Reflexividade na pesquisa antropológica em saúde: desafios e contribuições para a formação de novos pesquisadores

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira, Jaqueline; Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Data de Publicação: 2021
Outros Autores: Brandão, Elaine Reis; Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Silva, Alan Camargo; Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ), Fonseca, Claudia; Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Knauth, Daniela Riva; Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Alzuguir, Fernanda Vecchi; Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Saillant, Francine; Universidade de Laval, Silva, Lidiane Mara de Ávila e; Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ), Bezerra, Natália Almeida; Universidade de Brasília (UnB), Silva, Nathalia Ramos da; Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ), Barroso, Priscila Farfan; Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Castro, Priscila da Silva; Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ), Menezes, Rachel Aisengart; Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ), Machado, Renata de Morais; Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ), Fleischer, Soraya; Universidade de Brasília (UnB), Fainzang, Sylvie; Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (INSERM)
Tipo de documento: Livro
Idioma: por
Título da fonte: Portal de Livros da UnB
Texto Completo: https://livros.unb.br/index.php/portal/catalog/book/112
Resumo: O ofício antropológico é feito de reflexividade. Andamos sempre na corda bamba, entre fazer uma etnografia da bruxaria do ponto de vista da bruxa ou do ponto de vista de um geômetra, seguindo a famosa comparação de Clifford Geertz. Quando entramos no campo da saúde, o trabalho fica mais desafiador. Lidamos com emoções, com corporalidades, com doença, com dor, com morte. Lidamos, além disso, com uma instituição extremamente potente, do ponto de vista não apenas de sua penetração social, de sua capacidade de acolhimento de tudo isso, mas, sobretudo, de sua eficácia simbólica, fortemente enraizada nos corações e nas mentes de todos nós. Refiro-me à medicina e às demais especialidades que gravitam ao seu redor. Ofícios compostos por pessoas que tratam outras pessoas; que mexem nos seus corpos, nos seus espíritos; que criam parâmetros para aferi-los; que oferecem conselhos, drogas; que propõem tarefas. A pesquisa antropológica surge como contraponto necessário para trazer à cena o emaranhado de experiências que compõem essas relações entre os que tratam, olham, examinam e aqueles que são tratados, observados e examinados. Evidentemente, o pesquisador faz parte desse emaranhado, pois o sofrimento e o acolhimento não lhe são estranhos. Os textos que fazem parte deste volume buscam refletir sobre essa posição reflexiva do pesquisador. Não se trata de uma posição necessária, mas, sim, inevitável. Não é uma escolha de quem pesquisa, mas uma consequência inevitável de habitar o mesmo mundo dos que sofrem e dos que acolhem o sofrimento do outro.
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O ofício antropológico é feito de reflexividade. Andamos sempre na corda bamba, entre fazer uma etnografia da bruxaria do ponto de vista da bruxa ou do ponto de vista de um geômetra, seguindo a famosa comparação de Clifford Geertz. Quando entramos no campo da saúde, o trabalho fica mais desafiador. Lidamos com emoções, com corporalidades, com doença, com dor, com morte. Lidamos, além disso, com uma instituição extremamente potente, do ponto de vista não apenas de sua penetração social, de sua capacidade de acolhimento de tudo isso, mas, sobretudo, de sua eficácia simbólica, fortemente enraizada nos corações e nas mentes de todos nós. Refiro-me à medicina e às demais especialidades que gravitam ao seu redor. Ofícios compostos por pessoas que tratam outras pessoas; que mexem nos seus corpos, nos seus espíritos; que criam parâmetros para aferi-los; que oferecem conselhos, drogas; que propõem tarefas. A pesquisa antropológica surge como contraponto necessário para trazer à cena o emaranhado de experiências que compõem essas relações entre os que tratam, olham, examinam e aqueles que são tratados, observados e examinados. Evidentemente, o pesquisador faz parte desse emaranhado, pois o sofrimento e o acolhimento não lhe são estranhos. Os textos que fazem parte deste volume buscam refletir sobre essa posição reflexiva do pesquisador. Não se trata de uma posição necessária, mas, sim, inevitável. Não é uma escolha de quem pesquisa, mas uma consequência inevitável de habitar o mesmo mundo dos que sofrem e dos que acolhem o sofrimento do outro.
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