Escuta clínica do trabalho e (re)significação do sofrimento de professoras readaptadas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Amaral, Graziele Alves
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UnB
Texto Completo: http://repositorio.unb.br/handle/10482/32613
Resumo: Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, 2018.
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spelling Escuta clínica do trabalho e (re)significação do sofrimento de professoras readaptadasTrabalho - aspectos psicológicosSofrimentoReadaptação profissionalProfessores - saúde mentalMobilização subjetivaPsicodinâmica do trabalhoTese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, 2018.A presente pesquisa tem como objeto a significação do sofrimento por meio da análise da mobilização subjetiva de professores readaptados, com base no referencial teórico e metodológico da Psicodinâmica do Trabalho. Os estudos em clínica do trabalho, realizados desde a década de 1990 no Brasil, têm enfocado a mobilização subjetiva ou a (re)significação do sofrimento com trabalhadores em situação de “normalidade” e não em adoecimento afastados do trabalho. Define-se mobilização subjetiva como um processo intersubjetivo que se caracteriza pelo engajamento da subjetividade do trabalhador e pelo espaço público de discussões sobre o trabalho, passando pela dinâmica contribuição-retribuição simbólica e pela cooperação. Por meio de uma operação simbólica que leva ao resgate do sentido do trabalho, a mobilização subjetiva possibilita a transformação do sofrimento e, assim, a vivência de prazer no trabalho. A readaptação profissional é um dispositivo do poder público que se destina a servidores que adoeceram e cujo adoecimento levou a limitações laborais. O processo de readaptação envolve o afastamento do trabalho e a reinserção laboral, por meio do qual os trabalhadores são realocados em cargos com atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação física ou psíquica que tenham sofrido. A escuta clínica do sofrimento é usada na clínica do trabalho. Ao privilegiar a fala num espaço de escuta, coloca a palavra em ação e abre uma possibilidade de repensar as dimensões visíveis e invisíveis da organização do trabalho e dos laços sociais construídos na relação dos sujeitos com o real do trabalho. Nessa pesquisa, os dispositivos utilizados foram: análise da demanda, transferência e interpretação. Isto posto, partiu-se da tese de que a aplicação dos dispositivos da escuta clínica do sofrimento no trabalho poderia produzir efeitos nos modos de mobilização subjetiva em um grupo de professores readaptados. Como objetivo da pesquisa, pretendeu-se analisar os modos de significação do sofrimento por meio da análise dos efeitos dos dispositivos de escuta clínica do sofrimento no trabalho sobre a mobilização subjetiva de professores readaptados. Foi utilizado o método da clínica do trabalho. Os participantes dessa pesquisa foram professoras readaptadas da rede pública de ensino do Distrito Federal, que participavam da clínica do trabalho oferecida pelo Sindicato dos Professores (SinPro/DF). Foram realizadas 22 sessões das quais participaram de duas a sete professoras. As sessões foram conduzidas por duas clínicas-pesquisadoras, com duração média de uma hora e meia cada. As supervisões clínicas semanais aconteceram com o coletivo de pesquisadores, composto pelas duas clínicas-pesquisadoras, a supervisora e alunos do Laboratório de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho/UnB. Ao longo do processo clínico, foram utilizados quatro instrumentos: a gravação em áudio das sessões, o memorial e o diário de campo e o registro da supervisão. Os dados compostos por sessões transcritas, memoriais, diários de campo e registros das supervisões foram analisados seguindo a técnica Análise Clínica do Trabalho em suas três etapas: Análise dos Dispositivos Clínicos, Análise da Psicodinâmica do Trabalho e Análise da Mobilização do Coletivo de Trabalho. A partir da clínica do trabalho realizada, pôde-se observar um reposicionamento subjetivo dos sujeitos, que passaram a se sentir mais fortalecidas para lidar com o sofrimento do adoecimento e da readaptação, já que a clínica permitiu que se desapegassem das ilusões missionárias sobre seu trabalho e construíssem uma narrativa mais autônoma. Mas a mobilização subjetiva, como um processo de resgate do sentido e do prazer no trabalho, não foi possível de ser alcançada na clínica. Esse resultado não se deve ao uso inadequado dos dispositivos clínicos, mas ao fato de o trabalho na readaptação se constituir em um trabalho morto, inclusive no sentido de contribuir para o isolamento e a exclusão dessas profissionais, levando ao desmoronamento dos laços sociais e à impossibilidade de uma mobilização coletiva potente o suficiente para mudar as questões estruturais desse não-trabalho a que estão submetidas. Apesar de defender a impossibilidade de mobilização subjetiva em um trabalho morto, a grande contribuição da clínica do trabalho realizada foi no sentido de demonstrar a potência política da clínica do trabalho a partir de novos destinos que as professoras adoecidas puderam dar ao sofrimento.This research studies the meaning of suffering through the analysis of the subjective mobilization of readapted teachers, based on the theoretical and methodological reference of the Work Psychodynamics. The studies in clinic of work conducted since the 1990s in Brazil have focused the subjective mobilization or the (re)signification of suffering with workers in a situation of "normality" and not in illness away from work. Subjective mobilization is defined as an intersubjective process characterized by the engagement of worker subjectivity and the public space of discussions about work, further the dynamic symbolic contribution-retribution and cooperation. Through a symbolic operation that leads to the rescue of the signification of work, subjective mobilization enables the transformation of suffering and, thus, the experience of pleasure at work. Professional readaptation is a device of the public power that is destined to servers that became ill and which illness led to labor limitations. The process of readaptation involves the withdrawal of work and the reintegration to work by the readaptation, whereby workers are relocated to positions with compatible attributions and responsibilities with the physical or psychological limitation they have suffered. The clinical listening of the suffering is used in the clinic of work. By privileging speaking in a listening space, it puts the word into action and opens up the possibility to rethink the visible and invisible dimensions of work organization and the social bonds built in the relationship of the subjects with the real work. In this research, the devices used were: analysis of the demand, transfer and interpretation. This is based on the thesis that the application of the devices of clinical listening of suffering at work could produce effects on the modes of subjective mobilization in a group of teachers who have been readapted. The objective of this research was to analyze the modes of signification of the suffering throught the analysis of the effects of the devices in clinical listening of the suffering at work on the subjective mobilization of readapted teachers. The clinic of work method was used. The participants of this research were readapted teachers from the public school system of the Federal District, who participated of the clinic of work offered by the Teachers' Syndicate (SinPro / DF). Twenty-two sessions were held in which two to seven teachers have participated. The sessions were conducted by two clinics-researchers, with an average duration of one and a half hour each. The weekly clinical supervisions have taken place with a group of researchers, composed of the two clinics-researchers, the supervisor and students of the Laboratory of Psychodynamics and Clinic of Work/UnB. Along the clinical process, four instruments were used: the audio recordings, the memorial, the field diary and the supervision notes. The data composed of transcribed sessions, memorials, field diarys and supervision notes, which were analyzed following the Work’s Clinical Analysis technique in its three steps: Analysis of Clinical Devices, Analysis of the Work Psychodynamics and Analysis of the Mobilization of the Collective of Work. From the clinic of work realized, it was possible to observe a subjective repositioning of the subjects, who felt to be more strengthened to deal with the suffering of illness and readaptation, since the clinic allowed them to detach of the missionary illusions about their work and to construct a more autonomous narrative. But the subjective mobilization, as a process of recovery of signification and pleasure at work, could not be achieved in the clinic. This result is not due to the inadequate use of clinical devices, but to the fact that work on readaptation constitutes a dead work, even in the sense of contributing to the isolation and exclusion of these professionals, leading to the collapse of social ties and the impossibility of a collective mobilization powerful enough to change the structural issues of this non-work to which they are subjected. In spite of defending the impossibility of subjective mobilization in a dead work, the great contribution of the clinic of the work accomplished was in the sense of demonstrating the political power of the clinic of work from the new destinations that the sick teachers could give to the suffering.El presente estudio tiene como objetivo la significación del sufrimiento por medio del análisis de la movilización subjetiva de profesores reubicados a partir del marco teórico y metodológico de la Psicodinámica del Trabajo. Los estudios en clínica del trabajo realizados desde la década de 1990 en Brasil han enfocado la movilización subjetiva o la (re)significación del sufrimiento con trabajadores en situaciones de “normalidad” y no en licencias por enfermedades del trabajo. La movilización subjetiva se define como un proceso intersubjetivo que se caracteriza por el compromiso de la subjetividad del trabajador y por el espacio público de discusión sobre el trabajo, pasando por la dinámica contribución-retribución simbólica y la cooperación. Por medio de una operación simbólica que lleva al rescate del sentido del trabajo, la movilización subjetiva posibilita la transformación del sufrimiento y así, la vivencia de placer en el trabajo. La reubicación profesional es un dispositivo del poder público que se destina a funcionarios que enfermaron y cuja enfermedad llevó a limitaciones laborales. El proceso de reubicación envuelve licencias de trabajo y la reinserción laboral, por medio del cual los trabajadores son reubicados en cargos con atribuciones y responsabilidades compatibles con la limitación física o psíquica que tengan sufrido. El escucha clínica del sufrimiento es usado en la clínica del trabajo. Al privilegiar el habla en un espacio de escucha, coloca la palabra en acción y abre posibilidades de repensar las dimensiones visibles e invisibles de la organización del trabajo y de los lazos sociales construidos en la relación de los sujetos con lo real del trabajo. En esta investigación, los dispositivos usados fueron: análisis de la demanda, transferencia e interpretación. A partir de lo expuesto, se defiende la tesis de que la aplicación de los dispositivos de escucha clínica del sufrimiento en el trabajo produce efectos en los modos de movilización subjetiva en un grupo de profesores reubicados. El objetivo de la investigación fue analizar los modos de significación de sufrimiento, por medio del análisis de los efectos de los dispositivos de escucha clínica del sufrimiento en el trabajo sobre la movilización subjetiva de los profesores reubicados. Fue utilizado el método de la clínica del trabajo. Los participantes de la investigación fueron profesores reubicados de la red pública de enseñanza del Distrito Federal, que participaban de la clínica del trabajo ofrecida por el Sindicato de los Profesores (SinPro/DF). Fueron realizadas 22 sesiones, en las cuales participaron de dos a siete profesoras. Las sesiones fueron conducidas por dos clínicas-investigadoras, con duración de una hora y media cada. Las supervisiones clínicas sucedieron con el colectivo de investigadores, compuesto por las dos clínicas-investigadores, la supervisora y alumnos del Laboratorio de Psicodinámica y Clínica del Trabajo/UnB. Durante el proceso clínico, fueron utilizados cuatro instrumentos: grabación, memorial, diario de campo y registro de las supervisiones. Los datos, compuestos por sesiones transcriptas, memoriales, diarios de campo y registros de las supervisiones, fueron analizados siguiendo la técnica Análisis Clínica del Trabajo en sus tres etapas: Análisis de los Dispositivos Clínicos, Análisis de la Psicodinámica del Trabajo y Análisis de la Movilización del Colectivo del Trabajo. A partir de la clínica del trabajo realizada, se pudo observar un reposicionamiento subjetivo de los sujetos, que pasaron a sentirse más fortalecidos para lidiar con el sufrimiento de la enfermedad y la readaptación, ya que la clínica permitió que se desapeguen de las ilusiones misionarias sobre su trabajo y construyan una narrativa más autónoma. Sin embargo, la movilización subjetiva como un proceso de rescate del sentido y placer en el trabajo, no fue posible de ser alcanzada en la clínica. Ese resultado no se debe al uso inadecuado de los dispositivos clínicos, y si al hecho de que el trabajo en la reubicación se constituye como un trabajo muerto, inclusive en el sentido de contribuir para la exclusión de esas profesionales. De esa forma, lleva al desmoronamiento de los lazos sociales y a la imposibilidad de una movilización colectiva potente lo suficiente para cambiar las cuestiones estructurales de ese no-trabajo a las que están sometidas. A pesar de defender la imposibilidad de la movilización subjetiva en un trabajo muerto, la grande contribución de la clínica del trabajo realizada fue en el sentido de demonstrar la potencia política de la clínica del trabajo a partir de nuevos destinos que las profesoras pudieron dar al sufrimiento.Mendes, Ana Magnólia BezerraAmaral, Graziele Alves2018-09-11T19:41:09Z2018-09-11T19:41:09Z2018-09-062018-04-05info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfAMARAL, Graziele Alves. Escuta clínica do trabalho e (re)significação do sofrimento de professoras readaptadas. 2018. 234 f. Tese (Doutorado em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.http://repositorio.unb.br/handle/10482/32613A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNB2023-07-11T00:29:59Zoai:repositorio.unb.br:10482/32613Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestrepositorio@unb.bropendoar:2023-07-11T00:29:59Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false
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