"Vá e conte ao seu povo": interpretações e mediações no trabalho antropológico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Castro, Josué Tomasini
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UnB
Texto Completo: http://repositorio.unb.br/handle/10482/27399
https://dx.doi.org/10.1590/S1981-81222008000100007
Resumo: Antropólogos são tradutores, intérpretes de uma cultura, de práticas sociais. Mas o que os qualificam como intérpretes fiéis de uma sociedade, grupo ou espaço cultural? Se não existe um consenso em relação a possíveis respostas a esta pergunta, ao menos, não há dúvidas do local onde a tradução final se dará: a escrita. Ela, no entanto, não comprova a veracidade dos dados que são expostos, antes, dá forma a uma verdade que não é bem aquela que o nativo deseja que seja contada ("vá e conte ao seu povo"). O que está revelado nas etnografias é, isto sim, um objeto híbrido que só pode ser descrito pelo uso do que James Clifford dizia ser "poderosas mentiras de exclusão e retórica". Neste artigo, tem-se como base teórica a discussão sobre a escrita etnográfica e sobre certos aspectos que a subscrevem e determinam. Tais questões serão confrontadas com a experiência do próprio pesquisador, baseada em trabalho etnográfico realizado na Namíbia, no vilarejo de Okondjatu, entre o povo Herero. Pretende-se discutir alguns aspectos gerais sobre a experiência dos antropólogos de falar a sua verdade sobre um 'outro', de 'descrever identidades' e de possuir, muitas vezes, o perigoso aspecto de porta-vozes e mediadores culturais.
id UNB_17042979307e3e869ab3dc2fad53e445
oai_identifier_str oai:repositorio2.unb.br:10482/27399
network_acronym_str UNB
network_name_str Repositório Institucional da UnB
repository_id_str
spelling Castro, Josué Tomasini2017-12-07T04:51:04Z2017-12-07T04:51:04Z2008Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciênc. hum.,v.3,n.1,p.79-91,2008http://repositorio.unb.br/handle/10482/27399https://dx.doi.org/10.1590/S1981-81222008000100007Antropólogos são tradutores, intérpretes de uma cultura, de práticas sociais. Mas o que os qualificam como intérpretes fiéis de uma sociedade, grupo ou espaço cultural? Se não existe um consenso em relação a possíveis respostas a esta pergunta, ao menos, não há dúvidas do local onde a tradução final se dará: a escrita. Ela, no entanto, não comprova a veracidade dos dados que são expostos, antes, dá forma a uma verdade que não é bem aquela que o nativo deseja que seja contada ("vá e conte ao seu povo"). O que está revelado nas etnografias é, isto sim, um objeto híbrido que só pode ser descrito pelo uso do que James Clifford dizia ser "poderosas mentiras de exclusão e retórica". Neste artigo, tem-se como base teórica a discussão sobre a escrita etnográfica e sobre certos aspectos que a subscrevem e determinam. Tais questões serão confrontadas com a experiência do próprio pesquisador, baseada em trabalho etnográfico realizado na Namíbia, no vilarejo de Okondjatu, entre o povo Herero. Pretende-se discutir alguns aspectos gerais sobre a experiência dos antropólogos de falar a sua verdade sobre um 'outro', de 'descrever identidades' e de possuir, muitas vezes, o perigoso aspecto de porta-vozes e mediadores culturais.Anthropologists are translators, interpreters of a culture, of social practices. But what then qualify them as truly interpreters of a society, a group, or a cultural environment? If there is no consent about possible answers to this question, there is no doubt about the place where the final translation will occur: the writing. However, it does not prove the truthfulness of things described, but gives shape to one truth that is not exactly the one 'natives' want to be told ("go and tell your people"). What is revealed in ethnographies is a hybrid object that can only be described using what James Clifford said to be "powerful lies of exclusion and rhetoric". In this article, the discussion about the writing of ethnographies and some aspects that underwrite and determine it will be on its theoretical base. Such questions will finally be confronted with the experience of the researcher himself, based upon a fieldwork in Namibia, in the village of Okondjatu, among a Herero group. It is intended, thereafter, to discuss some general aspects about anthropologists' experience of speaking its truth about an "other", of "describe identities" and possess, generally, the dangerous aspect of spokesperson and cultural middleman.Em processamentoMCTI/Museu Paraense Emílio Goeldi"Vá e conte ao seu povo": interpretações e mediações no trabalho antropológico"Go and tell your people": interpretations and mediations in the anthropological workinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleTradução culturalEtnografiaConstruções etnográficasHereroCultural translationEthnographyEthnographic constructionsHereroinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNBORIGINALv3n1a07.pdfapplication/pdf177699http://repositorio2.unb.br/jspui/bitstream/10482/27399/1/v3n1a07.pdf0eecf6f9d43b2087fb2b18013e1525b2MD51open access10482/273992023-10-09 12:20:10.231open accessoai:repositorio2.unb.br:10482/27399Biblioteca Digital de Teses e DissertaçõesPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestopendoar:2023-10-09T15:20:10Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv "Vá e conte ao seu povo": interpretações e mediações no trabalho antropológico
"Go and tell your people": interpretations and mediations in the anthropological work
title "Vá e conte ao seu povo": interpretações e mediações no trabalho antropológico
spellingShingle "Vá e conte ao seu povo": interpretações e mediações no trabalho antropológico
Castro, Josué Tomasini
Tradução cultural
Etnografia
Construções etnográficas
Herero
Cultural translation
Ethnography
Ethnographic constructions
Herero
title_short "Vá e conte ao seu povo": interpretações e mediações no trabalho antropológico
title_full "Vá e conte ao seu povo": interpretações e mediações no trabalho antropológico
title_fullStr "Vá e conte ao seu povo": interpretações e mediações no trabalho antropológico
title_full_unstemmed "Vá e conte ao seu povo": interpretações e mediações no trabalho antropológico
title_sort "Vá e conte ao seu povo": interpretações e mediações no trabalho antropológico
author Castro, Josué Tomasini
author_facet Castro, Josué Tomasini
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Castro, Josué Tomasini
dc.subject.keyword.pt_BR.fl_str_mv Tradução cultural
Etnografia
Construções etnográficas
Herero
Cultural translation
Ethnography
Ethnographic constructions
Herero
topic Tradução cultural
Etnografia
Construções etnográficas
Herero
Cultural translation
Ethnography
Ethnographic constructions
Herero
description Antropólogos são tradutores, intérpretes de uma cultura, de práticas sociais. Mas o que os qualificam como intérpretes fiéis de uma sociedade, grupo ou espaço cultural? Se não existe um consenso em relação a possíveis respostas a esta pergunta, ao menos, não há dúvidas do local onde a tradução final se dará: a escrita. Ela, no entanto, não comprova a veracidade dos dados que são expostos, antes, dá forma a uma verdade que não é bem aquela que o nativo deseja que seja contada ("vá e conte ao seu povo"). O que está revelado nas etnografias é, isto sim, um objeto híbrido que só pode ser descrito pelo uso do que James Clifford dizia ser "poderosas mentiras de exclusão e retórica". Neste artigo, tem-se como base teórica a discussão sobre a escrita etnográfica e sobre certos aspectos que a subscrevem e determinam. Tais questões serão confrontadas com a experiência do próprio pesquisador, baseada em trabalho etnográfico realizado na Namíbia, no vilarejo de Okondjatu, entre o povo Herero. Pretende-se discutir alguns aspectos gerais sobre a experiência dos antropólogos de falar a sua verdade sobre um 'outro', de 'descrever identidades' e de possuir, muitas vezes, o perigoso aspecto de porta-vozes e mediadores culturais.
publishDate 2008
dc.date.issued.fl_str_mv 2008
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2017-12-07T04:51:04Z
dc.date.available.fl_str_mv 2017-12-07T04:51:04Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciênc. hum.,v.3,n.1,p.79-91,2008
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://repositorio.unb.br/handle/10482/27399
dc.identifier.doi.pt_BR.fl_str_mv https://dx.doi.org/10.1590/S1981-81222008000100007
identifier_str_mv Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciênc. hum.,v.3,n.1,p.79-91,2008
url http://repositorio.unb.br/handle/10482/27399
https://dx.doi.org/10.1590/S1981-81222008000100007
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv MCTI/Museu Paraense Emílio Goeldi
publisher.none.fl_str_mv MCTI/Museu Paraense Emílio Goeldi
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UnB
instname:Universidade de Brasília (UnB)
instacron:UNB
instname_str Universidade de Brasília (UnB)
instacron_str UNB
institution UNB
reponame_str Repositório Institucional da UnB
collection Repositório Institucional da UnB
bitstream.url.fl_str_mv http://repositorio2.unb.br/jspui/bitstream/10482/27399/1/v3n1a07.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv 0eecf6f9d43b2087fb2b18013e1525b2
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803573533329063936