Gagueira: uma questão discursiva
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2012 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Trabalhos em Lingüística Aplicada (Online) |
Texto Completo: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132012000100008 |
Resumo: | Este artigo propõe um dispositivo para teorizar a gagueira. Supõe-se que a gagueira emergiria na terceira posição do processo de aquisição de linguagem, quando podem ser observadas, nas produções das crianças, pausas, reformulações e autocorreções. Essas pausas, reformulações e autocorreções assemelham-se às repetições e hesitações que caracterizam a gagueira, gerando movimentos de estranhamento no Outro (Termo definido por Lacan como sendo o lugar do "tesouro dos significantes" ou o lugar do outro simbólico que afasta da cena o outro encarnado). Esse estranhamento pode levá-Lo a atribuir a essas repetições, pausas e hesitações, o estatuto de gagueira, ou seja, a cristalizar o manifesto, aprisionando-o ao patológico. Para dar sustentação a essa hipótese, entrevistaram-se as mães de quatro crianças gagas, cujos dizeres foram analisados alçando-se o dispositivo da Análise de Discurso de Linha francesa. Os achados apontam para os efeitos da interpretação do Outro sobre o gago e a urgência de se levar em conta a submissão da criança a um discurso, predominantemente autoritário. Concluindo, ao pensar a gênese da gagueira, seria primordial levar em conta: a) a interpretação que o Outro faz da fala da criança; b) como a criança ouve sua própria fala e c) a sobre determinação simbólica da linguagem - re-significando repetições e hesitações como inerentes ao processo de aquisição da linguagem pela criança. |
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