Como continuaram os processos civilizadores:: rumo a uma informalização dos comportamentos e a uma personalidade de terceira natureza

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Wouters, Cas
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Sociedade e Estado
Texto Completo: https://periodicos.unb.br/index.php/sociedade/article/view/5682
Resumo: Baseado em uma análise de livros de boas maneiras, datados desde 1890, em quatro países ocidentais, este artigo descreve como “processos civilizadores” continuaram nos séculos XIX e XX. O artigo concentra-se, primeiro, em três funções centrais de uma “boa sociedade” e de seu código de costumes e maneiras e, em seguida, descreve como, em um processo de longa duração de formalização dos costumes e maneiras e de disciplinamento de pessoas, emoções “perigosas”, como aquelas relativas à violência física (incluindo a sexual), passaram a ser controladas de modos cada vez mais automáticos. Sendo assim, um tipo de personalidade de segunda natureza ou de consciência dominada tornou-se predominante. O século XX, por sua vez, assistiu ao aumento dos constrangimentos sociais em favor de condutas descontraídas, além de reflexivas, flexíveis e alertas. Tais pressões coincidiram com uma informalização dos comportamentos e uma emancipação de emoções: emoções que haviam sido negadas e reprimidas recuperaram acesso à consciência e maior aceitação nos códigos sociais. No entanto, foi somente a partir da “Revolução Expressiva” da década de 1960 que, cada vez mais, os padrões de autocontrole têm habilitado as pessoas a admitirem, para si mesmas e os outros, a possibilidade de se sentir emoções “perigosas” sem incitar vergonha, mais especificamente, o receio de perder o controle e a dignidade. À medida que se tornou “natural” perceber os impulsos e as demandas de ambas, da “primeira natureza” e da “segunda natureza”, bem como os perigos e as oportunidades, de curta e longa duração, em qualquer situação ou relação, tem se desenvolvido um tipo de personalidade de “terceira natureza”. Exemplos ilustrativos dessas tendências também nos ajudam a entendê-las como um processo de integração psíquica desencadeado por um processo de integração social continuada.
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