Colheita dourada: A arranca do capim no gerais do Jalapão (TO)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Anuário Antropológico (Online) |
Texto Completo: | https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/10966 |
Resumo: | O Jalapão possui uma terra onde se queimando tudo dá. Por mais que isso possa parecer contraintuitivo, esse é o caso do capim-dourado. Como se costuma dizer por aquelas bandas, trata-se de uma planta que só vem forte mó do fogo. Pela taxonomia vegetal ele está inserido na família Eriocaulaceae, sendo uma florífera dentre as populares sempre-vivas. Pelos jalapoeiros, entretanto, esta cobiçada planta é tida como um capim. Tal acepção diz muito sobre sua estreita interação com as práticas do manejo bovino, pois a queima das veredas possibilita tanto a promoção do capim-dourado quanto a rebrota do capim agreste que alimenta o gado. A arranca do capim é uma atividade que mobiliza famílias inteiras entre o final da estiagem e o início das chuvas, em busca do material a partir do qual se confecciona artesanatos de grande importância para a economia jalapoeira. Precisamente, 20 de setembro é a data biopolítica demarcada pelos órgãos ambientais como o início da colheita do capim, entendendo que por volta deste período as hastes estejam secas e douradas para atrair o olhar dos turistas, mas também as sementes amadurecidas o suficiente para permitir a reprodução do vegetal. Este ensaio etnofotográfico retrata três dias de uma arranca do capim junto a Deni, Iracema, Belarmina e Dieison, na rancharia do brejo da Bocaina. Meus anfitriões na cidade de Mateiros (TO) e protagonistas deste ensaio são quilombolas e geralistas, como se autodenominam no Jalapão aqueles cuja vida depende do ambiente chamado de gerais. Para além do registro de uma atividade extrativista, a composição estética intenta dar destaque a tonalidades, gestos e posturas que caracterizam as interações com o capim-dourado no gerais do Jalapão. Nota: Este ensaio é parte de minha tese de doutorado em antropologia social, desenvolvida ao longo de onze meses de pesquisa de campo, entre os anos de 2014 e 2016. A pesquisa enfoca os modos de existência do fogo no ambiente de gerais e as transformações técnicas oriundas da nova política de manejo integrado do fogo no Jalapão ”“ envolvendo quilombolas, brigadistas e gestores ambientais da Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins. Em campo, a etnografia buscou conjugar o engajamento nas práticas de queima com a captação de imagens estáticas e em movimento, com vistas a uma análise praxiológica dos gestos. As fotografias que compõem este ensaio foram registradas com câmera fotográfica Nikon D5300 e lente 18-55mm. Crédito das imagens: Guilherme Moura Fagundes, Mateiros (TO), 2016. |
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