Mediadores do sagrado: os auxiliares indígenas dos missionários nas reduções jesuíticas da Amazônia ocidental (c. 1638-1767)
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista de História (São Paulo) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/107671 |
Resumo: | Este artigo analisa a participação indígena na difusão da doutrina cristã nas missões jesuíticas instaladas na Amazônia ocidental. Estudiosos têm destacado, nas últimas décadas, o papel de intermediários dos chefes nativos, que atuavam em instituições municipais aos moldes ibéricos, a saber, os cabildos, as confrarias e as milícias. Este texto aborda particularmente a figura dos auxiliares indígenas dos missionários. Ao iniciar uma redução, os jesuítas geralmente treinavam alguns caciques para exercerem a tarefa de catequistas; com o tempo, educavam os filhos dos chefes destacados e algumas crianças escolhidas entre os índios comuns e cativos para formar, através deles, um grupo seleto de “fiscais da doutrina”, sacristãos e músicos. Também estimulavam a constituição de confrarias, em que apenas os índios de comportamento exemplar e provada devoção religiosa podiam participar. Em todos os casos, esses índios atuavam como mediadores entre duas culturas. O presente estudo estabelece uma análise de situações e casos relevantes sucedidos nas missões de Maynas, Mojos e Chiquitos. O argumento central consiste em demonstrar que, ao depender de agentes indígenas para viabilizar a tradução da doutrina cristã aos neófitos, os jesuítas não podiam desterrar completamente certas práticas e representações que asseguravam a legitimidade dos seus mediadores. Assim, era comum que costumes nativos, como festas e danças, se introduzissem em celebrações cristãs. Do mesmo modo, a delegação aos mesmos índios da tarefa de catequizar conduzia a formas híbridas de apropriação da doutrina cristã. |
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Mediadores do sagrado: os auxiliares indígenas dos missionários nas reduções jesuíticas da Amazônia ocidental (c. 1638-1767)Mediators of the sacred: native auxiliaries of the Jesuit Missionaries in the Western Amazon (c. 1638-1767)Jesuit missionsAmazonprosecutors of the doctrineMissões jesuíticasAmazôniafiscais da doutrinaEste artigo analisa a participação indígena na difusão da doutrina cristã nas missões jesuíticas instaladas na Amazônia ocidental. Estudiosos têm destacado, nas últimas décadas, o papel de intermediários dos chefes nativos, que atuavam em instituições municipais aos moldes ibéricos, a saber, os cabildos, as confrarias e as milícias. Este texto aborda particularmente a figura dos auxiliares indígenas dos missionários. Ao iniciar uma redução, os jesuítas geralmente treinavam alguns caciques para exercerem a tarefa de catequistas; com o tempo, educavam os filhos dos chefes destacados e algumas crianças escolhidas entre os índios comuns e cativos para formar, através deles, um grupo seleto de “fiscais da doutrina”, sacristãos e músicos. Também estimulavam a constituição de confrarias, em que apenas os índios de comportamento exemplar e provada devoção religiosa podiam participar. Em todos os casos, esses índios atuavam como mediadores entre duas culturas. O presente estudo estabelece uma análise de situações e casos relevantes sucedidos nas missões de Maynas, Mojos e Chiquitos. O argumento central consiste em demonstrar que, ao depender de agentes indígenas para viabilizar a tradução da doutrina cristã aos neófitos, os jesuítas não podiam desterrar completamente certas práticas e representações que asseguravam a legitimidade dos seus mediadores. Assim, era comum que costumes nativos, como festas e danças, se introduzissem em celebrações cristãs. Do mesmo modo, a delegação aos mesmos índios da tarefa de catequizar conduzia a formas híbridas de apropriação da doutrina cristã. This article analyzes indigenous participation in the expansion of the Christian doctrine in western Amazonian Jesuit missions. When starting a reduction, Jesuits usually trained some chiefs to serve as catechists. Over time, Jesuits educated the sons of indigenous leaders and chose some of the children of common and captive Indians to form a select group of “prosecutors of the doctrine” (fiscales de doctrina), sextons, and musicians. Priests also encouraged the establishment of confraternities in which only virtuous and devout Indians could participate. This article focuses on the Spanish Jesuit missions of Maynas, Mojos and Chiquitos. I argue that by relying on indigenous agents to facilitate the translation of Christian doctrine to neophytes, Jesuits could not completely banish certain practices and representations that ensured the legitimacy of their mediators.Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2015-12-17info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/10767110.11606/issn.2316-9141.rh.2015.107671Revista de História; n. 173 (2015); 175-210Revista de História; No. 173 (2015); 175-210Revista de História; Núm. 173 (2015); 175-2102316-91410034-8309reponame:Revista de História (São Paulo)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:UNESPporhttps://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/107671/106054Copyright (c) 2015 Revista de Históriainfo:eu-repo/semantics/openAccessCarvalho, Francismar Alex Lopes de2016-01-29T12:44:17Zoai:revistas.usp.br:article/107671Revistahttps://www.revistas.usp.br/revhistoriaPUBhttps://www.revistas.usp.br/revhistoria/oairevistahistoria@usp.br||revistahistoria@assis.unesp.br2316-91410034-8309opendoar:2016-01-29T12:44:17Revista de História (São Paulo) - Universidade de São Paulo (USP)false |
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