A escrita de si como prática de uma literatura menor: cartas de Anita Malfatti a Mário cartas de Andrade
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | LOCUS Repositório Institucional da UFV |
Texto Completo: | https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/19991 http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/24187 |
Resumo: | No interior de uma cultura falocêntrica a escrita epistolar foi considerada pelos críticos literários uma literatura menor. Por sua vez, os historiadores entenderam por longos anos as cartas pessoais como uma fonte de pesquisa inapropriada ao conhecimento histórico. Neste texto, procuro positivar a literatura de si oriunda das correspondências originadas no âmbito privado, destacando que essa forma de produção literária pode ser tão transgressiva quanto a denominada “grande literatura”, isto é, aquela que visa transpor os limites da linguagem, pois nesse caso específico trata-se de recriar a nós mesmos, de transpor as fronteiras do que somos no espaço intersubjetivo da troca epistolar e da amizade. Assim, interpreto as cartas pessoais da artista plástica paulista Anita Malfatti (1889-1964) endereçadas ao escritor modernista Mário de Andrade (1893-1945) como uma literatura menor, no sentido apontado por Gilles Deleuze e Felix Guattari. Essa escrita de caráter privado está associada à construção de uma escultura de si, de uma estética da existência para usar o conceito formulado por Michel Foucault. Portanto, leio a literatura de si das cartas da artista plástica como uma escritura contra-hegemônica e política, pois nas linhas de suas missivas o enredo que se compõe é o da produção de uma subjetividade feminina autônoma que resiste às subjetivações ligadas à família, ao Estado e à Igreja. |
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