"Antigo Regime, feudalismo, latifundia, servidão, escravidão": diálogos entre antigos e modernos na argumentação sobre "inconclusão" da nação liberal no Brasil (séculos XIX e XX)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marson, Izabel Andrade
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista de História (São Paulo)
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/19143
Resumo: O argumento que associa as categorias "Antigo Regime, feudalismo, latifundia, servidão, escravidão" é recorrente entre políticos e autores nacionais e estrangeiros, sobretudo franceses, que ao longo dos séculos XIX e XX (até os anos 1970) interpretaram as instituições e a história do Império brasileiro. A mais evidente razão dessa recorrência foi sua eficácia na explicação da singularidade da sociedade e nação brasileiras, em especial a presença de instituições consideradas descompassadas com as européias ou norte-americanas, e a dificuldade em transitar da "barbárie à civilização", diagnóstico imprescíndivel para a montagem de projetos políticos reformadores ou revolucionários visando compatibilizar a nação com o progresso. Explicada por categroias apropriadas à história da Roma imperial e da Europa anterior à Revolução Francesa, a sociedade monárquica se diferenciava das nações civilizadas pela sobrevivência de "monopólios" herdados do Antigo Regime, dos quais decorriam o "despostimo" dos senhores e a "servidão" dos homens livres: o monopólio da terra - "feudalismo" - ou a posse de grandes áreas territoriais designadas como latifundia; e do trabalho, referido à "escravidão" africana ou indígena. Referenciando-se nas proposições de François Hartog, Quentin Skinner, John Pocock sobre as mediações entre política e história, e (re)significações dos discursos antigos pelos intérpretes modernos e contemporâneos, esta comunicação pretende reconhecer e compreender as (re)composições das categorias desse paradigma na argumentação dos homens que constituíram a história do Império e dos historiadores que, nas primeiras décadas do século XX, compuseram sua memória.
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