços rurais. Com isso, propiciou-se que o projeto formador esaviano fosse impregnado por marcas higienistas, constituídas desde o período de construção, no trabalho com os operários rurais. Com o início das atividades de ensino em 1927, as primeiras ferramentas higiênicas foram ampliadas por investimentos institucionais e sofreram reestruturações, expandindo a difusão de saberes e práticas higiênicos entre o pessoal esaviano e seus familiares, no caso dos servidores. Destacaram-se, na constituição do projeto, atores como Belo Lisboa — que, em sua inserção institucional, instigou a criação de ferramentas e possibilitou o avanço das pretensões higienistas — e o médico dr. Raymundo Faria — o qual, ao entrar na Escola, tornou o Serviço de Saúde da ESAV um meio de difusão da higiene entre o pessoal, expandindo a presença da higiene e produzindo a atualização das ferramentas em conformidade com os pressupostos higienistas em voga. Assim, o projeto formador esaviano foi constituído por um conjunto de saberes e práticas higiênicos visando à limpeza dos sujeitos rurais, de forma a permitir a participação do poder médico-higiênico no estabelecimento da Instituição. Palavras-chave: Higienismo. Sanitarismo. ESAV. Campo. Sujeitos rurais.
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spelling Milagres, Pedro de Oliveirahttp://lattes.cnpq.br/1173015991766059Baía, Anderson da Cunha2022-06-23T14:26:32Z2022-06-23T14:26:32Z2022-03-28MILAGRES, Pedro de Oliveira. Em “pról dos destinos patrios”: a Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa e as marcas do higienismo no campo (1920-1935). 2022. 205 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2022.https://locus.ufv.br//handle/123456789/29235https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2022.171Na década de 1910, os espaços rurais brasileiros ganharam notabilidade nos debates higienistas, tornando-se alvo de políticas sanitárias. Era sustentada uma imagem de atraso do campo que imobilizava o progresso nacional, levando ao apelo de higienistas em favor da difusão da higiene no interior para aprimorar os sujeitos rurais, levando-os a um trabalho produtivo. Na década seguinte, a ESAV veio a ser fundada no interior de Minas Gerais, na cidade de Viçosa, no intuito de promover o crescimento econômico do estado. Tendo em vista esse cenário, objetivou-se analisar a presença de saberes e práticas higienistas na concepção, na construção e no estabelecimento do projeto formador esaviano entre os anos de 1920 e 1935. Para isso, foram mobilizadas fontes referentes a relatórios institucionais, atas de reuniões, correspondências, questionários aos alunos, livro de visitas, inquéritos e outros documentos, que permitiram investigar o projeto formador da Instituição. O trato metodológico das fontes foi orientado pela História Cultural, especialmente pelo ofício do historiador em Certeau (2015), e da construção narrativa em Benjamin (2012) e Ginzburg (1989). Neste estudo, identificou-se que a ESAV foi concebida em meio a um bojo de ações sanitárias direcionadas aos espaços rurais. Com isso, propiciou-se que o projeto formador esaviano fosse impregnado por marcas higienistas, constituídas desde o período de construção, no trabalho com os operários rurais. Com o início das atividades de ensino em 1927, as primeiras ferramentas higiênicas foram ampliadas por investimentos institucionais e sofreram reestruturações, expandindo a difusão de saberes e práticas higiênicos entre o pessoal esaviano e seus familiares, no caso dos servidores. Destacaram-se, na constituição do projeto, atores como Belo Lisboa — que, em sua inserção institucional, instigou a criação de ferramentas e possibilitou o avanço das pretensões higienistas — e o médico dr. Raymundo Faria — o qual, ao entrar na Escola, tornou o Serviço de Saúde da ESAV um meio de difusão da higiene entre o pessoal, expandindo a presença da higiene e produzindo a atualização das ferramentas em conformidade com os pressupostos higienistas em voga. Assim, o projeto formador esaviano foi constituído por um conjunto de saberes e práticas higiênicos visando à limpeza dos sujeitos rurais, de forma a permitir a participação do poder médico-higiênico no estabelecimento da Instituição. Palavras-chave: Higienismo. Sanitarismo. ESAV. Campo. Sujeitos rurais.In the second half of the 1910s, rural spaces gained notability in the debates of Brazilian hygienists and became a target of health policies. The hygienists sustained a backward representation of farmers that justified national delay, believing they needed to be saved by hygiene knowledge. In the 1920s, ESAV was founded in the state of Minas Gerais, in the rural city of Viçosa, in order to improve the economy of the state. Considering this panorama, this research aims to analyze the presence of the knowledge and practices of the Social Hygiene Movement in the conception, building and establishment of ESAV's formation project between 1920 and 1935. To this end, we gathered institutional sources that helped us investigate the formation project, such as reports, meeting minutes, correspondence, student questionnaires, a visit book, surveys, and other documents. Our methodological approach was guided by Cultural History, specially the historiographic operation of Certeau (2015) and the narrative construction of Benjamin (2012) and Ginzburg (1989). This study identified that ESAV was conceived amid health policies directed to rural areas in the 1920s. Thus, it was provided that hygiene marks were present in the formation project since the construction period, with rural workers’ work. When the classes started in 1927, the institution made investments that enlarged and restructured the hygiene tools to the project. It expanded hygiene knowledge and practices circulation between ESAV's staff and their families. Relevant agents that built the formation project were the engineer and principal Belo Lisboa and the doctor Raymundo Faria. Belo Lisboa gave ideas to inspire the creation of hygiene tools, and Dr. Raymundo Faria, upon entering the College, made the ESAV Health Service a means to spreading hygiene, expanded its presence and produced the updating of the tools in accordance with the Social Hygiene Movement. Therefore, the ESAV’s formation project involved hygiene knowledge and practices, and it aimed at cleaning farmers. The presence of hygiene supports the idea that the Social Hygiene Movement took part in the establishment of the Institution. Keywords: Social Hygiene Movement. Sanitation. ESAV. Field. Farmers.porUniversidade Federal de ViçosaHigiene - Aspectos sociaisEducação sanitária - Aspetos sociaisPopulação ruralEscola Superior de Agricultura e Veterinária - Viçosa (MG)História da EducaçãoEm “pról dos destinos patrios”: a Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa e as marcas do higienismo no campo (1920-1935)On behalf of patriotic destinations: the Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa and the marks of the social hygiene movement in the countryside (1920-1935)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal de ViçosaDepartamento de EducaçãoMestre em EducaçãoViçosa - MG2022-03-28Mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:LOCUS Repositório Institucional da UFVinstname:Universidade Federal de Viçosa (UFV)instacron:UFVORIGINALtexto completo.pdftexto completo.pdftexto completoapplication/pdf4082605https://locus.ufv.br//bitstream/123456789/29235/1/texto%20completo.pdf260ff1d25ed938f63cc1823ddeba9496MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://locus.ufv.br//bitstream/123456789/29235/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52123456789/292352022-06-23 11:27:19.413oai:locus.ufv.br:123456789/29235Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.locus.ufv.br/oai/requestfabiojreis@ufv.bropendoar:21452022-06-23T14:27:19LOCUS Repositório Institucional da UFV - Universidade Federal de Viçosa (UFV)false
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