A questão do conceito de unidade em saussure e sua relação com a fala da criança com gagueira

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Curti, Maria Teresa Teani de Freitas
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Cadernos de Estudos Linguísticos
Texto Completo: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8637205
Resumo: Neste trabalho, propõe-se discutir questões linguísticas concernentes à gagueira, considerando-a em relação à fluência/disfluência, vistas aqui como fenômenos distintos, porém relacionados. Na clínica da linguagem, observa-se que a fala com gagueira produz efeito de estranhamento em quem a escuta. Tal efeito dá-se pela “dificuldade” verificada em uma fala, em que unidades são desfeitas e refeitas até a cessação completa do problema, quando o paciente, por exemplo, canta, recita ou representa, brincando ou falando de si para a terapeuta. Na abordagem do fenômeno da fala com gagueira, considera-se aqui que o acontecimento de uma fala, ainda que gaga, é instância na qual se dá o jogo de relações que produz unidades, revelando-se submetida às leis de composição interna da linguagem. A concepção de Saussure, de que unidades são efeito de relações e que sua determinação é reconhecida como problema complexo, abala o que é comum na clínica fonoaudiológica, para a qual a linguagem é tomada como objeto a conhecer e então passível de correção pontual, com base nas unidades possíveis na língua. Na fala com gagueira, as unidades se desfazem e se refazem, dando visibilidade a um fenômeno de linguagem que convoca uma discussão sobre a questão das unidades linguísticas. Esta conduz a admitir, de início, a ordem própria da língua, bem como uma definição de sujeito compatível com essa admissão. Assim, o objetivo deste trabalho é refletir criticamente sobre o fenômeno linguístico em jogo na fala com gagueira e problematizar aspectos das descrições do fenômeno na literatura e na clínica fonoaudiológica (PEREIRA, 2003). Estas, mesmo admitindo seu caráter linguístico, não consideram o sintoma na fala como fato de língua e, tampouco, consideram a singularidade da relação do sujeito como falante de uma língua.
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