Elementos discursivos da governamentalidade do corpo das populações em enunciados midiáticos sobre a AIDS, nos anos 1980

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sanches, Hoster Older
Data de Publicação: 2015
Outros Autores: Barbosa, Pedro Luis Navarro
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Cadernos de Estudos Linguísticos
Texto Completo: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8642398
Resumo: Em 1987, o jornal Folha de S.Paulo, diário impresso de notícias, fez circular uma vasta produção discursiva cuja temática era a aids. O mês de junho desse jornal apresentou uma sequência de discursos políticos voltados ao crescimento da contaminação do vírus HIV em todo o mundo. Uma análise voltada para essa história de curta duração dá visibilidade à governamentalidade do corpo da população, tema deste artigo.  Para tanto, buscou-se, no acervo digitalizado desse periódico, o registro de discursos sobre o acontecimento da aids na segunda metade da década de 1980. A partir da constituição e da descrição desse corpus, pode-se compreender como o governo dos corpos é enunciado e como esse enunciado é materializado, em notícias e em reportagens. A fundamentação teórica do trabalho está alicerçada em pressupostos teóricos de Michel Foucault, especialmente no que tange aos estudos sobre enunciado, governo e poder. Observa-se que Estado deve saber tudo sobre as práticas dessas populações e dos indivíduos, especialmente, as inerentes à sexualidade, que se configuram como objeto, nos termos de Foucault, de um “controle-repressão”. A produção de saberes sobre a aids ocorre em meio ao exercício desse poder governamental e da resistência que a ele é feita. Nesse jogo discursivo, ressalta-se uma preocupação em conhecer o estado biológico de cada população, sendo algumas o foco de atuação do poder político, como a população homossexual e a carcerária. Observa-se que a governamentalidade do corpo do indivíduo e das populações é prioridade do Estado com a realidade da aids; em vista disso, o corpo da população de estrangeiros, de homossexuais e de prisioneiros é mantido sob o olhar clínico e político do Estado e da ciência, a fim de identificá-lo e separá-lo. O Estado, portanto, submete o corpo do portador do vírus HIV a relações de poder/saber e resistência presentes nas tramas sociais.
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