O que esta mulher está fazendo aqui? : Alceste no discurso de Fedro do Banquete platônico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pio, Fernanda Israel
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UnB
Texto Completo: https://repositorio.unb.br/handle/10482/39319
Resumo: Nesta dissertação analisamos a menção de Fedro a Alceste em seu discurso de elogio a Eros, no Banquete de Platão, levando em consideração a dimensão de gênero subjacente ao discurso. Para tanto, aplicamos a sistematização proposta por Scott (1986), que trata o gênero como categoria de análise histórica. No primeiro capítulo promovemos uma breve introdução ao Banquete platônico; pontuamos que o prólogo do diálogo revela desde logo uma das funções do diálogo, a de ser mais uma apologia de Sócrates. Essa apologia se dá a partir da ressignificação da relação de Sócrates com Alcibíades e se constrói pela articulação de uma retórica de gênero, que está focada na paranomia sexual de Alcibíades, e de uma intervenção política sobre a memória de Sócrates (Cornelli 2013), que fora condenado à morte. Um dos motivos foi justamente a proximidade com a figura problemática de Alcibíades. Essa dimensão de gênero e sua correlação com o poder perpassa todo o Banquete. Tratamos, na sequência, de duas questões interpretativas preliminares ao estudo do Banquete: a ordenação do corpus platônico e a relação interna entre as partes do Banquete. No segundo capítulo, através de uma tradução comentada do discurso de Fedro, analisamos mais precisamente a inserção de Alceste no discurso. No terceiro capítulo apresentamos de maneira detida os instrumentais propostos por Scott para a utilização do gênero como categoria de análise histórica. Em seguida, utilizamos essa categoria para compreender o que, afinal, essa mulher, Alceste, faz ali. Para além de procurar uma aproximação à figura de Alceste na filosofia de Platão, a presente dissertação acaba por marcar um ponto hermenêutico e político que supera o objeto imediato da pesquisa: qualquer estudo histórico, filosófico ou filológico da Antiguidade que pretenda ignorar a dimensão de gênero tenderá a incorrer nos mesmos equívocos de muita recepção da figura de Alceste no Banquete de Platão.
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Essa apologia se dá a partir da ressignificação da relação de Sócrates com Alcibíades e se constrói pela articulação de uma retórica de gênero, que está focada na paranomia sexual de Alcibíades, e de uma intervenção política sobre a memória de Sócrates (Cornelli 2013), que fora condenado à morte. Um dos motivos foi justamente a proximidade com a figura problemática de Alcibíades. Essa dimensão de gênero e sua correlação com o poder perpassa todo o Banquete. Tratamos, na sequência, de duas questões interpretativas preliminares ao estudo do Banquete: a ordenação do corpus platônico e a relação interna entre as partes do Banquete. No segundo capítulo, através de uma tradução comentada do discurso de Fedro, analisamos mais precisamente a inserção de Alceste no discurso. No terceiro capítulo apresentamos de maneira detida os instrumentais propostos por Scott para a utilização do gênero como categoria de análise histórica. Em seguida, utilizamos essa categoria para compreender o que, afinal, essa mulher, Alceste, faz ali. Para além de procurar uma aproximação à figura de Alceste na filosofia de Platão, a presente dissertação acaba por marcar um ponto hermenêutico e político que supera o objeto imediato da pesquisa: qualquer estudo histórico, filosófico ou filológico da Antiguidade que pretenda ignorar a dimensão de gênero tenderá a incorrer nos mesmos equívocos de muita recepção da figura de Alceste no Banquete de Platão.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).The present dissertation analyses Phaedrus’s mention to Alceste in his praise of Eros, in Plato’s Symposium. The study takes into consideration gender issues inherent to that speech. For this purpose, the study applies Scott’s (1986) approach to gender as a category of historical analysis. The first chapter provides a brief introduction to the Platonic Symposium, pointing out that the prologue sheds light from the beginning on one of the dialogue’s objectives: to be one more apology to Socrates. This apology is based on a reframe of the relationship between Socrates and Alcibiades, as it is built around the articulation of a gender rhetoric, focused on Alcibiades' sexual paranomia and the political intervention on Socrates' memory (Cornelli 2013), which had been condemned to death. One reason was precisely the reference to Alcibiades, as a problematic character. Both dimensions, gender and power are present throughout the entire platonic dialogue. Then, the chapter approaches two interpretative questions, preliminary to the study of the Symposium: the ordering of the Platonic corpus and the internal relationship among the text’s parts. The second chapter analyses a commented translation of Phaedrus' speech, focusing on the presence of Alceste in the text. The third chapter describes the instruments proposed by Scott for the use of gender as a category of historical analysis. This category is used to finally understand what this particular woman, Alceste, is doing there. In addition to seek an approximation to the figure of Alceste in Plato's philosophy, this dissertation ends up marking a hermeneutical and political point that surpasses the immediate object of the research: any historical, philosophical or philological study of Antiquity ignoring the gender dimension it will tend to incur int the same mistakes of much reception of the figure of Alceste in Plato's Symposium.A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.info:eu-repo/semantics/openAccessO que esta mulher está fazendo aqui? : Alceste no discurso de Fedro do Banquete platônicoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisDissertação (mestrado)—Universidade de Brasília,Instituto de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Metafísica, 2020.Platão - crítica e interpretaçãoAlcesteGêneroFilósofos - GréciaFilosofia antigaMitologia gregaBanquete platônicoporreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNBLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain102http://repositorio2.unb.br/jspui/bitstream/10482/39319/2/license.txtaed4704d04bb260d4decd80db311aaa5MD52open accessORIGINAL2020_FernandaIsraelPio.pdf2020_FernandaIsraelPio.pdfapplication/pdf909587http://repositorio2.unb.br/jspui/bitstream/10482/39319/1/2020_FernandaIsraelPio.pdfe5f7191a8f8c63fed0d1aa98f1746d96MD51open access10482/393192023-07-14 17:25:28.872open accessoai:repositorio2.unb.br:10482/39319U3VibWlzc8OjbyBlZmV0aXZhZGEgZGUgYWNvcmRvIGNvbSBsaWNlbsOnYSBjb25jZWRpZGEgcGVsbyBhdXRvciBlL291IGRldGVudG9yIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcy4KBiblioteca Digital de Teses e DissertaçõesPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestopendoar:2023-07-14T20:25:28Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false
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