Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé: a história de uma carta que não chegou ao destino
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista de História (São Paulo) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/142507 |
Resumo: | Este artigo apresenta uma análise pormenorizada de uma carta enviada da Bahia ao porto negreiro de Ajudá em 1839 pela africana Roza Maria da Conceição à também africana Francisca da Silva, a legendária Iyá Nassô, fundadora do candomblé da Casa Branca em Salvador. A trajetória dessas duas libertas e de seus maridos, no contexto da passagem da Colônia para o Império, permite identificar processos de cooperação intergeracional entre os libertos africanos e de ascensão econômica associada ao comércio atlântico e ao tráfico ilegal. Postula-se que a propriedade escrava era uma forma de investimento político na organização da “casa” ou da coletividade doméstica, por sua vez a base do “terreiro”, formas de associativismo através das quais esses casais adquiriam poder e reforçavam sua liderança na comunidade negra. Em última instância, a conexão entre Roza e Francisca permite vislumbrar como o sucesso comercial, o controle social e a autoridade religiosa se emaranhavam de forma indissociável. |
id |
UNESP-13_415d337db687a21d47bc6b3985653dd0 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:revistas.usp.br:article/142507 |
network_acronym_str |
UNESP-13 |
network_name_str |
Revista de História (São Paulo) |
repository_id_str |
|
spelling |
Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé: a história de uma carta que não chegou ao destinoFreed africans, Atlantic commerce and afro-brazilian religion: the history of a letter that never reached its destinationLibertos africanoscomércio atlânticocandombléescravidãoBahiaAfrican freedmenAtlantic tradecandombléslaveryBahiaEste artigo apresenta uma análise pormenorizada de uma carta enviada da Bahia ao porto negreiro de Ajudá em 1839 pela africana Roza Maria da Conceição à também africana Francisca da Silva, a legendária Iyá Nassô, fundadora do candomblé da Casa Branca em Salvador. A trajetória dessas duas libertas e de seus maridos, no contexto da passagem da Colônia para o Império, permite identificar processos de cooperação intergeracional entre os libertos africanos e de ascensão econômica associada ao comércio atlântico e ao tráfico ilegal. Postula-se que a propriedade escrava era uma forma de investimento político na organização da “casa” ou da coletividade doméstica, por sua vez a base do “terreiro”, formas de associativismo através das quais esses casais adquiriam poder e reforçavam sua liderança na comunidade negra. Em última instância, a conexão entre Roza e Francisca permite vislumbrar como o sucesso comercial, o controle social e a autoridade religiosa se emaranhavam de forma indissociável.This paper presents a detailed analysis of a letter sent from Bahia to the slave port of Ouidah in 1839 by the African Roza Maria da Conceição to the also African Francisca da Silva, the legendary Iyá Nassô, founder of a famous temple of Afro-Brazilian religion, the Casa Branca in Salvador. The trajectory of these two freed women and their husbands, in the context of the passage from the Colony to the Brazilian Empire, allows to identify processes of intergenerational cooperation between African freedmen and of economic rise associated with the Atlantic commerce and the illegal slave trade. It is postulated that slave ownership was a form of political investment in the organization of the “house” or the domestic community, in turn the basis of the “terreiro” or religious congregation, forms of association through which these couples acquired power and reinforced their leadership in the black community. Ultimately, the connection between Roza and Francisca allows one to glimpse how commercial success, social control and religious authority were inextricably entangled.Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2019-03-19info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdftext/xmlhttps://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/14250710.11606/issn.2316-9141.rh.2019.142507Revista de História; n. 178 (2019); 1-34Revista de História; No. 178 (2019); 1-34Revista de História; Núm. 178 (2019); 1-342316-91410034-8309reponame:Revista de História (São Paulo)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:UNESPporhttps://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/142507/151439https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/142507/177005Copyright (c) 2019 Revista de Históriahttp://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessParés, Luis Nicolau2021-11-04T20:20:56Zoai:revistas.usp.br:article/142507Revistahttps://www.revistas.usp.br/revhistoriaPUBhttps://www.revistas.usp.br/revhistoria/oairevistahistoria@usp.br||revistahistoria@assis.unesp.br2316-91410034-8309opendoar:2021-11-04T20:20:56Revista de História (São Paulo) - Universidade de São Paulo (USP)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé: a história de uma carta que não chegou ao destino Freed africans, Atlantic commerce and afro-brazilian religion: the history of a letter that never reached its destination |
title |
Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé: a história de uma carta que não chegou ao destino |
spellingShingle |
Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé: a história de uma carta que não chegou ao destino Parés, Luis Nicolau Libertos africanos comércio atlântico candomblé escravidão Bahia African freedmen Atlantic trade candomblé slavery Bahia |
title_short |
Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé: a história de uma carta que não chegou ao destino |
title_full |
Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé: a história de uma carta que não chegou ao destino |
title_fullStr |
Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé: a história de uma carta que não chegou ao destino |
title_full_unstemmed |
Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé: a história de uma carta que não chegou ao destino |
title_sort |
Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé: a história de uma carta que não chegou ao destino |
author |
Parés, Luis Nicolau |
author_facet |
Parés, Luis Nicolau |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Parés, Luis Nicolau |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Libertos africanos comércio atlântico candomblé escravidão Bahia African freedmen Atlantic trade candomblé slavery Bahia |
topic |
Libertos africanos comércio atlântico candomblé escravidão Bahia African freedmen Atlantic trade candomblé slavery Bahia |
description |
Este artigo apresenta uma análise pormenorizada de uma carta enviada da Bahia ao porto negreiro de Ajudá em 1839 pela africana Roza Maria da Conceição à também africana Francisca da Silva, a legendária Iyá Nassô, fundadora do candomblé da Casa Branca em Salvador. A trajetória dessas duas libertas e de seus maridos, no contexto da passagem da Colônia para o Império, permite identificar processos de cooperação intergeracional entre os libertos africanos e de ascensão econômica associada ao comércio atlântico e ao tráfico ilegal. Postula-se que a propriedade escrava era uma forma de investimento político na organização da “casa” ou da coletividade doméstica, por sua vez a base do “terreiro”, formas de associativismo através das quais esses casais adquiriam poder e reforçavam sua liderança na comunidade negra. Em última instância, a conexão entre Roza e Francisca permite vislumbrar como o sucesso comercial, o controle social e a autoridade religiosa se emaranhavam de forma indissociável. |
publishDate |
2019 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2019-03-19 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/142507 10.11606/issn.2316-9141.rh.2019.142507 |
url |
https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/142507 |
identifier_str_mv |
10.11606/issn.2316-9141.rh.2019.142507 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/142507/151439 https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/142507/177005 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Copyright (c) 2019 Revista de História http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Copyright (c) 2019 Revista de História http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf text/xml |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas |
dc.source.none.fl_str_mv |
Revista de História; n. 178 (2019); 1-34 Revista de História; No. 178 (2019); 1-34 Revista de História; Núm. 178 (2019); 1-34 2316-9141 0034-8309 reponame:Revista de História (São Paulo) instname:Universidade de São Paulo (USP) instacron:UNESP |
instname_str |
Universidade de São Paulo (USP) |
instacron_str |
UNESP |
institution |
UNESP |
reponame_str |
Revista de História (São Paulo) |
collection |
Revista de História (São Paulo) |
repository.name.fl_str_mv |
Revista de História (São Paulo) - Universidade de São Paulo (USP) |
repository.mail.fl_str_mv |
revistahistoria@usp.br||revistahistoria@assis.unesp.br |
_version_ |
1800214932729364480 |