Concordância verbal, mercado de trabalho e ensino médio: um olhar sociolingüístico sobre a fala e escrita de mulheres de comunidades populares de salvador

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mattos, Mattos, Andréa Andrade de
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Saber Aberto – Repositório Institucional da UNEB
Texto Completo: https://saberaberto.uneb.br/handle/123456789/4771
Resumo: Esta dissertação analisa, a partir da teoria Sociolingüística Variacionista, a aplicação da concordância verbal de terceira pessoa do plural em textos oral e escrito de 12 mulheres que estão em fase de conclusão do terceiro ano do Ensino Médio, em escola pública de Salvador no turno noturno, observando as variações lingüísticas e sociais e suas correlações. A pesquisa parte de dois pressupostos: primeiramente, a concordância verbal é um fenômeno lingüístico variável e sofre fortes influências – e estigmatização – sociais, por, historicamente, revelar a classe social e econômica do falante; e, em segundo lugar, a atividade profissional pode contribuir, até mais que a aprendizagem formal da língua materna proposta pela escola pública, para a aplicação das regras propostas pelas gramáticas normativas. Tendo-os como ponto de partida, o percurso deste trabalho inclui uma discussão, numa perspectiva teórica, sobre os conceitos de língua, a partir do entendimento da linguagem, suas relações com a sociedade e o ensino formal de língua portuguesa, mais especificamente o Ensino Médio e as políticas públicas para este nível de ensino, que inclui a inserção do mercado de trabalho como um de seus objetivos. Aplicando o processo metodológico da Sociolingüística, percebeu-se que, no corpus oral, as mulheres da faixa etária 1 (17-23 anos) aplicam mais a regra de concordância verbal que as mulheres da faixa etária 2 (24-35 anos) e essas mais que as da 3 (mais de 35 anos), mesmo estas tendo um maior tempo em sala de aula, por conta da aprendizagem tardia, e maior tempo no mercado de trabalho. Em contrapartida, elas estão mais identificadas com a comunidade de fala, por conta do reduzido contato com outros contextos lingüísticos. No corpus escrito, são as mulheres da faixa etária 2 quem mais correlacionam o sujeito com o verbo em número, seguidas das alunas mais novas. A variável saliência fônica, no nível 6, é/são, como a que mais favorece a aplicação de CV, enquanto o nível 1, bebe/bebem, a menos favorecedora. No texto escrito, apenas três variáveis foram selecionadas: faixa etária, posição do sujeito e saliência fônica. Além disso, o fato de essas mulheres exercerem uma atividade profissional não promove, mais que a escolarização, a aplicação de regras normativas relativas à concordância verbal, pois a profissão que desenvolvem não exige, diretamente, o uso da norma padrão. Todos estes resultados realçam que a influência da comunidade de fala é muito significativa nas normas vernaculares. Percebeu-se, também, que não há uma transferência “natural” da escrita para a oralidade, como esperam os programas educacionais.
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spelling Concordância verbal, mercado de trabalho e ensino médio: um olhar sociolingüístico sobre a fala e escrita de mulheres de comunidades populares de salvadorVerbal agreement, labor market and secondary education: a sociolinguistic look at the speech and writing of women from popular communities in SalvadorSociolingüísticaConcordância verbalEnsino MédioMercado de trabalho.Esta dissertação analisa, a partir da teoria Sociolingüística Variacionista, a aplicação da concordância verbal de terceira pessoa do plural em textos oral e escrito de 12 mulheres que estão em fase de conclusão do terceiro ano do Ensino Médio, em escola pública de Salvador no turno noturno, observando as variações lingüísticas e sociais e suas correlações. A pesquisa parte de dois pressupostos: primeiramente, a concordância verbal é um fenômeno lingüístico variável e sofre fortes influências – e estigmatização – sociais, por, historicamente, revelar a classe social e econômica do falante; e, em segundo lugar, a atividade profissional pode contribuir, até mais que a aprendizagem formal da língua materna proposta pela escola pública, para a aplicação das regras propostas pelas gramáticas normativas. Tendo-os como ponto de partida, o percurso deste trabalho inclui uma discussão, numa perspectiva teórica, sobre os conceitos de língua, a partir do entendimento da linguagem, suas relações com a sociedade e o ensino formal de língua portuguesa, mais especificamente o Ensino Médio e as políticas públicas para este nível de ensino, que inclui a inserção do mercado de trabalho como um de seus objetivos. Aplicando o processo metodológico da Sociolingüística, percebeu-se que, no corpus oral, as mulheres da faixa etária 1 (17-23 anos) aplicam mais a regra de concordância verbal que as mulheres da faixa etária 2 (24-35 anos) e essas mais que as da 3 (mais de 35 anos), mesmo estas tendo um maior tempo em sala de aula, por conta da aprendizagem tardia, e maior tempo no mercado de trabalho. Em contrapartida, elas estão mais identificadas com a comunidade de fala, por conta do reduzido contato com outros contextos lingüísticos. No corpus escrito, são as mulheres da faixa etária 2 quem mais correlacionam o sujeito com o verbo em número, seguidas das alunas mais novas. A variável saliência fônica, no nível 6, é/são, como a que mais favorece a aplicação de CV, enquanto o nível 1, bebe/bebem, a menos favorecedora. No texto escrito, apenas três variáveis foram selecionadas: faixa etária, posição do sujeito e saliência fônica. Além disso, o fato de essas mulheres exercerem uma atividade profissional não promove, mais que a escolarização, a aplicação de regras normativas relativas à concordância verbal, pois a profissão que desenvolvem não exige, diretamente, o uso da norma padrão. Todos estes resultados realçam que a influência da comunidade de fala é muito significativa nas normas vernaculares. Percebeu-se, também, que não há uma transferência “natural” da escrita para a oralidade, como esperam os programas educacionais.This dissertation examines, from the Sociolinguistics Variations, the application of the verbal agreement of the third person plural in oral and written texts of 12 women who are in the process of completing the third year of high school, in public school in Salvador on night shift, noting the linguistic and social variations and their correlation. This search party of two assumptions: first, the verbal agreement is a variable linguistic phenomenon and have strong influences - and stigma - social, because, historically, to reveal the social and economic class of the speaker, and secondly, the job can contribute, even more than the formal language of the proposal by the public school, for the application of the rules proposed by regulatory grammars. Taking them as a starting point, the course of this work includes a discussion, a theoretical perspective, on the concepts of language, from the understanding of language, its relations with society and the formal teaching of Portuguese language, specifically the high school and public policies for this level of education, that includes the insertion of the labor market as one of its purposes. Applying the methodological process of Sociolinguistics, realized that, in the oral data, women's age group 1 (17-23 years) apply more the rule verbal agreement that women's age group 2 (24-35 years) and these more than those of age group 3 (more than 35 years), even those taking a longer time in the classroom, on account of late learning, and more time in the labor market. In contrast, they are more identified with the speech community, due to the reduced contact with other linguistic contexts. In the written data, the women from age 2 are which more correlate the subject with the verb in number, followed by youngest students. The phonic salience variable, level 6, is /are, as the most favors the application of verbal agreement, while the level 1, he drink / they drink, the less favoring. In the written text, only three variables were selected: age group, position of the subject and phonic salience. Moreover, the fact that these women pursue a professional activity does not promote, rather than the formal education, the application of rules relating to verbal agreement, because the profession that they develop not required, directly, using the standard pattern. All these results indicate that the influence of the speech community is very significant in the vernacular standards. It was noticed, too, that there is no natural transfer to the writing to orality, as expected by the educational programs.Universidade do Estado da BahiaPrograma de Pós-Graduação em Estudo de LinguagensLopes, Norma da SilvaBulhões, Lígia Pellon de LimaSouza , Emília Helena Portella Monteiro deMattos, Mattos, Andréa Andrade de2023-08-23T19:23:08Z2023-08-23T19:23:08Z2009info:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfapplication/pdfMATTOS, Andréa Andrade De. Concordância verbal, mercado de trabalho e ensino médio: um olhar sociolingüístico sobre a fala e escrita de mulheres de comunidades populares de Salvador. 2009. Dissertação (Mestrado em Estudo de Linguagens) - Departamento de Ciências Humanas, Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 20098.https://saberaberto.uneb.br/handle/123456789/4771porinfo:eu-repo/semantics/openAccesshttp://creativecommons.org/licenses/by/3.0/br/reponame:Saber Aberto – Repositório Institucional da UNEBinstname:Universidade do Estado da Bahia (UNEB)instacron:UNEB2024-05-27T15:44:27Zoai:saberaberto.uneb.br:123456789/4771Repositório InstitucionalPUBhttps://saberaberto.uneb.br/server/oai/requestrepositorio@uneb.br || sisb@uneb.bropendoar:2024-05-27T15:44:27Saber Aberto – Repositório Institucional da UNEB - Universidade do Estado da Bahia (UNEB)false
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