Conhecimento e virtude no Mênon de Platão

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferrari, Franco
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Archai (Online)
Texto Completo: https://periodicos.unb.br/index.php/archai/article/view/8407
Resumo: O tema da natureza da virtude e de sua transmissibilidadeatravessa quase todos os diálogos da juventude de Platão,isto é, os considerados “diálogos socráticos”. Este adquire uma relevância central no Protágoras e no Mênon, o qual se abre exatamente com a interrogação acerca da maneira de adquirir a virtude. No curso do diálogo, a arete assume um significado eminentemente político: Mênon pergunta a Sócrates como se pode obter sucesso no campo político, como se pode adquirir reconhecimento social. A tese em torno a qual se desenvolve a conversação assume a identidade de virtude e conhecimento (episteme). Todavia, a consequência que deriva da assunção desta tese, isto é, o princípio com base no qual a virtude, enquanto conhecimento, seja ensinável, é refutado por meio do célebre “argumento empírico”: a ausência de homens capazes de transmitir a sua virtude aos filhos demonstra que essa não é ensinável, e ,portanto, não é conhecimento. Sócrates propõe, então, situar na opinião correta (orthe doxa) a fonte da virtude política. Todavia, a validade do argumento empírico resulta muito incerta, uma vez que parece fundar-se na ambiguidade do significado do termo didakton, que quer dizer seja “ensinável” seja efetivamente “ensinado”. Também a tentativa de fundar a virtude na theia moira deve ser tratada com certo ceticismo. Na realidade, Sócrates alude, no fim do diálogo, à possibilidade de que exista um homem que seja virtuoso e que seja também capaz de ensinar a virtude a outro homem: este homem extraordinário é naturalmente o próprio Sócrates.
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