Polivitimização de meninos abusados sexualmente : vítimas, familiares e profissionais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Said, Amanda Pinheiro
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UnB
Texto Completo: https://repositorio.unb.br/handle/10482/43097
Resumo: Tese (doutorado ) — Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura, 2021.
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spelling Polivitimização de meninos abusados sexualmente : vítimas, familiares e profissionaisPolivitimizaçãoPolivítimasVítimas de violência sexualAbuso sexual - famíliaAbuso sexual infantilViolência sexual infantilAbuso sexual - meninosTese (doutorado ) — Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura, 2021.A polivitimização é um conceito cunhado por um grupo de autores estadunidenses no início dos anos 2000 e refere-se ao fenômeno em que a mesma pessoa é vítima de mais de um tipo de violência. Quase 20 anos depois, ainda é um termo pouco pesquisado no Brasil, embora nosso país seja marcado historicamente por polivitimizações. Há estudos que apontam que os meninos tendem a ser mais polivítimas que as meninas e que fatores históricos, sociais e contextuais, como o padrão de masculinidade hegemônica, colocam os meninos em situação de maior risco e desamparo. Para eles, o tempo entre a ocorrência de um episódio de violência e a sua revelação pode durar anos, ou mesmo não ocorrer. No Brasil, também a partir dos anos 2000, ocorreram avanços importantes no que diz respeito ao Sistema de Garantia de Direitos das Crianças e Adolescentes, merecendo destaque a Lei nº 13.431/2017, que dispõe sobre o depoimento especial e a escuta especializada. A partir de um referencial epistemológico sistêmico novo paradigmático, com seus pressupostos da complexidade, instabilidade e intersubjetividade, e da teoria sistêmica, o objetivo desta tese é compreender o fenômeno polivitimização de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual do gênero masculino na perspectiva das polivítimas, de seus familiares e de profissionais. Para isso, em uma proposta qualitativa multimétodos, que adota a ferramenta de análise temática reflexiva de Braun e Clarke como principal eixo metodológico, assumindo ainda premissas de perspectivas metodológicas como a pesquisa-ação e a proposta qualitativa de González Rey, as e os participantes foram divididos em três grupos. O Grupo 1 contou com a participação de três meninos polivitimizados, o Grupo 2 com três mães de meninos vítimas de violência sexual e o Grupo 3 com 21 profissionais das seguintes áreas de atuação: Assistência Social, Educação, Justiça, Ministério Público, Saúde, Segurança Pública e Sociedade Civil. As e os 27 participantes foram entrevistados e, devido ao cenário da pandemia de Covid-19, 14 entrevistas ocorreram em formato on-line. O conteúdo de todas as transcrições foi analisado seguindo as seis etapas da proposta da análise temática reflexiva, que prevê um processo fluido e com protagonismo da subjetividade da pesquisadora, além de priorizar a ideia de construção. As seis etapas são: familiarização, codificação, construção de temas iniciais, redefinição e refinamento de temas, revisão e nomeação de subtemas, e revisão dos temas e produção do relato. Para o Grupo 1, construímos seis temas e 12 subtemas, seis temas e oito subtemas para o Grupo 2, e para o Grupo 3, 14 temas e 30 subtemas. Observamos que o não reconhecimento da polivitimização ocorreu para os três grupos de participantes, cada um com suas especificidades, nos sinalizando para a importância de serem investidos esforços contínuos e coletivos para uma mudança paradigmática que passe a ver e a nomear as ocorrências de diferentes tipos de violência, antes mesmo de se pensar e planejar intervenções às polivítimas do gênero masculino. Defendemos que às polivítimas sejam buscadas formas de proporcionar saúde e bem-estar e que a família seja sempre incluída no cenário de ação para polivitimização, seja porque ela também tem histórico de (poli)vitimizações, porque são ofensores(as), ou ainda pela necessidade de oferecerem suporte sem reproduzir estereótipos, como o de que meninos são mais independentes e não sofrem violências sexuais. Defendemos ainda o fortalecimento da rede social, por meio do oferecimento de capacitações continuadas aos profissionais, para que as instituições consigam cumprir seu papel de orientação, suporte e apoio. Sugerimos a realização de outras pesquisas em outras cidades e estados para ampliar a compreensão sobre o fenômeno de forma ainda mais ampla e contextualizada no Brasil.Polyvictimization is a concept coined by a group of American authors in the early 2000s and it refers to the phenomenon in which the same person is a victim of more than one type of violence. Almost 20 years later, research in this area in Brazil is still lacking, although our country is historically marked by polyvictimization. There are studies that show that boys tend to be more polyvictims than girls and that historical, social and contextual factors, such as the pattern of hegemonic masculinity, place them at greater risk. For male polyvictims, the time between the occurrence of an episode of violence and its disclosure can take years, or even not occur. In Brazil, also from the 2000s onwards, important advances were made with regard to the System for Guaranteeing the Rights of Children and Adolescents. More recently, Law nº 13.431/2017 is noteworthy. From a systemic-new paradigmatic epistemological framework, with its assumptions of complexity, instability and intersubjectivity, and from the systemic theory, the objective of this dissertation is to understand the phenomenon of polyvictimization of male children and adolescents, from the perspective of polyvictims, family members and professionals. To do so, this research used a qualitative multimethod proposal, adopting the reflexive thematic analysis tool by Braun and Clarke as the main methodological axis, also assuming premises of methodological perspectives such as action research and the qualitative proposal of González-Rey. The participants were divided into three groups: three polyvictimized boys (Group 1), three mothers of boys who were victims of sexual violence (Group 2) and 21 professionals from the following areas: Social Assistance, Education, Justice, Public Ministry, Health, Public Security and Civil Society (Group 3). The 27 participants were interviewed and, due to the Covid-19 pandemic scenario, 14 interviews were made online. The content of all transcripts was analyzed following the six steps of the reflexive thematic analysis proposal, which foresees a fluid process, with a leading role in the researcher's subjectivity and an emphasis on the idea of knowledge construction. The six steps are: familiarization, coding, generating potential themes, reviewing themes, defining and naming subthemes, and reviewing and producing the report. For Group 1, we developed 6 themes and 12 subthemes, 6 themes and 8 subthemes for Group 2, and for Group 3, 14 themes and 30 subthemes. We observed that the non-recognition of polyvictimization occurred for the three groups of participants, which signals the importance of investing continuous and collective efforts for a paradigmatic shift that starts to see and name the occurrences of different types of violence, even before thinking about and planning interventions for male polyvictims. We expect that efforts are invested to provide health and well-being to polyvictims and that the family is always included, either because they also have a history of (poly)victimization, because they are offenders, or because of their need to offer support without reproducing stereotypes, such as that boys are more independent and do not suffer sexual violence. We also defend the strengthening of the social network, by offering continuous training to professionals, so that institutions can fulfill their role of offering guidance and support. We suggest carrying out further research in other cities to broaden the understanding of the phenomenon in an even broader context in Brazil.Costa, Liana FortunatoSaid, Amanda Pinheiro2022-03-19T00:05:49Z2022-03-19T00:05:49Z2022-03-182021-12-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfSAID, Amanda Pinheiro. Polivitimização de meninos abusados sexualmente: vítimas, familiares e profissionais. 2021. 300 f., il. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) — Universidade de Brasília, Brasília, 2021.https://repositorio.unb.br/handle/10482/43097A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNB2023-07-11T00:13:01Zoai:repositorio.unb.br:10482/43097Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestrepositorio@unb.bropendoar:2023-07-11T00:13:01Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false
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