Identidade brasileira no espelho interétnico. Essencialismos e hibridismos em San Francisco

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ribeiro, Gustavo Lins
Data de Publicação: 1998
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UnB
Texto Completo: http://repositorio.unb.br/handle/10482/17688
Resumo: A identidade nacional, ela mesma uma construção que se direciona para uma homogeneização instrumental de uma determinada população, se transforma, também instrumentalmente, em uma identidade étnica, isto é, em uma identidade contrastiva internamente ao âmbito de um outro estado nacional onde as diferenças são marcadas por distinções linguísticas e culturais, acima de qualquer coisa.É neste âmbito que a experiência dos brasileiros emigrantes deve ser incluída.As ciências sociais brasileiras têm uma larga tradição de interpretar o Brasil e a cultura brasileira. Neste final de século, especificamente a partir de meados da década de oitenta quando se delineia pela primeira vez na história do país uma clara tendência emigratória para diferentes locais nos Estados Unidos, Paraguai, Japão e Europa, abrese definitivamente a oportunidade de pensar, antropologicamente, a inserção de diferentes populações brasileiras em distintos Estados nacionais e sistemas interétnicos. Nestes jogos de espelho, novas pistas surgirão, especialmente a partir de contextos onde a alteridade e o estranhamento se imponham com força notável. Em trabalho anterior (Ribeiro 1998a), a partir da apresentação do que denominei cenários e rituais de afirmação da identidade brasileira na Bay Area de San Francisco, procurei avançar nesta direção. Já que a dinâmica público/privado é crucial para a construção de identidades, centrei meu argumento sobre um continuum onde os cenários/rituais iam aumentando em visibilidade para os “outros” constitutivos da segmentação étnica em questão. Neste contexto, ficou claro o que informa a identidade brasileira: a comida, a música, a dança, futebol, rituais nacionais, o carnaval, especialistas do simbólico (pastores, jornalistas). Nada de novo. Todos os imigrantes carregam consigo formas e aparatos de reprodução cultural, até mesmo para domesticar o novo ambiente e apaziguar o stress da relocalização e do estranhamento. Mas, há várias combinações possíveis. Umas apontam para a confirmação de essencialismos, das sinédoques típicas das construções de identidades sociais. Outras apontam para a formação de novos hibridismos.
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