Uma nova voz, um novo olhar : armadilhas da formação humorística
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Outros Autores: | , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UnB |
Texto Completo: | http://repositorio2.unb.br/jspui/handle/10482/46660 |
Resumo: | O estudo sobre os tipos de comicidade, em especial o humor, preocupou os românticos e influenciou os estudos no começo do século XX. Freud, influenciado por esse contexto tanto quanto o influenciando, escreveu duas obras que tratam do assunto. Neste artigo, o tema humor leva a algumas discussões: o riso humorístico como o emolduramento do afeto e o efeito da fala afável do supereu para essa formação. Entender a plástica representada pelo riso humorístico leva a considerar que esse processo reúne duas possibilidades de armadilha, que podem se constituir tanto por via da pulsão invocante quanto da escópica. A primeira, pela fala afável e consolatória do supereu, parece funcionar como um domavoz; a sonoridade dessa fala oferta um novo lugar que não apenas o do imperativo mortífero. A segunda armadilha seria o riso humorístico, o qual se pode pensar como um doma-olhar. O riso contido que emoldura a sensação de travessura frente ao risco enfrentado, mesmo sabendo-se que esse desafio persiste para fora de sua borda, o que avizinha as lágrimas. Para pensar os efeitos das características estéticas e artísticas do humor, dois episódios da obra Dom Quixote de la Mancha são tomados como ilustração. Os trechos do romance ajudam a pensar como o riso, pela sua expressão imagética e sonora, pode emoldurar os afetos ou trans-bordar em excesso. Essa compreensão estética ajuda a situar o seu alcance, que tanto pode ser o compartilhamento do prazer ou a reafirmação solitária do gozo. Assim, o sorriso humorístico pode funcionar como uma armadilha para o afeto, emoldurando-o de modo a revelar, contidamente, que aquilo que aterroriza pode ser enfrentado, mesmo que não seja aniquilado; o resto é excesso. Portanto, mesmo que de forma arriscada, o humor é capaz de construir o discurso da falta que remete o sujeito ao seu desejo. |
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Uma nova voz, um novo olhar : armadilhas da formação humorísticaA new voice, a new look : traps of the humorous formationUne nouvelle voix, un nouveau regard : les pieges de la formation humoristiqueHumor (Psicologia)Riso (Psicologia)SuperegoAfeto (Psicologia)O estudo sobre os tipos de comicidade, em especial o humor, preocupou os românticos e influenciou os estudos no começo do século XX. Freud, influenciado por esse contexto tanto quanto o influenciando, escreveu duas obras que tratam do assunto. Neste artigo, o tema humor leva a algumas discussões: o riso humorístico como o emolduramento do afeto e o efeito da fala afável do supereu para essa formação. Entender a plástica representada pelo riso humorístico leva a considerar que esse processo reúne duas possibilidades de armadilha, que podem se constituir tanto por via da pulsão invocante quanto da escópica. A primeira, pela fala afável e consolatória do supereu, parece funcionar como um domavoz; a sonoridade dessa fala oferta um novo lugar que não apenas o do imperativo mortífero. A segunda armadilha seria o riso humorístico, o qual se pode pensar como um doma-olhar. O riso contido que emoldura a sensação de travessura frente ao risco enfrentado, mesmo sabendo-se que esse desafio persiste para fora de sua borda, o que avizinha as lágrimas. Para pensar os efeitos das características estéticas e artísticas do humor, dois episódios da obra Dom Quixote de la Mancha são tomados como ilustração. Os trechos do romance ajudam a pensar como o riso, pela sua expressão imagética e sonora, pode emoldurar os afetos ou trans-bordar em excesso. Essa compreensão estética ajuda a situar o seu alcance, que tanto pode ser o compartilhamento do prazer ou a reafirmação solitária do gozo. Assim, o sorriso humorístico pode funcionar como uma armadilha para o afeto, emoldurando-o de modo a revelar, contidamente, que aquilo que aterroriza pode ser enfrentado, mesmo que não seja aniquilado; o resto é excesso. Portanto, mesmo que de forma arriscada, o humor é capaz de construir o discurso da falta que remete o sujeito ao seu desejo.The study about the types of comicality, and in special the humor, worried the romantics and had an influence on the studies in the beginning of the XX century. Freud, influenced and influencing this context, writes two works that treat about this thematic. In this paper, the theme humor goes to some discussions: the humoristic laugh like the framing of the affection and the effect of the affable speech of the Superego for this formation. When the plastic represented by the humoristic laugh is understood, it takes into consideration that this process gathers two possibilities of a trap, both can be constituted either as by the invoking drive or as the scopic drive. The first, by the affable and consolatory speech of the superego, that seems to work as a voice-tamer, the sonority of this speak offers a new place that is not only the deadly imperative. The second trap would be the humoristic laugh, which can be thought as a look-tamer. The contained laugh that frames the sensation of the mockery play in front the risk confronted, even knowing that this challenge persists for out of your edge, which can be approached to tears. To think the effects of the artistic and esthetic characteristics of the humor, two episodes of the work Dom Quixote de La Mancha are taken as illustration. The parts of the romance help to think how the laugh, through the imagistic and sonorous expression, can frame the affections or overflow in excess. This esthetic comprehension helps to situate your reach, that either can be the share of the pleasure or the lonely reaffirmation of the jouissance. Thereby, the humoristic smile can work as a trap for the affection, frames it reveling, retracted, that what terrifies can be faced, even that’s not annihilated; the rest is excess. Therefore, even in a risky way, the humor is capable of constructing the utterance of the loss, that remits the subject to their desire.L’étude des types de comique, et plus particulièrement de l’humour, intéressa les romantiques et influença les recherches du début du XXème siècle. Freud, influencé et s’inscrivant dans ce contexte, écrivit deux ouvrages qui abordent cette thématique. Dans cet article, ce thème est discuté de la façon suivante : le rire lié à l’humour permettrait le bordage d’un risque, effet de la parole consolatrice du Surmoi. Appréhender la plasticité impliquée par le rire humoristique conduit à considérer que le processus humoristique convoque deux possibilités de pièges pouvant se manifester aussi bien par l’intermédiaire de la pulsion invocante que de la pulsion scopique. Premièrement, par la parole douce et consolatrice le Surmoi se constituerait comme dompte-voix. La sonorité de cette parole offre un nouvel espace au-delà de l’impératif mortifère. Le second piège serait le rire humoristique pouvant être compris comme dompte-regard. Le rire limite la sentiment désagréable face au danger, même s’il reste évident que le problème persiste hors de l’espace dessiné par l’humour ce qui peut conduire aux larmes mêlées au rire. Pour penser les effets esthétiques et artistiques de l’humour deux épisodes de l’oeuvre Don Quichotte de la Mancha sont utilisés. Les parties du roman permettent de penser comment le rire, dans sa dimension imageante et sonore peut encadrer les affects ou dé-border excessivement. Cette compréhension esthétique aide à situer sa portée : partage de plaisir autant que réaffirmation solitaire de la jouissance. Ainsi, l›humour peut fonctionner comme piège pour l›affect en l›encadrant, révélant par là-même qu›il est possible de faire face à ce qui terrifie même s›il ne peut être annihilé; reste en excès. Par conséquent, même d›une manière non dépourvue de risques, l›humour est capable de construire le discours de l›absence renvoyant le sujet à son désir.Instituto de Psicologia (IP)Departamento de Psicologia Social e do Trabalho (IP PST)Departamento de Psicologia Clínica (IP PCL)Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das OrganizaçõesPrograma de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e CulturaSociedade de Psicanálise Iracy DoyleUniversidade de BrasíliaUniversidade Côte d’ AzurUniversidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Social e do TrabalhoUniversidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia ClínicaGama, Laene PedroVives, Jean-MichelMendes, Ana Magnólia BezerraChatelard, Daniela Scheinkman2023-10-10T21:22:24Z2023-10-10T21:22:24Z2023-01-04info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfGAMA, Laene Pedro et. al. Uma nova voz, um novo olhar: armadilhas da formação humorística. Tempo Psicanalítico, Rio de Janeiro, v. 55, p. 152-185, 2023. Disponível em: https://www.tempopsicanalitico.com.br/tempopsicanalitico/article/view/530. Acesso em: 10 out. 2023.http://repositorio2.unb.br/jspui/handle/10482/46660porhttps://www.tempopsicanalitico.com.br/tempopsicanalitico/article/view/530Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento. Fonte: https://www.tempopsicanalitico.com.br/tempopsicanalitico/about. Acesso em: 10 out. 2023.info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNB2023-10-10T21:24:11Zoai:repositorio.unb.br:10482/46660Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestrepositorio@unb.bropendoar:2023-10-10T21:24:11Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false |
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