Alguns paradoxos do centro de atenção psicossocial infantojuvenil : entre a reforma psiquiátrica e a medicalização
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) |
Texto Completo: | https://hdl.handle.net/20.500.12733/1639917 |
Resumo: | Orientador: Kelly Cristina Brandão da Silva |
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Alguns paradoxos do centro de atenção psicossocial infantojuvenil : entre a reforma psiquiátrica e a medicalizaçãoSome paradoxes of the psychosocial care center for children and adolescents : between psychiatric reform and medicalizationServiços de saúde mental para criançasReforma psiquiátricaMedicalizaçãoChild mental health servicesPsychiatric reformMedicalizationOrientador: Kelly Cristina Brandão da SilvaDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências MédicasResumo: O presente trabalho tem por objetivo discutir a produção de práticas de cuidado em relação à infância e adolescência do CAPS Infantojuvenil, a partir dos horizontes éticos da reformulação das políticas de atenção psicossocial da reforma psiquiátrica. A reforma psiquiátrica brasileira propôs um novo paradigma de cuidado do sofrimento psíquico, se opondo às internações e ao modelo estritamente biomédico da doença mental, bem como à passividade do paciente e seus familiares no processo de tratamento. A reforma é efetivada a partir da consolidação do modelo substitutivo, que tem nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), estabelecidos através da portaria do Ministério da Saúde nº 336, de 2002, seu dispositivo central de referência ao cuidado dos sujeitos em sofrimento psíquico. Essa proposta tem por objetivo romper a perspectiva manicomial destinada e consolidada historicamente ao tratamento no campo da saúde mental. Um dos desafios existentes nesse campo se refere às questões que permeiam a infância, uma vez que a frequente patologização e a medicalização dos processos de desenvolvimento infantil e comportamentos desafiadores às normas vigentes tornam-se temas a serem investigados. Isso se dá devido à organização da sociedade na contemporaneidade, a partir de práticas neoliberais que cooptam o sofrimento por meio da lógica medicalizante dos diagnósticos produzidos no campo da Saúde Mental, respaldados pela indústria farmacêutica. Outro ponto a ser considerado é o de que o desenvolvimento infantil está marcado pela visão maturacional, em que o sujeito não está pronto, em comparação com o ideal adulto. Em contrapartida, a compreensão da infância como um momento acabado em si mesmo mantém o caráter enigmático desse período, um eterno devir infância, e não corrobora práticas normatizadoras que pretendem a formatação dos sujeitos a partir de condutas de enquadramento. Foi utilizada para essa pesquisa a metodologia qualitativa para a coleta e a análise de dados, a partir de entrevistas semiestruturadas com profissionais com ensino superior de Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenis de uma regional do interior do Estado de São Paulo, que estivessem atuando há mais de um ano no serviço. A análise dos dados foi realizada a partir da perspectiva foucaultiana, assim como do conceito de medicalização e das leis da reforma psiquiátrica brasileira. A partir das análises foi possível apontar algumas contradições existentes relacionadas aos modelos de funcionamento institucional, a ausência clara das concepções da infância e adolescência, bem como a predominância da centralidade do poder médico psiquiátrico nos processos de subjetivação e cuidado ofertados. Conclui-se que há necessidade de se investigar ainda mais o campo da saúde mental de crianças e adolescentes, os CAPSij. Devemos compreender de fato quais estratégias emancipam, produzem saúde, minimizam os sofrimentos e ajudam tantas famílias com as dificuldades de crianças e adolescentes que tanto sofrem. Os CAPSij são serviços em constante construção, que o fazer diário é desafiador diante da ausência de construções psicopatológicas claras para seus trabalhadores e que o papel centralizador do psiquiatra ainda é um desafio a ser vencido juntamente com a sociedadeAbstract: This paper aims to discuss the production of care practices in relation to childhood and adolescence of CAPS Infantojuvenil, from the ethical horizons of the reformulation of psychosocial care policies. The Brazilian psychiatric reform proposed a new paradigm for the care of psychological suffering, opposing hospitalizations and the strictly biomedical model of mental illness, as well as the passivity of patients and their families in the treatment process. The reform is effected from the consolidation of the substitutive model, which has in the Psychosocial Care Centers (CAPS), established through the ordinance of the Ministry of Health nº 336, of 2002, its central reference device for the care of subjects in psychological distress. This proposal aims to break the asylum perspective destined and historically consolidated for treatment in the field of mental health. One of the existing challenges in this field refers to the issues that permeate childhood, since the pathologization and medicalization of child development processes and behaviors that defy current regulations become topics to be investigated. This is due to the organization of society in contemporary times based on neoliberal practices that co-opt suffering through the medicalizing logic of diagnoses produced in the field of Mental Health, supported by the pharmaceutical industry. Another point to be considered is that child development is marked by the maturational view, in which the subject is not ready, in comparison with the adult ideal. However, the understanding of childhood as a finished moment in itself maintains the enigmatic character of that period, an eternal becoming of childhood, and does not corroborate normative practices that intend to format subjects based on framing behaviors. For this research, the qualitative methodology for the collection and analysis of data was used, based on semi-structured interviews with professionals with higher education in Child and Adolescent Psychosocial Care Centers in a regional in the interior of the State of São Paulo, who had been working for more than one year in service. Data analysis was carried out from the Foucault perspective, as well as the concept of medicalization and the laws of the Brazilian psychiatric reform. From the analyzes it was possible to point out some existing contradictions related to the models of institutional functioning, the clear absence of the concepts of childhood and adolescence, as well as the predominance of the centrality of psychiatric medical power in the processes of subjectification and care offered. It is concluded that there is a need to further investigate the field of mental health of children and adolescents, the CAPSij. We must really understand which strategies emancipate, produce health, minimize suffering and help so many families with the difficulties of children and adolescents who suffer so much. The CAPSij are services in constant construction, that daily practice is challenging in the absence of clear psychopathological constructions for its workers and that the central role of the psychiatrist is still a challenge to be overcome together with societyMestradoInterdisciplinaridade e ReabilitaçãoMestre em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação[s.n.]Silva, Kelly Cristina Brandão da, 1972-Nakamura, Helenice YemiChristofoletti, RafaelUniversidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Faculdade de Ciências MédicasPrograma de Pós-Graduação em Saúde, Interdisciplinaridade e ReabilitaçãoUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASSantos, Danilo José Goulart dos, 1988-20202020-10-02T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdf1 recurso online (104 p.) : il., digital, arquivo PDF.https://hdl.handle.net/20.500.12733/1639917SANTOS, Danilo José Goulart dos. Alguns paradoxos do centro de atenção psicossocial infantojuvenil: entre a reforma psiquiátrica e a medicalização. 2020. 1 recurso online (104 p.) Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1639917. Acesso em: 3 set. 2024.https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/1157282Requisitos do sistema: Software para leitura de arquivo em PDFporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instacron:UNICAMPinfo:eu-repo/semantics/openAccess2020-11-06T19:52:01Zoai::1157282Biblioteca Digital de Teses e DissertaçõesPUBhttp://repositorio.unicamp.br/oai/tese/oai.aspsbubd@unicamp.bropendoar:2020-11-06T19:52:01Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)false |
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