UM MODELO DE DEFINIÇÃO NOS TRATADOS NATURAIS DE ARISTÓTELES

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Botter, Barbara
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Manuscrito (Online)
Texto Completo: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/manuscrito/article/view/8642063
Resumo: Aristóteles foi o primeiro pensador que articulou uma taxonomia do conhecimento científico: os quatros livros dos Segundos Analíticos descrevem os critérios que uma disciplina qualquer deve respeitar e satisfazer para legitimamente receber a designação de ciência teorética. Mas Aristóteles é mesmo o criador das “ciências particulares”, ou seja, a biologia, a psicologia, a zoologia e, em geral, as ciências naturais. Trata-se de uma questão já clássica saber se o modo pelo qual Aristóteles desenvolve sua ciência dos animais conforma-se aos padrões normativos estipulados pela teoria da ciência nos Analíticos. Na mentalidade de muitos intérpretes ficou a convicção de que as obras biológicas de Aristóteles conformam-se a um padrão que utiliza apenas dados empíricos, ao passo que o conhecimento nos Analíticos é estabelecido a partir de premissas primeiras e imediatas. Agora, nos Segundos Analíticos, encontramos exemplos provenientes da meteorologia, da botânica, da zoologia ao lado de exemplos matemáticos. Fica a pergunta: a metodologia axiomática de estilo matemático que o Estagirita propõe nos Analíticos é totalmente independente e inadequada para o estudo da biologia? Se for assim, Aristóteles não teria conseguido encaixar as ciências naturais nos padrões normativos expostos nos Segundos Analíticos. No presente estudo, pretendemos, pelo contrário, ressaltar o fato de que é razoável tomar os textos aristotélicos como orbitando em torno de uma mesma e grande pesquisa, a pesquisa cientí- fica, que inclui os Analíticos, assim como os tratados naturais. Abstract: Aristotle was the first Greek thinker to articulate a taxonomy of scientific pursuits: the four books of the Analytics present a theory of scientific knowledge with a rigorous account of what a body of propositions must be like in order to count as a theoretical science. But Aristotle was also the originator of “special sciences”. A longstanding problem about Aristotle’s philosophy of science is to understand if there is a conflict between the account of scientific explanation in the Posterior Analytics and the investigations reported in treatises such as the History of Animals, Parts of Animals, Generation of Animals 1. The Analytics restricts knowledge to what has been demonstrated from self-evident first principles. The sciences of nature seem to secure their results without such demonstrations: there are not axioms, nor theorems or proofs, nor definitions. Yet many of the examples in the Posterior Analytics are drawn from meteorology, botany and zoology, and are discussed side by side with mathematical examples. It is curious that a philosopher as systematic as Aristotle could formulate the first rigorous theory of scientific inquiry and demonstration, pepper the treatise in which he does so with biological examples, and not aim to structure his science of animals in accordance with that theory. In this investigation I want to show that there is a relation between Aristotle’s official account of the definition in Posterior Analytics and the nature and the role assigned to definition in the Natural Treatises.Keywords: Definition. Nature. Science. Demonstration.
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